domingo, 17 de maio de 2015

Crônicas Pedagógicas: escrita reflexiva de professores

Finalizamos o semestre com uma grande realização: este blog virou livro.
Em 14/05/2015, na UNISANTOS, campus D. Idílio, foi lançado nosso livro "Crônicas Pedagógicas: escrita reflexiva de professores", organizado por Maria de Fátima Barbosa Abdalla, Rosana Aparecida Ferreira Pontes e Maria Angélica Rodrigues Martins.
A primeira parte do livro traz os capítulos escritos pelas pesquisadoras do NPP (Núcleo de Pesquisa do PARFOR). Esses capítulos analisam as crônicas pedagógicas que foram classificadas em 6 eixos temáticos: o sonho da graduação; dilemas e desafios; vivências formativas; ser professor(a) na educação infantil; do reconhecimento da autoria pedagógica em construção e (auto)avaliação da formação PARFOR.
A segunda parte do livro apresenta as crônicas selecionadas de 95 professores cronistas que escreveram, ao todo, mais de 600 crônicas.
A Editora Universitária Leopoldianum criou um linda edição com um design genial para a capa: duas mãos que oferecem ensino e aprendizagem, aluno e professor que se encontram.
O livro faz um importante registro do trabalho desenvolvido no curso de Pedagogia PARFOR, na UNISANTOS.
PARABÉNS A TODOS! 
E NOSSOS SINCEROS AGRADECIMENTOS.





















Princípios da pedagogia freireana na didática do ensino da língua portuguesa

Este semestre nosso blog abrigou textos com características de sínteses e registros reflexivos dos conteúdos que estudamos na disciplina Conteúdos e Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa II.
Destacamos, principalmente, os princípios freireanos (FREIRE, 1987, 1989): círculo de cultura, tema gerador, problematização, diálogo.
Como instrumentos metodológicos de formação docente, utilizamos o registro reflexivo da prática docente (M. FREIRE, 1996) e a tematização da prática (WEISZ, 2000).
Conteúdos estudados: a mediação pedagógica da leitura (RODRIGUES et al, 2009) e a produção escrita (PASQUIER; DOLZ, 1996).

Círculo de cultura realizado em 30/03/2015



Círculo de cultura realizado em  13/04/2015

Bibliografia:

FREIRE, Madalena. Observação, registro e reflexão: Instrumentos Metodológicos I. 2ª ed. São Paulo: Espaço Pedagógico, 1996.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1989.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 17ª. ed. 1987, cap. 3.

PASQUIER, Auguste, DOLZ, Joaquim. Um decálogo para ensinar a escrever. Cultura y Educación, n. 2, p. 31-41, 1996.

RODRIGUES, Caroline; SILVA, Cláudia Heloísa Schmeiske da; LOPES, Iveuta Abreu; BERTONI-RICARDO, Stella Maris; MACHADO, Veruska Ribeiro. Leitura e Mediação Pedagógica. v. 30. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. (Série Estratégias de Ensino).

WEISZ, Telma. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. São Paulo: Ática, 2000.

Profa. Me. Rosana Pontes 
(UNISANTOS/Curso de Pedagogia PARFOR)

Círculo de cultura: tematizando a leitura


No dia 13/04/2015, na Universidade Católica de Santos, iniciou-se um "círculo de cultura", na aula de Conteúdo e Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa II, com a professora Rosana Pontes, em que o tema gerador do diálogo foi a "leitura", por meio da problematização do texto: "Mediação: estratégia facilitadora da compreensão LEITORA", de autoria de Vera Aparecida de Lucas Freitas (2009).
A professora coordenou o círculo de cultura (FREIRE, 1987), explicando passo a passo o porquê e para quê a realização desta atividade. Preparou um momento de acolhimento e, dando continuidade, fez o papel de mediadora, de modo a conduzir os alunos a uma etapa de discussão e reflexão, em que questionaram uns aos outros e a si mesmos, na busca de desenvolver as atividades propostas, a partir do tema gerador.
Observei que a maior dificuldade foi fazer com que os alunos participassem da discussão. Esta situação resolveu-se a partir da conversa da professora, que explicou e incentivou a participação dos discentes, dando ênfase sobre a grande importância do envolvimento de todos, principalmente, colocando-se na posição de quem ensina, aprende e quem aprende, também ensina (FREIRE, 1987), o que provocou uma interação entre os presentes.
Após a resistência inicial, foi feita a problematização da leitura do texto, em que os que estavam dentro do círculo de cultura debateriam a leitura e os que estavam fora do círculo fariam a observação (círculo de investigação) do que foi discutido no círculo de cultura. Entendo que fazer os alunos expressarem o que pensam não é tarefa fácil, pelo simples fato de estarem habituados à escola tradicional, onde a relação estabelecida entre educandos e educadores ocorre de forma vertical.
Na metodologia freiriana, a relação ocorre na horizontalidade, em que todos se expressam e têm a possibilidade de participar efetivamente das ações, por isso, essa dificuldade em falar, pois não é algo que está presente na escola. Mesmo quando o educador se utiliza do diálogo, leva tempo para o educando entender que pode e deve sim fazer parte das aulas, não como alguém que está em segundo plano, mas alguém que faz parte do processo.
Percebi que todas estavam calmas e que a discussão não ficou apenas dentro do círculo, tendo participação também do círculo de investigação. Todos procuraram participar, levantando questões, ou dando depoimentos do dia a dia da sala de aula (leitura do mundo). Pude perceber a importância da relação entre temas geradores e círculo de cultura, é que ambos, ao meu ver, buscam aproximar a realidade dos alunos às suas práticas educativas, é falar, ler e escrever o que faz sentido para todos e para cada um.
Muitas perguntas surgiram sobre o texto problematizado sobre a pesquisa com uma aluna de 5º ano que foi observada em seu desenvolvimento da leitura. Aprendemos o que é mediação pedagógica da leitura, protocolo de leitura, sobre o porquê da não acessibilidade aos livros para os alunos. Houve uma grande troca de informações sobre esse assunto, pois muitas relataram a ocorrência desse fato no seu cotidiano.
Durante o círculo de cultura, percebemos que os alunos participaram dando suas opiniões, e quando apresentavam dificuldades, indagavam a professora que estava como mediadora e, desta forma, o tema gerador fluiu nas respostas para cada questão. E, de acordo com a proposta de Paulo Freire (1987), o diálogo não pode faltar e é algo de extrema importância, no que tange ao trabalho desenvolvido em sala de aula.
Este nosso círculo foi registrado em fotos e filmagens feitas pela aluna Priscilla, registro este pedido pela professora Rosana. O círculo de cultura foi bastante gratificante e significativo. Vejo que este aprendizado veio contribuir e fortalecer nossa prática pedagógica, pois hoje consigo compreender o que é um círculo de cultura, assim como o tema gerador
Mediante as observações, percebi que esse tipo de atividade é de um valor enorme. Proporciona o diálogo e fortalece a troca de conhecimentos entre educador e educando, e, assim, o processo de ensino aprendizagem começa a adquirir o perfil de escola cidadã.
“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. Paulo Freire.

Referências bibliográficas:

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 17ª. ed. 1987.

FREITAS, Vera Aparecida de Lucas. Mediação: estratégia facilitadora da compreensão LEITORA. In: RODRIGUES, Caroline; SILVA, Cláudia Heloísa Schmeiske da; LOPES, Iveuta Abreu; BERTONI-RICARDO, Stella Maris; MACHADO, Veruska Ribeiro. Leitura e Mediação Pedagógica. v. 30. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. (Série Estratégias de Ensino).

