segunda-feira, 21 de maio de 2012

Um anjo com nome de santo

Foi uma semana de muitas notícias boas, havia sido chamada no processo seletivo para a sala de aula, e um teste de farmácia me deixou ansiosa. Afinal não poderia confiar, já que uma vez falhou. Então, fui fazer o exame de sangue, fui trabalhar e o resultado ficaria pronto no final da tarde. Não teria como buscar o resultado no laboratório, mas, com internet, tudo é possível eu poderia ver o resultado no site.
Cheguei na faculdade cansada, morrendo de fome e a Rê e a Sil morrendo de curiosidade, e eu toda calma. Fomos até a sala de internet, lotada, então, deixaríamos o material na sala e voltaríamos para o laboratório de informática. Quando chegamos na sala de aula, a Bianca estava com o notebook ligado, na maior cara de pau pedimos para usar, quando o site começou a fazer a leitura as menina até cantaram música de suspense. Resultado "reagente", a gravidez se confirmou, senti uma alegria imensa e ao mesmo tempo uma preocupação enorme. Meu Deus! E agora? O bebê era plano para depois da faculdade, como eu faria trabalhando nos dois períodos e ainda cursando a faculdade à noite? Pois bem, confesso que dormi em quase todas as aulas, enjoei com o cheiro do caputino e tudo que era doce, fiquei enorme, pela primeira vez, durante alguns meses, a Renata andou de moto devagar. E eu claro até tentei largar a moto, mas era impossível com a vida corrida e agitada que levava. Fui chamada de louca irresponsável, mas só Deus sabia o que eu estava passando.
Desejei muito que meu bebê nascesse com muita saúde, é o que toda mãe deseja e, se possível menina, já sonhava com o vestido vermelho, laços e fitas, mas o ultrassom mostrou um menino, grande e forte, o nome Jorge Enrico, calma Jorge Henrique é jogador do Corinthians, não foi por causa disso e nem porque Jorge é o padroeiro do Timão, apesar de toda família ser Corinthiana. 

A desconfiança e a confirmação da gravidez se deu entre 23 de abril, dia de São Jorge e se confirmou no dia 27. São Jorge é conhecido como um Santo Guerreiro, e desde que era só um grãozinho dentro de mim já era um guerreiro, meu homenzinho, minha vida , meu companheiro, sei que fui louca em andar de moto até quase 8 meses e meio, mas tudo o que fiz foi para o bem dele. Afinal, a busca agora pelo diploma não é por mim, mas sim por ele, pra dar uma vida melhor pra ele, que ele tenha tudo que eu não tive. Graças a Deus recebi muito apoio na faculdade desde das minhas amigas e colegas de sala até dos professores. Meu presente de Natal chegou no dia 15 de dezembro, pesando 3,5 kg e medindo 49,5cm. Foi o momento mais feliz da minha vida. A vida da minha vida. E agora com Jorge aqui fora as coisas não seriam fáceis. Levá-lo para a faculdade seria cansativo pra ele tão pequeno, sem vacinas, estava tudo certo ficaria com a minha mãe. Mas quando meu pequeno guerreiro completava 38 dias de vida, minha mãe sofria um AVC. Meu mundo caiu, senti muito medo de perder a minha mãe, logo agora, ela prestes a aposentar, louca pra curtir o neto. Meu Deus como eu ia fazer? Pensei e cheguei a conversar com a família sobre trancar a faculdade, mas minha mãe, mesmo sem falar, o pouco que conseguia dizia que eu não podia parar. Hoje me vejo numa rotina de fraldas, mamadeiras, aparelhos para verificar pressão, diabetes, vários remédios, leitura de livros, resumos de texto, fisioterapia, fono, trabalhos e mais trabalhos. E é muito difícil pra mim sair todas as noite e ter que deixar minha mãe e, pior, deixar meu filho, pois meu pai não tem condições de ficar com os dois. Então, o Jorge fica cada dia em uma casa diferente, horas na madrinha, horas na casa da prima e da outra prima e assim vai, estamos caminhando para o fim do 4° semestre e se estou conseguindo e ainda não desisti, foi pelo meu anjo, pela minha mãe e pelas minhas amigas que têm me ajudado muito. 
Acredito que agora foi o momento em que me senti autora, escrever as crônicas está sendo muito bom, consegui dizer com um pouco de humor que meu pai me ajudou bastante, quando acreditou no sonho dele em me tornar professora e não desistiu, mesmo eu fugindo, obrigado pai. E falar do amor sem tamanho que tenho pela minha mãe e meu filho, e escrever me ajudou a desabafar, pois tantas coisas vêm acontecendo na minha vida, coisas boas e tristes, mas essas são passageiras.
Obrigado meu Deus pelo meu pequeno Santo! Graças a ele minha mãe largou o cigarro, depois de quase 40 anos. E ele é a força que ela encontrou para a sua recuperação.

Sheila Maria de Souza - 4º semestre

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