Maria Regina Farias (7º semestre Pedagogia PARFOR)

Círculo de cultura 2: reflexões sobre ler e compreender


O Segundo Círculo de Cultura (FREIRE, 1987) aconteceu no dia 13 de abril, às 19h, no Campus Dom Davi Picão, com a turma do 7º semestre de Pedagogia/Parfor, na disciplina de Conteúdo e Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa II, ministrada pela professora Rosana Pontes. O tema gerador foi "mediação pedagógica da leitura", conforme o texto "Mediação: estratégia facilitadora da compreensão LEITORA" (FREITAS, 2009).
Esta atividade foi um desafio para todos da sala, pois estávamos aplicando a teoria de um grande educador brasileiro, Paulo Freire. Segundo Freire (1987), o “Círculo de cultura” é uma oportunidade de problematizar um tema em questão, promovendo a construção coletiva de conhecimento e as relações interpessoais. 
Com a mediação da professora Rosana, o círculo foi organizado e realizado em etapas. Primeiro dividimos a turma, que já havia participado do primeiro círculo, com alunas que realizaram os debates e as alunas que registraram a atividade, agora inverteram-se os papéis. Foi uma relação agradável, todas estavam calmas, porém um pouco inibidas no início. Aos poucos, foram socializando e colocando suas questões não compreendidas para serem debatidas. A maioria das questões teve a mediação da professora, o que foi fundamental para esclarecer as dúvidas.
O texto abordava os resultados de pesquisa sobre o desempenho de leitura de uma aluna do 5º ano do ensino fundamental, que foi observado por um período de oito meses, em que a mediação pedagógica realizada pela pesquisadora teve um papel importante no bom desenvolvimento no processo de letramento.
Segundo Freitas (2009), mediar o desenvolvimento da leitura é exercitar a compreensão do aluno, transformando-o de leitor principiante em leitor ativo. Isso pressupõe desenvolver sua capacidade de ler com segurança, de decodificar com clareza e reconhecer com rapidez as palavras para uma leitura fluente.
O círculo de cultura nos fez compreender as diferentes atividades que podem ser aplicadas em sala de aula, possibilitando produções de textos, auxiliando a ampliação no repertório de palavras da criança. Para Paulo Freire (1989), a leitura do mundo precede a leitura da palavra, ou seja, construir sentido é estar mergulhado no mundo e no que ele significa dentro de uma cultura em particular. Para compreender o texto escrito, o leitor aciona, no ato de ler, conhecimentos prévios que o ajudarão a estabelecer conexões entre informações novas contidas no texto e as que ele já sabe, quanto maior o numero de informações novas, mais aprendizado haverá.
Finalizando, o círculo de cultura nos proporciona uma atividade que promove o conhecimento por diálogo, leitura de textos, registros e observação, relação interpessoal com a classe, em que a interação é considerada uma prática libertadora. 

O que se pode concluir sobre as pesquisas realizadas com a aluna do 5º ano, foi que, diante das dificuldades que lhe foram apresentadas, a criança mostrou outras habilidades importantes como a de localizar informações, fazer inferências e correlações com a realidade pessoal, o que evidenciou, segundo Freitas (2009), como ela recorre a seu conhecimento de mundo para a compreensão e interpretação de textos.


Referências bibliográficas:

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 17ª. ed. 1987.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1989.

FREITAS, Vera Aparecida de Lucas. Mediação: estratégia facilitadora da compreensão LEITORA. In: RODRIGUES, Caroline; SILVA, Cláudia Heloísa Schmeiske da; LOPES, Iveuta Abreu; BERTONI-RICARDO, Stella Maris; MACHADO, Veruska Ribeiro. Leitura e Mediação Pedagógica. v. 30. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. (Série Estratégias de Ensino).

Priscilla Carvalho Gonçalves (7º semestre Pedagogia PARFOR)

Reflexões e autofomação


Na primeira aula de Conteúdo e Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa II, a professora nos surpreendeu com uma atividade inusitada: a leitura de um texto em alemão, texto esse que causou certo furor na sala, pois todos estavam tentando entendê-lo sem sucesso.
Ao tentar realizar a leitura, que, aparentemente, era de um texto de agradecimento (por dedução), me senti meio deslocada, como uma pessoa que não sabe ler convencionalmente, mas tem conhecimento de algumas palavras, uma vez que pude encontrar, durante a leitura, palavras que me eram familiares. Não entendi quase nada do conteúdo escrito (a não ser as palavras com a escrita parecida com a nossa). Essa leitura, para mim, não acrescentou nada para meu conhecimento, pois a leitura tem que extrair o significado das palavras para ter um entendimento, então, como não soube traduzir o que estava escrito, a leitura não teve muito sentido.
À medida que lemos e entendemos qualquer que seja o texto, ele passa a fazer sentido e nos envolve em sua escrita com prazer, mas quando nos deparamos com algo que, para fazer a leitura é difícil e ainda não temos conhecimento da escrita, fica mais difícil ainda. Pois, como nos explica Freire (1989), em “A importância do ato de ler”, quando a leitura deixa de ser uma leitura de mundo e passa a ser uma leitura convencional, precisa da escrita para fazer sentido, pois ambas andam juntas.
Para fazer a leitura da "carta em alemão", tive que fazer um trabalho de reconhecimento de algumas palavras, mesmo assim não houve compreensão de minha parte, pois para total compreensão eu deveria no mínimo ter que alguma noção de alemão. 

Essa experiência me fez lembrar Paulo Freire (1989). Embora tenhamos uma diferença de idade significativa, nossa infância foi bem parecida, também fui crida em uma cidade pequena do interior e a maior parte de minha infância foi brincando debaixo de uma mangueira.
Quando Freire (1989) diz “o verde da manga-espada verde, o verde da manda-espada inchada, o amarelo esverdeado da mesma manga amadurecendo”, parecia que estávamos no mesmo local, por tamanha coincidência. O cantar dos pássaros, o verde das árvores, as conversas dos adultos sobre assombração e até o cachorro, a minha era fêmea, se chamava Chulica e morreu debaixo de uma mangueira, picada por uma cobra cascavel.
Quanto à imagem de pai, eu tinha como referência meu tio que tinha pouco a me oferecer no aprendizado da escrita, pois tinha pouco estudo. Quando li o texto em alemão, me senti como se ainda estivesse naquela época, quando as palavras escritas não tinham sentido algum, e passava horas tentando entender o que queriam dizer as letras, aí, então, meu tio chegava da roça e lia para mim. Só tinha entendimento dos rótulos, pois os mesmos apareciam com frequência nos comerciais de TV, só tinha como leitura a imagem e não as letras.
Essa reflexão me levou ao passado, tempo esse que guardo na memória com muito carinho e como diz Paulo Freire “neste esforço a que me vou entregando, re-crio, e re-vivo, no texto que escrevo, a experiência vivida no momento que ainda não lia”. (FREIRE, 1989).
É possível, portanto, compreender que a leitura, conforme Freire, se dá a partir da leitura da palavra e a partir dela é possível reescrever o mundo “a leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo mas por uma certa forma de escrevê-lo ou de reescrevê-lo”. (FREIRE, 1989)
Foi praticamente o que aconteceu com o texto em alemão, tivemos que fazer uma análise do mesmo, sem conhecer a língua escrita, foi como se eu tivesse voltado no tempo quando ainda não lia.
Madalena Freire (1996) faz uma observação em seu livro "Observação, registro, reflexão", em que diz que “quando registramos, tentamos guardar, prender fragmentos do tempo vivido que nos é significativo, para mantê-lo vivo” (M. FREIRE, 1996, p. 10). É exatamente o que acontece quando escrevemos, guardamos experiências vividas como lição para o futuro. 
No que se refere à importância de escrever, refletindo sobre a prática docente, Madalena Freire (1996) caracteriza o registro do professor como instrumento metodológico de autoformação. Isso quer dizer que cabe ao professor estar sempre pesquisando e se reorganizando para que possa dar continuidade à alfabetização convencional, de modo que a criança seja plenamente alfabetizada independentemente do método usado na escola.
Segundo Madalena Freire “aprendemos porque damos significado à realidade, porque buscamos, desejamos desvelar o porquê do que não conhecemos. Toda busca de saber nasce de uma inquietação, da falta que emana da prática” (M. FREIRE, 1996, p. 11). É isso que é esperado de nós futuros pedagogos, essa autoformação que precisamos construir para que tenhamos sucesso na prática.
Concluo defendendo que tanto Paulo Freire quanto Madalena Freire defendem a causa de que devemos estar em constante aprendizado e que somos sujeitos alfabetizadores. E é a partir de nós que alfabetizaremos, se não formos bons leitores, como formaremos leitores? Se não formos pesquisadores, como ensinarmos a pesquisar? Se não usamos nossas reflexões, como pediremos isso aos alunos?
É possível afirmar que este exercício que começou com a leitura da “carta em alemão”, incorporou a leitura dos textos de Paulo e Madalena Freire, para terminar com este registro reflexivo escrito contribuiu com nossa formação. Posso assim dizer que a professora teve a intencionalidade pedagógica de nos mostrar o quão importante é o ato da reflexão para elaboração de textos, e todas teorias usadas até aqui deram total suporte para elaboração desta síntese reflexiva. Acredito ser esta a intenção da professora ao orientar esta atividade em três etapas: formar professores conscientes de seus deveres para com o cidadão a ser alfabetizado.


Referências Bibliográficas:

FREIRE, Madalena. Observação, registro e reflexão: Instrumentos Metodológicos I. 2ª ed. São Paulo: Espaço Pedagógico, 1996.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1989.

Sandra Mara Cordeiro (7º semestre Pedagogia PARFOR)

A leitura e a escrita no cotidiano do professor


No primeiro dia de aula da professora Rosana Pontes, que ministra a disciplina de Conteúdo e Metodologia de Ensino de Língua portuguesa II, a classe foi surpreendida com uma atividade diferenciada. Um texto em uma língua estrangeira: alemão. 
Quando o texto foi entregue e olhei aquelas palavras para ser decodificadas, pensei, qual será a proposta para esse texto? Traduzir? Interpretar? Nada disso, mas conseguimos realizar uma leitura de palavra por palavra, e a interpretação do texto foi ganhando sentido.
Na verdade, a proposta era simular uma atividade de leitura, a fim de que refletíssemos sobre as dificuldades de nossos alunos com a prática da leitura, bem como sobre nossas propostas em sala de aula voltadas para o melhor entendimento, a fruição e o domínio da leitura.
Esse exercício foi bom para refletir sobre como se ensina e como se aprende a ler. Nesse texto, com uma língua estrangeira, o alemão, partimos do princípio de uma leitura de mundo, elaborando uma hipótese para compreender o sentido das palavras, utilizando estratégias de leitura que conhecíamos para a nossa língua.
Após a leitura de “A importância do ato de ler”, de Paulo Freire (1989), compreendi que ler é uma experiência cotidiana e pessoal, única, incapaz de ser a do outro. Por meio da leitura e da nossa visão de mundo, conseguimos o domínio das palavras, nos transformando. O gosto pela leitura tem que vir desde cedo.
Tenho duas filhas, uma de sete anos que está sendo alfabetizada, e outra com onze anos que está finalizando o ensino fundamental I. Desde pequenas, estimulo-as à leitura, de modo que aprendam a apreciar literatura infantil, contar e reinventar as histórias, possibilitando-lhes novas experiências. Nesse sentido, Paulo Freire (1989) nos ensina que “a importância do ato de ler resulta na percepção crítica do que é cultura, pela compreensão da prática ou do trabalho humano, transformador do mundo. Esse conjunto de representações e de situações concretas possibilita aos grupos populares uma leitura de mundo, antes da leitura da palavra”.
Antes de começar o curso de Pedagogia, já tinha o hábito da leitura que vem do final da minha infância, com o início da adolescência, com leituras de vários gêneros. Isso me proporcionava entrar e vivenciar a história como se fizesse parte do enredo. Assim, tento passar para as minhas filhas o que a leitura pode proporcionar a elas. Cito aqui Paulo Freire (1989) que enfatiza, em “A importância do ato de ler”, que o esforço é fundamental, conforme vivenciado por ele, ao longo de sua experiência existencial, em seus momentos de infância, adolescência e no começo da sua mocidade.
Atribuindo significado ao esforço de tentar fazer a “leitura” do texto em alemão, ou melhor, decodificá-lo, porque, antes ou durante a leitura, antecipamos o seu conteúdo, através dos conhecimentos prévios ou dos elementos que o próprio texto trazia, fazendo um paralelo daquilo que não está explicitado. Por exemplo, conseguimos identificar que o gênero textual era uma carta, identificar palavras semelhantes ao português que nos ajudaram a compreender que era uma carta de emprego. Em grupo, por meio da nossa interação, a leitura, mesmo que superficial, foi facilitada. Compreendo que recorremos à nossa “leitura de mundo”, conforme Freire (1989) explica que “a leitura do mundo precede a leitura da palavra, linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto”.
O que faltou para realizar uma leitura compreensiva foi o domínio total da língua utilizada na atividade. É possível fazer uma interpretação, mas não a apreensão completa. Portanto, essa “leitura” não teve sentido para nós. Mais uma vez, Freire (1989) nos ensina que é importante a leitura de mundo, sempre fundamental, para que a decifração das palavras flua naturalmente, a partir da “leitura” do mundo particular.
A atividade foi boa para refletir sobre os registros das aulas que já eram feitos, mas não tínhamos o conhecimento, a interação da classe para essa tarefa ser realizada, aprofundar, construir o que ainda não conhece e o que precisamos aprender, essa atividade que foi construída, e, de acordo com Madalena Freire (1996), a criança tem seu espaço de registro, reflexão, concretização de seu pensamento, no desenho, no jogo e na construção de sua escrita, bem como o professor precisa registrar por escrito seu pensamento sobre suas atividades cotidianas.
Nesse sentido, a leitura de “Observação, registro, reflexão”, de Madalena Freire (1996) me fez aprofundar minhas reflexões, porque, na prática docente, podem ser utilizadas como ferramentas: o ato de observar, o registro da reflexão, juntamente com a avaliação e planejamento na parte prática e teórica.
Ainda segundo Madalena Freire (1996), a reflexão, o registro do pensamento envolve a todos: crianças, professor, orientador. Cada um no seu espaço diferenciado, pensa, escreve a pratica e faz teoria, onde o registro da reflexão, concretização do pensamento, é seu principal instrumento na construção da mudança e apropriação de sua história.
O exercício de leitura da carta em alemão nada mais foi do que uma reflexão sobre nossa prática, de como pode se construir uma leitura a partir do que não temos controle, analisar a estrutura do texto, construir o conhecimento antes ignorado. 
Os textos que foram trabalhados em sala de aula, como os de Paulo Freire e Madalena Freire, nos possibilitaram refletir sobre nossa prática em sala de aula e que estamos sendo sempre estimuladas a investigar, promovendo um pensamento reflexivo. Como diz Madalena Freire (1996): “ Aprendizagem do fazer, do ler, do pensar, do expressar e comunicar ideias e sentimentos. Nova alfabetização com outros códigos, instrumentalizando o sujeito-autor”.

Referências Bibliográficas:

FREIRE, Madalena. Observação, registro e reflexão: Instrumentos Metodológicos I. 2ª ed. São Paulo: Espaço Pedagógico, 1996.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1989.

Priscilla Carvalho Gonçalves (7º semestre Pedagogia PARFOR)

sábado, 16 de maio de 2015

Círculo de cultura 1: deixar fluir a leitura de mundo


Sobre a atividade do Círculo de Cultura 1 (FREIRE, 1987), foi proposto que fizéssemos dois círculos : um de participação (círculo de cultura) e outro de observação (círculo de investigação). No círculo de participação, foi abordado o tema "mediação pedagógica da leitura", por meio da problematização do texto: "A mediação da LEITURA na educação infantil: onde a leitura de mundo precede a das palavras". (SOUZA; SERAFIM , 2009)
Durante a discussão no círculo de cultura, pude observar que algumas alunas demonstraram interesse genuíno em dividir conhecimentos, outras, por desconhecimento ou mesmo por timidez, resumiram-se a apenas acenos afirmativos, não apresentando suas ideias sobre a leitura em discussão. A intervenção foi, em sua maioria, por parte da professora, que introduzia questionamentos sobre o tema, o que fazia com que as alunas debatessem sobre o assunto abordado.
Nesse sentido, cabem os ensinamentos de Paulo Freire (1996, p. 30): "saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção".
E é com essa construção de conhecimentos que, pouco a pouco, foram se revelando práticas de nossas vivências, como estamos contribuindo para a formação dos alunos. Foi exposta a maneira que estamos trabalhando e desenvolvendo as práticas pedagógicas, como entendemos a alfabetização e o letramento.
Discutimos sobre investimento público, o que precisa ser feito e como utilizar essas estratégias em benefício dos alunos; como integrar a leitura em sala de aula, como tarefa diária, que não apenas seja rotineira, automática, mas que proporcione aos alunos uma agradável sensação de liberdade e que torne esse aluno um leitor crítico.
Em muitos casos, o acesso aos livros fica exclusivo ao ambiente escolar, por isso, cabe ao professor, dentro dessas perspectivas, aguçar o senso literário do aluno. Sabemos que essa façanha é quase uma utopia, devido à falta de estímulos, seja no ambiente doméstico ou mesmo por parte de nossos colegas de profissão, mas que cada um de nós, conforme observado, tem trabalhado estratégias para alcançar êxito. Pude constatar que temos professores em sala de aula fazendo sua parte.
Conforme Paulo Freire (1989), é preciso estimular a leitura, de modo que seja algo libertador, não opressivo, deixar fluir essa leitura de mundo, para que o aluno tenha o desejo de aprender e ampliar sua cultura, por meio da leitura do texto escrito.

Referências bibliográficas:

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17ª. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

FREIRE , Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessário à prática educativa. 30ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

SOUZA, Helen Danyane Soares Caetano de Souza; SERAFIM, Mônica de Souza. A mediação da LEITURA na educação infantil: onde a leitura de mundo precede a das palavras. In: RODRIGUES, Caroline; SILVA, Cláudia Heloísa Schmeiske da; LOPES, Iveuta Abreu; BERTONI-RICARDO, Stella Maris; MACHADO, Veruska Ribeiro. Leitura e Mediação Pedagógica. v. 30. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. (Série Estratégias de Ensino).

Quésia Ângelo de Lima (7º semestre Pedagogia PARFOR)

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Círculo de cultura 2: comunhão dos sujeitos no diálogo

Fizemos um círculo de cultura (FREIRE, 1987), no dia 13 de abril na Universidade Católica de Santos, na sala do curso de Pedagogia do 7º semestre, cujo tema gerador foi "mediação pedagógica da leitura", por meio da problematização do texto: "Mediação: estratégia facilitadora da compreensão leitora", da autora Vera Lucia de Lucas Freitas (2009), em que a professora Rosana foi nossa mediadora.
Para mim, o segundo círculo de cultura foi melhor do que o primeiro, pois no primeiro, principalmente eu, que estava no círculo do diálogo, estava muito nervosa e pouco interagi com o grupo. No entanto, a segunda vez, em que fiz a parte investigativa, me permitiu que eu observasse bem essa prática usada na pedagogia freireana.
A dinâmica foi desenvolvida de modo que as alunas vivenciavam o diálogo, e no círculo de investigação, as alunas estavam encarregadas de fazer as anotações para depois poder reproduzir um registro reflexivo como este.
Pude observar que nesse dia o clima estava agradável, apesar de haver conversas paralelas, umas querendo falar junto com as outras. Havia algumas alunas que estavam inibidas, assim como eu, permitindo que outras alunas se destacassem sempre respondendo as perguntas. Como sempre, a professora Rosana foi fundamental, pois algumas questões foram respondidas com a mediação dela.
O texto problematizado aborda uma pesquisa de leitura com uma aluna do 5º ano. Essa pesquisa foi observada durante 8 meses, tinha o objetivo de mostrar que a mediação pedagógica pode ser muito valiosa para a realização da leitura e a compreensão do texto.
Com base na leitura e observação no círculo de cultura, pudemos concluir que a leitura é direito da criança. A produção de texto com diferentes gêneros textuais é primordial para ampliar o repertório da criança: “A leitura de vários gêneros textuais tem sido vista como um dos fatores responsáveis pelo desenvolvimento do vocabulário. Nessa perspectiva, pode-se pensar que quanto mais se lê mais se entra em contato com palavras desconhecidas pelo nosso dicionário mental”. (FREITAS, 2009, p.75)
O círculo de cultura é uma atividade que nos proporciona conhecimentos, por meio do diálogo, de observação e de interação em que se faz com o grupo. Essa dinâmica pode ser inserida na rotina escolar, pois faz com que o educador faça parte dessa construção. Conforme enfatiza Freire, “o professor é o ser, que não mais educa, mas aquele que aprende no processo de aprendizagem. Ele é educado em diálogo com o educando, porque ambos se tornam sujeitos do mesmo processo”. ( FREIRE, 1987, p. 45)

Referências Bibliográficas:

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

FREITAS, Vera Aparecida de Lucas. Mediação: estratégia facilitadora da compreensão LEITORA. In: RODRIGUES, Caroline; SILVA, Cláudia Heloísa Schmeiske da; LOPES, Iveuta Abreu; BERTONI-RICARDO, Stella Maris; MACHADO, Veruska Ribeiro. Leitura e Mediação Pedagógica. v. 30. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. (Série Estratégias de Ensino).

Fátima Florindo da Silva (7º semestre Pedagogia PARFOR)

Círculo de cultura II: uma pedagogia marcada pelo diálogo


Nós alunas do 7º semestre do curso de pedagogia PARFOR da Universidade Católica de Santos, juntamente com a Professora Rosana Pontes, realizamos no dia 13 de abril de 2015 o II Círculo de Cultura (FREIRE, 1987). Tendo como tema gerador "a mediação pedagógica da leitura", com base na problematização do texto: "Mediação: Estratégia facilitadora da compreensão leitora" (FREITAS, 2009). Foi dado início às 19:30 e término às 20:35.
As alunas aparentemente estavam calmas, algumas mais centradas e mais participativas que as outras, mas todas respeitaram seu tempo de perguntas e respostas, narrando fatos em seus exemplos de experiências práticas. Houve grande participação do grupo de investigação em formular perguntas e participar das discussões.
Segundo Vygotsky (apud FREITAS, 2009, p. 67), “as interações entre os indivíduos [...] e com o objeto do conhecimento desempenham um papel fundamental no seu desenvolvimento cognitivo, e o conhecimento se dá em um processo de transferência do social para o individual”. Ainda, conforme explica Freitas (2009), com base em Vygotsky, o discurso desempenha um papel central na construção do conhecimento.
O texto utilizado como objeto de estudo para este círculo de cultura nos mostra o relato de uma pesquisa com uma aluna do 5º ano do ensino fundamental, em que o objetivo principal é mostrar a importância de um mediador como facilitador da compreensão leitora.
Durante toda a realização do círculo de cultura, houve a mediação de nossa professora para que o tema central não fosse disperso. Observamos, no círculo de investigação, o quanto a mediação é importante no processo de aprendizado da leitura e o quanto o "trabalhar em par" beneficia o aluno. Foi nos dado um exemplo claro disso, quando a professora mencionou o fato de sua sobrinha de 9 anos de idade ter melhorado seu hábito leitor, tendo como mediadora sua amiga. Desta forma,  os conceitos utilizados na mediação, em que o professor, ou neste caso a amiga,  serviu de apoio, mediando assim o desenvolvimento da leitura e exercitando a compreensão do leitor principiante que passará a leitor ativo. (FREITAS, 2009, p. 68)
Para uma boa compreensão, o texto deve ser de acordo com o mundo do aluno, pois quando o aluno contextualiza a leitura, ele a compreende melhor. Segundo Freitas (2009), ler é produzir sentido em um processo de interação autor-leitor-texto-mundo.
Freire afirma em seu livro "A importância do ato de ler" (1989) que a primeira leitura é a que circunda a criança no seu dia a dia, ou seja, o mundo no qual está inserida, já que a leitura do mundo precede a leitura da palavra.
Ao realizarmos o círculo de cultura e investigação, conforme Freire (1987), foi notável uma ação libertadora de conhecimentos durante a troca de experiências: “o pensar do educador só ganha autenticidade na autenticidade do pensar dos educandos mediatizados ambos pela realidade” (FREIRE, 1987,p.62), ou seja, uma pedagogia marcada pelo diálogo.


Referências bibliográficas:

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 17ª. ed. 1987. 

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1989.

FREITAS, Vera Aparecida de Lucas. Mediação: estratégia facilitadora da compreensão LEITORA. In: RODRIGUES, Caroline; SILVA, Cláudia Heloísa Schmeiske da; LOPES, Iveuta Abreu; BERTONI-RICARDO, Stella Maris; MACHADO, Veruska Ribeiro. Leitura e Mediação Pedagógica. v. 30. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. (Série Estratégias de Ensino).

Kelen de Jesus Silva Dutra (7º semestre Pedagogia PARFOR)

Círculo de cultura na Educação Infantil?


No dia 27 de março de 2015, a professora iniciou a preparação de um conteúdo programático, em que seria organizado em “círculo de cultura” (FREIRE, 1987), como forma de problematização do texto "A mediação da leitura na Educação Infantil: onde a Leitura de Mundo procede a das palavras" (SOUZA; SERAFIM, 2009). A atividade foi inspirada nos princípios da pedagogia freireana: círculo de cultura, tema gerador, diálogo, problematização.
O texto em questão a ser discutido faz um questionamento importantíssimo em torno da criança e de suas vivências e conhecimento de mundo, e apresenta a mediação do professor na tarefa decisiva, quando o enfoque é a leitura na Educação Infantil, e como essa mediação é trabalhada na prática pedagógica em sala de aula.
A professora agraciou a todos da classe com a prática da liberdade dialógica sobre o conteúdo estudado, abrindo caminhos para as inquietações em torno do tema gerador. Até o primeiro momento, não tinha ouvido falar sobre o que significava um “círculo de cultura” e de sua proposta. A professora iniciou apresentando o tema gerador a ser discutido com a turma “a mediação pedagógica da leitura”. Então, descobri que o “círculo de cultura” é como uma "roda" de conversa, semelhante a que fazemos com as crianças na Educação Infantil, assim, o tema foi abordado de forma descontraída com perguntas e respostas e todos puderam participar.
O clima estava descontraído, os alunos participativos começaram a expor as perguntas e com elas as dúvidas, e a mediação da professora aconteceu sempre que necessário para cada explicação.
A troca de experiência foi mágica e enriquecedora entre os alunos. O mundo da leitura é significativo quando o professor, como mediador incansável, se propõe à prática do ato de ler, dando oportunidade a um mundo de novos sentidos com seus vários significados.
Começaram a surgir os relatos de experiências dos alunos, nos seus respectivos trabalhos, na área Educacional, em relação à leitura e às mais diversas formas de atuação em sala com as crianças.
Perguntas surgiram, como a da Edna, quando ela questionou a professora que quando realizamos a apresentação de um livro para o aluno, se a criança conseguiria, na sua concepção, compreender o que é o narrador da história, e a professora respondeu que sim.
Como dizia Paulo Freire (1989), na sua compreensão crítica do ato de ler, que este não se esgota na decodificação pura da palavra. O ato de ler é uma prática incansável pelo entendimento do mundo e dos seus significados.
Não importando as mais diversas formas de praticar a leitura, temos o dever de inserir tal prática dentro das escolas, onde poderemos alcançar bons resultados com projetos possíveis de se trabalhar com as crianças o hábito da leitura dentro e fora da escola.
Para Paulo Freire (1989), todos possuem uma bagagem de conhecimento e vivência de mundo e palavras. Sendo assim, nós, como futuros educadores, devemos ter um olhar a mais para novos métodos, dando oportunidade para aulas mais prazerosas e dialógicas em que os alunos seriam participantes ativos com a mediação do professor, no que diz respeito a construir novas hipóteses e leitura de mundo.

Referências bibliográficas:

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1989.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 17ª. ed. 1987.

SOUZA, Helen Danyane Soares Caetano de Souza; SERAFIM, Mônica de Souza. A mediação da LEITURA na educação infantil: onde a leitura de mundo precede a das palavras. In: RODRIGUES, Caroline; SILVA, Cláudia Heloísa Schmeiske da; LOPES, Iveuta Abreu; BERTONI-RICARDO, Stella Maris; MACHADO, Veruska Ribeiro. Leitura e Mediação Pedagógica. v. 30. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. (Série Estratégias de Ensino).

Andréa da Silva (7º semestre Pedagogia PARFOR)

terça-feira, 12 de maio de 2015

Círculo de cultura: troca de conhecimento em uma cultura interativa


O círculo de cultura realizado em sala de aula, no dia 30/03/2015, com as alunas da Pedagogia/Parfor, 7º semestre, coordenado pela professora Rosana Pontes, foi muito esclarecedor, com riqueza de detalhes, não deixando dúvidas de como proceder em sala de aula com os alunos, utilizando os princípios da pedagogia freireana. Foi problematizado o artigo “A mediação da leitura na Educação Infantil: onde a leitura de mundo precede a das palavras”. (SOUZA; SERAFIM, 2009)
Nessa dinâmica realizada em grupo, explica Paulo Freire na Pedagogia da Autonomia (1996, p. 47): “ ensinar é criar possibilidades para a produção de construção de novos pensamentos e reflexões, sobre o assunto que está em pauta”.
A intenção da professora Rosana Pontes na realização do círculo de cultura era que aumentássemos nossa compreensão sobre alfabetização e letramento, baseando-nos metodologicamente na teoria de Paulo Freire (1987), assim, o tema gerador de nossa discussão foi "a mediação pedagógica da leitura".
Durante a realização de nossas conversas, o grupo se manteve calmo, houve participação integral, de modo que todos dialogaram sobre o conteúdo apresentado.
No círculo de cultura, ocorreram perguntas ligadas às ações do Plano de Desenvolvimento da Educação PDE sobre aprendizado em leitura, que passou a ser reconhecido como direito, e a escola com obrigação de promover o exercício da cidadania, com referência ao ensino de língua Portuguesa. Essas concepções são complementadas pelo Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil.
Houve relatos em relação ao dia a dia das alunas em suas vivências diárias no âmbito escolar onde trabalham, citando dificuldades encontradas para um melhor desenvolvimento da leitura com os alunos, pautaram fatos culturais da comunidade que rodeia o mundo da criança. Soares (2003) enfatiza que os vários tipos e níveis de letramento variam de acordo com o contexto social do indivíduo e sua cultura.
O grupo interagiu também em relação às duvidas sobre estratégias de leituras, de como deve ser trabalhada a alfabetização em escolas Municipais que não são beneficiadas por livros enviados pelo MEC.
Enfatizou-se no círculo de cultura sobre a importância da criança ter ensinamento enciclopédico, isto é o que Freire (1987) chama de conhecimento do mundo. A criança aprende dentro do mundo é da cultura que vive, desta maneira justifica-se a contribuição freireana no processo de aprendizado, pautado por Freire (1989, p.11): "A leitura do mundo precede a leitura da palavra".
No artigo discutido, Souza e Serafim (2009) nos relatam sobre práticas pedagógicas que fazem parte do cotidiano da sala de aula de Educação infantil, práticas estas que auxiliam no processo de leitura dos alunos, estimulando seu desenvolvimento, direcionando-os no processo de alfabetização e de letramento, levando-os a serem alfabetizados e letrados. Neste caso, é essencial que o professor trabalhe com textos diversificados, como jornais, revistas, e, principalmente, de literatura infantil.
Segundo Paulo Freire (1987), o professor deve atuar como pesquisador, mediador e agente facilitador.
A ideia freireana de aprendizagem é de que, no ambiente escolar, todos se transformem em agentes de conhecimento, enaltecendo a importância do papel do professor de que, enquanto mediador, o dever de estar sempre estimulando, desenvolvendo a capacidade de imaginação do aluno, instigar sua curiosidade, através de práticas voltados para a sua interação com o outro e com o mundo.
O círculo de cultura enriqueceu meus conhecimentos em relação à prática e teoria, numa compreensão de que ambas caminham juntas. Assim, pude aprimorar meu conhecimento sobre leitura e escrita na compreensão do desenvolvimento infantil em diferentes fases e idades. Conclui Freire (1987, p. 98) que o círculo de cultura (que conhecemos como "roda" na Educação Infantil) é uma troca de relatos do nosso cotidiano, em que podemos aprender com os outros.


Referências bibliográficas:

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 17ª. ed. 1987.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1989.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.

SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.

SOUZA, Helen Danyane Soares Caetano de Souza; SERAFIM, Mônica de Souza. A mediação da LEITURA na educação infantil: onde a leitura de mundo precede a das palavras. In: RODRIGUES, Caroline; SILVA, Cláudia Heloísa Schmeiske da; LOPES, Iveuta Abreu; BERTONI-RICARDO, Stella Maris; MACHADO, Veruska Ribeiro. Leitura e Mediação Pedagógica. v. 30. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. (Série Estratégias de Ensino).

Jovita Mendes dos Santos (7º semestre Pedagogia PARFOR)

Círculo de Cultura: Ler é se libertar e viver


Este registro reflexivo refere-se à atividade didática denominada “Círculo de Cultura” (FREIRE, 1987), realizada em 30/03/2015, na aula da disciplina Conteúdo e Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa.
A atividade proposta pela professora Rosana Pontes era que, antecipadamente, fizéssemos a leitura do texto “A mediação da leitura na Educação Infantil: onde a leitura de mundo precede a das palavras” (SOUZA; SERAFIM, 2009), e elaborássemos cinco questões, as quais seriam apresentadas no “círculo de cultura”. A classe foi organizada com um grupo no núcleo do círculo, responsável pela problematização do texto proposto; e outro grupo em volta (círculo de investigação) que ficou responsável pela observação e registro da atividade, destacando as falas dos alunos.
Nessa aula, fiz parte do núcleo, o círculo de cultura. Não sabíamos como começar, pois a aula estava sendo filmada. Começamos a falar dos pontos que achávamos importantes no texto e, enfim, as demais alunas fora do círculo faziam suas anotações. Isso me fez lembrar Madalena Freire (1996), que nos fala dos registros diários da nossa prática.
Algumas alunas fizeram relatos de suas trajetórias que, ao longo desta jornada na UNISANTOS, vêm se modificando, graças aos conhecimentos adquiridos. 
Um desses conhecimentos foi quando lemos um texto de Paulo Freire (1989) “A importância do ato de ler”, nele o autor fala da leitura de mundo, do conhecimento prévio que o aluno traz como bagagem e que pouco é usado na escola. 
O que pude notar durante a realização do círculo de cultura foi que, por mais que possamos ler para nossos alunos, nunca é ou será o suficiente, se nós, enquanto professores em formação, não tivermos o hábito leitor. Eu mesma sou uma pessoa que só leio quando necessário, para uma avaliação ou um trabalho. Não que eu não queira, mas não tenho tempo e, até mesmo para esses momentos, acabo lendo no ônibus ou nos 15 minutos de intervalo, portanto, fica muito difícil desenvolver o hábito de ler.
Durante a conversa no círculo, pude ver que não sou só nessa batalha com a leitura, mas outra coisa me chamou a atenção. Foi o relato de abandono dos livros em algumas escolas ou a falta de uma biblioteca nas escolas e aquelas que têm, os alunos não usam, por falta de um profissional responsável pela mesma.
Sabemos que o governo manda livros para as escolas e quando os procuramos, não encontramos nem a metade, e se encontramos, não estão à disposição dos alunos para que eles possam manuseá-los.
Durante as nossas conversas e indagações sobre a leitura, fiz um breve comentário sobre uma turma de 3º ano que estou auxiliando em sala de aula na leitura. Comecei pegando um por vez para saber quais as dificuldades de cada um, pude notar que, para que alguns desses alunos aprendessem a ler, eu teria que voltar e começar a resgatar o que deixaram lá trás. Mas a professora da turma me chamou e disse que só queria que eu dessa leitura em nível de 3º ano para a turma, mas alguns estavam em nível de primeiro. Segundo as autoras do texto discutido, Souza e Serafim (2009), devemos levar em conta a bagagem de conhecimento da criança, ou seja, o papel do conhecimento enciclopédico ou conhecimento do mundo da criança. Suas experiências nesse mundo letrado, sua compreensão do texto.
Quando verifiquei que os alunos do 3º ano que mencionei mal conseguiam ler os textos propostos, compreendo que teria que começar, vendo o que cada um tinha dificuldade e quais seus conhecimentos prévios. Assim, poderia, aos pouco, ir resgatando as fases de aprendizado que passaram despercebidas. Refletir sobre como chegaram ao 3ºano mal sabendo ler e interpretar um texto e de que forma poderia ajudá-los. 
No texto discutido no círculo de cultura, vimos que o Ministério da Educação ( MEC) se preocupa com o tipo de leitura a ser oferecida às crianças das redes públicas de todo o país. Entretanto, nem tudo que se lê para a criança ela pode entender, por isso é importante a mediação da leitura feita pela professora, conforme sugerem Souza e Serafim (2009). Comecei com uma leitura simples e, a cada parágrafo, eu perguntava ao aluno o que ele havia entendido e, quando não sabia, procurava explicar e, mais uma vez, e com ajuda da coordenadora, aos poucos, espero conseguir ajudar os alunos.
Pude perceber, durante esses momentos de diálogo, no círculo de cultura, que todas nós, futuras pedagogas, temos muito que fazer para ajudar os alunos. Adquirindo um hábito leitor, não de uma forma obrigatória, mas sim de prazer em ler, de ampliar novos horizontes.
Durante o círculo de cultura, algumas companheiras mostraram que já estão fazendo a diferença nas escolas, com leituras diárias e estimuladoras. Despertar o hábito de ler enquanto pequenos, de modo que a leitura seja discutida antes e depois do ato de ler.
Segundo Paulo Freire, “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”.

Referências bibliográficas:

FREIRE, Madalena. Observação, registro e reflexão: Instrumentos Metodológicos I. 2ª ed. São Paulo: Espaço Pedagógico, 1996.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1989.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 17ª. ed. 1987.

SOUZA, Helen Danyane Soares Caetano de Souza; SERAFIM, Mônica de Souza. A mediação da LEITURA na educação infantil: onde a leitura de mundo precede a das palavras. In: RODRIGUES, Caroline; SILVA, Cláudia Heloísa Schmeiske da; LOPES, Iveuta Abreu; BERTONI-RICARDO, Stella Maris; MACHADO, Veruska Ribeiro. Leitura e Mediação Pedagógica. v. 30. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. (Série Estratégias de Ensino).

Rosa Maria de Deus (7º semestre Pedagogia PARFOR)

Círculo de Cultura 1: O poder da palavra mediado pelo conhecimento

Logo quando cheguei à universidade, a nossa sala de aula já estava com as cadeiras em círculo e alguns alunos em seus lugares. A todos que chegavam a professora entregava um texto para atividades na próxima aula.
Confesso que estava um pouco apreensiva, porque não sabia bem o que iria acontecer. Com base no texto “A mediação da Leitura na educação infantil: onde a leitura de mundo precede a das palavras” (SOUZA; SERAFIM, 2009), a professora Rosana nos pediu na aula anterior para que todos lessem o texto, e a partir disso, cada aluno teria que elaborar cinco perguntas sobre o que não entendeu no texto.
Na aula seguinte, 30 de março, aconteceu o círculo de cultura (FREIRE, 1987) para discussão do texto. Aparentemente, todos pareciam calmos e assim foi dado início aos nossos trabalhos. 

A professora começou sendo a nossa mediadora e perguntou se alguém tinha alguma pergunta sobre a p. 19. A aluna Regina perguntou sobre o currículo na Educação Infantil, no que se refere à leitura, se existem diretrizes ou não (eu também tinha essa dúvida). O que ficou claro, para mim, é que vai depender da prefeitura. A aluna Daniela Taborda nos disse que, na prefeitura de Santos, existe um plano de curso e nele é avaliado o que está dentro do currículo e o que não está, mas o acesso aos livros ainda é restrito.
A partir disso, surgiu a pergunta se todos os alunos receberam esses livros em suas escolas, material tão importante e rico em conhecimento literário. A maioria respondeu que recebeu os livros em suas escolas e creches, mas ainda os alunos não têm acesso aos livros (inaceitável), e, para piorar, os profissionais da Educação contribuem para isso, como, por exemplo, vários livros irem parar no lixo. Onde trabalhei encontrei os três livros do Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil no lixo, perguntei para a Coordenadora e ela me disse que se eu quisesse, eu poderia pegar, mas do contrário iria para o lixo. 

Foi discutida no círculo de cultura a importância gestão, que, enquanto docentes, precisamos e dependemos dela. Assim, uma gestão bem preparada é um caminho para a mobilização de uma escola ou creche na direção da conscientização da importância desse acervo literário, tanto para a instituição, quanto para o aluno.
No círculo de cultura, pude refletir sobre a mediação pedagógica da leitura que realizo. Uma experiência que me mostrou isso, em sala de aula, foi quando eu ainda estava na creche e tive a ideia de trabalhar em sala (Maternal I e II) a Fábula “Os músicos de Bremen”. Contei a Fábula de várias formas, proporcionando momentos de prazer e muito aprendizado. Relembro aqui a minha vivência em sala de aula:
- Ler a fábula com o livro (nesse caso, não tinha acesso ao livro, então tirei as imagens da internet e confeccionei o livro).
- Contava a história interpretando-a com caras e bocas, com gestos e mudando a voz.
- Fantoches (às vezes com 1 fantoche, outras mais elaboradas com casinhas, etc.).
- Músicas do Saltimbancos (de Chico Buarque 1977).
- Reconto da história.
- Por último, ensaio para a apresentação de um teatro (eu narrava e as crianças faziam a cena).
Mas, infelizmente, por força maior (gestão incompetente), não apresentamos, o que me deixou muito triste e os alunos também. Mas, em sala de aula, falei que todos estavam de parabéns, comprei uns livros sobre a história e dei para cada um e todos ficaram satisfeitos. 

Confesso que tirei uma grande lição disso, para minha surpresa, todos entenderam e recontaram a história, pensei que fosse dar mais trabalho, fui surpreendida! Como foi falado no círculo de cultura, não entendi porque foi dito que as auxiliares fazem esse momento literário de uma forma “feia”, acredito que há vários tipos de profissionais e não podemos generalizar.
O que ficou marcado em minha memória foi o momento em que trabalhei as cores, e, no momento em que eu mostrei o desenho que eles iam pintar, o Danilo de 3 anos tirou de sua bolsinha os lápis da cor exata de cada animal, vendo isso, perguntei qual era a cor de cada animal, conforme estava no livro, e ele me respondeu olhando em meus olhos, as cores de cada um. Sendo assim, destaco a importância sobre essa atividade e o objetivo do trabalho: Compreender a importância dos animais; valorizar o vínculo da amizade; trabalhar os valores; interpretar a história lida; reproduzir a leitura de imagens; conhecer as cores, Autores e a música; interagir com o outro; estimular o uso do raciocínio da criança (quantidade, jogos etc.). 

Com base em Souza e Sarafim (2009), posso afirmar que essa atividade ajudou a enriquecer o vocabulário dos alunos, no processo de letramento, e mobilizou várias habilidades relacionadas à leitura. Também Madalena Freire (1996) fala da importância do registro escrito, da reflexão e concretização de seu pensamento que seja do desenho, no jogo e na construção da sua escrita. Com essa atividade que fiz na creche, pude perceber isso com os desenhos sobre a história. Alguns eram apenas rabiscos, mas quando eu perguntava o que era aquele rabisco ou quem eram, os alunos tinham as respostas na ponta da língua, uns me apresentavam todos os animais da história e outros incluíam seus animais de estimação, ainda escreviam o nome deles, como não dava para entender os rabiscos, eu registrava ao lado do desenho o relato de cada um.
Lendo, analisando e refletindo sobre os ensinamentos de Paulo Freire (1987), compreendo que os princípios de sua pedagogia contribuem para uma educação libertadora. O diálogo proporciona uma relação professor-aluno, o direito à palavra, o refletir e o agir, como diz no livro Pedagogia do Oprimido (1987, p. 50): “Neste lugar de encontro, não há ignorantes absolutos, nem sábios absolutos: há homens que, em comunhão, buscam saber mais”.
A partir dessa atividade (Círculo de Cultura), percebi que fui uma importante mediadora para os meus alunos naquele momento. Gosto de ler histórias, contar, recontar, criar etc. Foi muito bom relembrar esse contato com os meus pequeninos e saber que fui uma peça importante para auxiliar o processo de leitura e potencializar o seu desenvolvimento rumo ao processo de alfabetização e letramento. A leitura nos proporciona oportunidade para a troca de experiências, saberes e aprendizado.


Referências bibliográficas:

FREIRE, Madalena. Observação, registro e reflexão: Instrumentos Metodológicos I. 2ª ed. São Paulo: Espaço Pedagógico, 1996.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 17ª. ed. 1987.

SOUZA, Helen Danyane Soares Caetano de Souza; SERAFIM, Mônica de Souza. A mediação da LEITURA na educação infantil: onde a leitura de mundo precede a das palavras. In: RODRIGUES, Caroline; SILVA, Cláudia Heloísa Schmeiske da; LOPES, Iveuta Abreu; BERTONI-RICARDO, Stella Maris; MACHADO, Veruska Ribeiro. Leitura e Mediação Pedagógica. v. 30. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. (Série Estratégias de Ensino).

Ângela do Nascimento Oliveira Malaquias
(7º semestre Pedagogia/PARFOR)

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Um teoria pedagógica: valiosas contribuições de Paulo Freire


Registro reflexivo do Círculo de Cultura, realizado em 13 de abril de 2015, referente ao texto Mediação: estratégia facilitadora da compreensão leitora, de Vera Aparecida de Lucas Freitas (2009).
O círculo de cultura, com base em Freire (1987), foi composto pelos alunos da Pedagogia/Parfor, 7º semestre. Todos estavam tranquilos, respeitavam a palavra do colega, os alunos que participaram do diálogo pareciam ter compreendido o assunto abordado. 
Observei que não foram todos os alunos que participaram desse diálogo, poucas dúvidas foram levantadas, tanto que era para serem elaboradas cinco questões por aluno nesse momento e poucos fizeram perguntas ou tiraram dúvidas. No entanto, pode ser devido ao fato de terem compreendido o texto e não terem dúvidas a serem expostas ou até mesmo que as dúvidas dos colegas eram as mesmas que as suas. Com isso, não havia necessidade de expô-las e repetir os mesmos questionamentos. 
A aluna Andrea relatou no círculo que, em uma escola onde fez estágio, não havia biblioteca, e que livros riquíssimos de autores consagrados ficavam em uma sala de vídeo, em um armário, todos empoeirados e prestes a desabar. E os materiais que chegavam do governo com livros bons ficavam no chão dentro de sacos, sendo que os professores não tinham acesso, muito menos os alunos. Percebe-se com essa postura da escola que ocorre uma falha na gestão que não poderia privar os alunos e professores de terem o direito de usufruírem dos livros, e até mesmo uma falha da supervisão de ensino do município, que não toma nenhuma providência em relação ao descaso com os livros na escola. 
Em seguida, surgiram outros relatos sobre o descaso das escolas com os livros, que, muitas vezes, encontram-se jogados ou trancados em salas sem serem utilizados, sendo esquecida sua importância e o direito da criança de usufruir de boa leitura. A escola tem a obrigação de propiciar às crianças o acesso a leitura. 
A aluna Ângela teve uma dúvida em relação à criança que foi colaboradora no protocolo de investigação na pesquisa relatada no texto em discussão, pois a autora Freitas (2009) enfatizou que Carolina era filha de jardineiro e empregada doméstica, então perguntou: caso fosse filha de pessoas de outra classe social a técnica de investigação seria diferente? Foi respondido no círculo que a técnica poderia ser a mesma, porém as observações realizadas acabariam sendo outras, pois a visão de mundo das pessoas são diferentes. A professora Rosana explicou que esse procedimento é a caracterização dos sujeitos envolvidos (quem são, como são, sua cultura) e que deve aparecer em pesquisas de campos. É uma maneira de contextualizar as pessoas envolvidas na pesquisa.
Segundo Freitas (2009), a mediação do professor é importante para orientar a leitura dos alunos em seus anos iniciais de escolarização, ter a interação do aluno com o texto e com o professor, serem interlocutores na leitura, servindo como mediador para auxiliar a compreensão da leitura, ampliando assim sua visão de mundo. O professor é um apoio para o aluno subir um degrau acima e progredir em seu desenvolvimento de leitura.
Foi relatado no círculo de cultura um exemplo de professor como apoio, a professora Rosana exemplificou que serviu de apoio/andaime para os alunos da sala de Pedagogia subirem em degraus mais altos na produção escrita, e que, em um determinado momento, será retirado esse andaime e as pessoas devem estar preparadas para caminhar sozinhas sem seu auxílio.
No texto, Freitas (2009) cita Vygotsky, no que se refere ao conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal. Temos nessa concepção a compreensão da zona do desenvolvimento real, condição em que a pessoa consegue realizar sozinha uma tarefa; e o desenvolvimento potencial, em que a pessoa não consegue realizar a tarefa sem auxilio de outra. Com isso, pode-se observar que a criança precisa interagir com o outro e com o ambiente social para internalizar conceitos e adquirir o aprendizado em seu processo de leitura. E o professor, assim como um colega, pode ser o mediador para o aluno prosseguir em seu processo de desenvolvimento e aprendizado.
Para Paulo Freire (1989) a leitura do mundo precede a leitura da palavra. Ou seja, o aluno, ao ler um texto, recorre a sua vivência de mundo, aos seus conhecimentos prévios, para relacionar as informações que está lendo com o que conhece. Sendo que quanto mais tem informações do mundo, mais cria um repertório cultural que irá lhe auxiliar no momento da leitura e compreensão.
Freitas (2009) cita, ainda, as autoras Koch e Elias, ao destacar que, além do conhecimento de mundo para poder ler e compreender um texto, também é importante o conhecimento linguístico e o conhecimento interacional. Afinal, no momento da leitura, será importante ter um rico repertório de palavras e seu significado, para conseguir compreender o que está lendo.
Para Freitas (2009), a princípio, a decodificação faz parte da leitura da criança, é por meio dela que o aluno pode buscar seu significado e compreender sua leitura. A autora defende duas posições importantes para a leitura, primeiramente que é o vocabulário que leva a leitura, pois quanto maior o número de palavras conhecidas melhor a compreensão do texto lido; e que é a leitura que leva ao vocabulário, pois quanto mais tem acesso à leitura mais palavras aprendem e mais conhece o mundo.
Enfim, com os estudos a respeito dos princípios freirianos, pode-se dizer que eles são importantes para serem utilizados em todas as fases da educação do indivíduo em seu processo de ensino, porém destaco-os na Educação Infantil.
De acordo com o criador desses princípios, Paulo Freire, a leitura da criança vai além de saber ler e escrever, e sim saber realizar a leitura do mundo que a cerca, por meio de suas vivências e experiências, ter o conhecimento do mundo. Com isso, é fundamental oportunizar às crianças da Educação Infantil a troca de conhecimentos para ocorrer um enriquecimento de aprendizado, por meio da socialização e interação.
Portanto, esses princípios são utilizados de diferentes maneiras na Educação Infantil, por meio de círculos de cultura (que ocorrem com a nomenclatura de roda da conversa), diálogo, leitura de mundo (que eles fazem a todo o momento imitando e representando o mundo a sua volta), temas significativos, palavras geradoras (que são utilizadas, sendo uma das primeiras palavras o próprio nome da criança em atividades pedagógicas). 
Por fim, ressalto que Paulo Freire criou uma teoria pedagógica valiosa para o processo de aprendizado e desenvolvimento tanto do adulto quanto da criança.
Referências Bibliográficas:
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 17ª. ed. 1987.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1989.

FREITAS, Vera Aparecida de Lucas. Mediação: estratégia facilitadora da compreensão LEITORA. In: RODRIGUES, Caroline; SILVA, Cláudia Heloísa Schmeiske da; LOPES, Iveuta Abreu; BERTONI-RICARDO, Stella Maris; MACHADO, Veruska Ribeiro. Leitura e Mediação Pedagógica. v. 30. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. (Série Estratégias de Ensino).

Ariellen de Araujo Gois (7º semestre Pedagogia PARFOR)

O círculo de cultura e a construção coletiva do conhecimento


No dia 30 de março de 2015, a partir das 19 h, tivemos uma aula com a professora de Conteúdo de Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa II, em que participamos de um Círculo de Cultura. 
A sala foi organizada da seguinte forma um grupo fica dentro do círculo para realizar o diálogo e o outro grupo fica fora para fazer as observações e as anotações. O tema gerador foi a "mediação da leitura" (SOUZA; SERAFIM, 2009). O clima estava bem agradável e todos pareciam estar curiosos. As pessoas estavam calmas, todos opinaram, mas a maioria das questões foi respondida com a mediação da professora. A mediação da professora foi fundamental para entendemos mais sobre o assunto. Segundo Freitas (2009, p. 65), todo professor tem a grande missão de levar o aluno a conquistar “autonomia nas ações de ler e escrever”.
A intenção da atividade proposta era aprender e compreender sobre alfabetização e letramento, baseando-nos nas teorias de Paulo Freire (1987), compreendendo seus princípios pedagógicos.
Comparamos nossas vivências com a atividade proposta, discutimos principalmente como eram as práticas escolares de leitura, e como são na atualidade. Antigamente, quase todos da sala só faziam leitura por meio de cartilhas, e hoje em dia, com a diversidade de livros que vêm para as escolas e creches, é raro ver os livros se estragando nas prateleiras das escolas. No entanto, alguns educadores não dão a mínima importância para o ato da leitura e de formar cidadãos leitores. 
As opiniões eram quase as mesmas, até porque todas vivenciam os mesmos problemas no seu dia-a dia . Com base na leitura do texto e na observação da discussão no Círculo de Cultura, pode-se concluir que a leitura é um direito da criança, que a escola é o agente responsável pela inserção da criança no mundo da leitura. Atividades com diferentes gêneros textuais e produção de textos são indispensáveis para ampliar o repertório de palavras da criança, e devem fazer parte da rotina escolar, desde a educação infantil. Para Freitas (2009) o mundo da leitura e da escrita exige que o professor, como mediador, possibilite aos alunos, no processo de ensino e aprendizagem, a leitura, o diálogo, as atividades criativas de problematização, a reescrita de textos, as adaptações às condições da escola, a observação da reação do aluno com as dinâmicas, como mediação na construção do conhecimento.
Considero que o círculo da cultura foi muito produtivo e todos os princípios freireanos estiveram presentes durante a atividade: círculo de investigação; círculo de cultura; tema gerador (leitura); diálogo; leitura de mundo; tematização e problematização (por meio de perguntas). 
Esta é uma atividade que pode ser facilmente inserida na rotina escolar. Ela faz com que o educando sinta-se parte do processo de construção do conhecimento, pois exige ação e reflexão.
Segundo Paulo Freire (1987), com o círculo de cultura, que conhecemos como "a roda", a criança, na educação infantil, se liberta das cadeiras enfileiradas e passa a participar da roda de conversa. Uma educação libertadora, em que a criança começa a ter voz, expor seus sentimentos e trocar experiências de cultura. Também abandona a leitura das cartilhas, em que tínhamos um ensino sistematizado e rígido, e passamos a ter um aprendizado de leitura de mundo, segundo a qual tudo que a criança sabe é relevante para sua aprendizagem.

Referências bibliográficas:

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 17ª. ed. 1987.

FREITAS, Vera Aparecida de Lucas. Mediação: estratégia facilitadora da compreensão LEITORA. In: RODRIGUES, Caroline; SILVA, Cláudia Heloísa Schmeiske da; LOPES, Iveuta Abreu; BERTONI-RICARDO, Stella Maris; MACHADO, Veruska Ribeiro. Leitura e Mediação Pedagógica. v. 30. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. (Série Estratégias de Ensino).

SOUZA, Helen Danyane Soares Caetano de Souza; SERAFIM, Mônica de Souza. A mediação da LEITURA na educação infantil: onde a leitura de mundo precede a das palavras. In: RODRIGUES, Caroline; SILVA, Cláudia Heloísa Schmeiske da; LOPES, Iveuta Abreu; BERTONI-RICARDO, Stella Maris; MACHADO, Veruska Ribeiro. Leitura e Mediação Pedagógica. v. 30. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. (Série Estratégias de Ensino).

Rosangela Aparecida Bispo (7º semestre Pedagogia PARFOR)

O círculo do conhecimento

O Círculo da Cultura foi realizado aos trinta dias do mês de maio do ano de 2015, pela professora Rosana e nós alunas do sétimo semestre de Pedagogia Parfor. 
O Círculo de Cultura é uma proposta Freireana que tem por objetivo discutir um tema entre os participantes, em que existe uma troca de conhecimentos e debates sobre um determinado assunto, de acordo com autores e nossos conhecimentos enciclopédicos.
Freire (1989) defende que “a leitura de mundo precede a leitura da palavra”, o sujeito faz a leitura de mundo ao seu redor, e a partir dos conhecimentos adquiridos por meio da leitura de mundo é que a leitura da palavra ganhará sentido para ele.
O tema gerador do nosso Círculo de Cultura foi "leitura" e teve como base para a discussão o artigo: A mediação da LEITURA na educação infantil: onde a leitura de mundo precede a das palavras (SOUZA; SERAFIM, 2009). A professora pediu que, após a leitura individual do texto, elaborássemos questões para serem levantadas durante a atividade.
No início do nosso Círculo de Cultura, me senti um pouco receosa por nunca ter participado de uma atividade como essa, a câmera que nos filmou também me deixou inibida. Mas a classe estava tranquila e logo todos estavam participando desse momento dialógico. 

Por meio das minhas observações e anotações feitas durante a atividade, pude registrar que houve relatos de colegas de classe sobre as dificuldades encontradas no seu cotidiano em relação a como precisa ser realizada a leitura na Educação infantil.
Freire (1987) nos diz que a interação entre o aluno e o professor é importante, e não deve ser rompida. O professor precisa ser um facilitador de aprendizagem, fazendo interferências quando preciso, mas não anulando os conhecimentos que o aluno tem e tampouco impedindo que ele desenvolva a sua criatividade.
No nosso Círculo de Cultura, também foi levantada a questão pela nossa companheira de sala Rosa, sobre a falta de comportamento leitor, muitas vezes pelos próprios professores, o que torna o ensino e aprendizagem da leitura algo monótono e desmotivador para nossos alunos.
Enquanto professores, devemos ser exemplos para nossos alunos. Ao realizarmos os momentos de leituras com nossos alunos, é importante apresentar a eles o autor e ilustrador, essas atividades pré-leitoras facilitam a aprendizagem e enriquecem o conhecimento dos alunos; bem como, durante a leitura, envolver a participação dos alunos, fazendo questões sobre o que estão compreendendo, ajuda-os a realizar a leitura compreensiva. Esses procedimentos guiam o raciocínio e a atenção do aluno, caracterizando-se como a "mediação pedagógica da leitura" de que nos falam Souza e Serafim (2009).
O papel do professor mediador é ser um apoio para o aluno. O aluno se tornará um leitor competente à medida em que forem trabalhadas com ele maneiras de se posicionar diante da leitura. A leitura não deve ser feita em um momento qualquer sem contextualidade, só para “tapar buracos” na rotina escolar, mas precisará ser uma atividade preparada, como explicam as autoras quando utilizam um "protocolo de leitura", em que percebemos claramente as atividades de pré, durante e pós leitura planejadas previamente e desenvolvidas com o alunos.
Uma de nossas colegas também colocou em nosso debate, se a falta de padronização do ensino interfere na alfabetização. Foram discutidos e debatidos alguns pontos de vistas e opiniões, pois existe um conflito entre essa questão curricular.
A intertextualidade é de extrema importância na formação da criança leitora ela amplia o vocabulário, pois segundo MacGuinness (2006), quanto mais se lê mais se entra em contato com palavras desconhecidas.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, o ensino da leitura e da escrita pode ocorrer simultaneamente, e não necessariamente com o domínio das famílias silábicas. A escola deve fornecer aos seus alunos textos que circulam socialmente.
Finalizando minhas observações feitas nesta atividade, considerei que, embora minha timidez não permita que eu tenha tanta desenvoltura para me expressar como as demais colegas, foi uma atividade enriquecedora. Mesmo estando (no primeiro momento) fora da roda, não me senti excluída e por fora dos assuntos discutidos, pude observar os comportamentos dos colegas, notei uma grande participação da sala e também esclarecer algumas dúvidas que, coincidentemente, algumas colegas questionaram. 

Concluo que o Círculo de Cultura, conforme Freire (1987) é um momento riquíssimo, no qual podemos trocar conhecimentos, e aprendemos e ensinamos coletivamente.

Referências Bibliográficas:

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 17ª. ed. 1987.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1989.

SOUZA, Helen Danyane Soares Caetano de Souza; SERAFIM, Mônica de Souza. A mediação da LEITURA na educação infantil: onde a leitura de mundo precede a das palavras. In: RODRIGUES, Caroline; SILVA, Cláudia Heloísa Schmeiske da; LOPES, Iveuta Abreu; BERTONI-RICARDO, Stella Maris; MACHADO, Veruska Ribeiro. Leitura e Mediação Pedagógica. v. 30. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. (Série Estratégias de Ensino).

Elza Helena Costa (7° semestre Pedagogia PARFOR)