quarta-feira, 29 de abril de 2015

Círculo de Cultura/Círculo de Investigação: Dialogar para Evoluir


No dia 13/04/2015, na Universidade Católica de Santos, campus Dom Davi Picão, às 19h30min., iniciou-se um “círculo de cultura” (FREIRE, 1987) na aula da professora Rosana Pontes, em que o tema gerador do diálogo foi a "leitura", por meio da problematização do texto: A Mediação da LEITURA na Educação Infantil:onde a leitura de mundo precede a das palavras (SOUZA; SERAFIM, 2009).
O clima da sala era favorável, a maioria das alunas estava calma e centrada. A atividade iniciou-se com algumas dúvidas sobre o Plano de Desenvolvimento da Educação PDE, em relação ao aprendizado em leitura, que passou a ser reconhecido como um direito, e a escola tem como obrigação promover o exercício da cidadania, referente ao ensino da Língua Portuguesa. Direito esse que, muitas vezes, não vemos sendo cumprido em nossas vivências diárias.
No nosso "círculo de cultura", na maior parte do tempo, foi respeitada a vez do outro falar, mas houve também algumas vezes em que se falou por cima do outro. Quem estava no “círculo de investigação” também não conseguiu só observar, teve sua vez no diálogo do “círculo de cultura”.
O que mais me intrigou foi o número de relatos vividos nos locais de trabalho das participantes, como as dificuldades e barreiras encontradas para um melhor desenvolvimento da prática da leitura com os alunos. E, ao ouvir esses relatos, percebemos que a educação brasileira, ainda, deixa muito a desejar.
Aprendi sobre o “Protocolo de leitura”, proposto pelas autoras do texto problematizado (SOUZA; SERAFIM, 2009), que trabalhar a leitura por etapas, com questões colaboradoras para o aprendizado da criança é extremamente importante no âmbito da alfabetização. Para Freire (1987), o alfabetizando antes de entrar no universo da leitura e da escrita já tem uma Leitura de Mundo. E essa leitura precede a leitura da palavra. Alfabetizar para Freire (1987) é problematizar a realidade em que os educandos estão inseridos para, a partir daí, transformá-la, desvelando as desigualdades de classe, conscientizando e engajando alfabetizadores e alfabetizandos na arena da politização. A linguagem, enquanto ideologia, é utilizada para indagar acerca do mundo em que vivemos.
Houve bastante participação da maioria das participantes que formava o círculo de cultura, com muitos relatos de suas vivências. O objetivo de um “Círculo de Cultura”, de acordo com Paulo Freire (1987), é a troca de experiência coletiva, de diálogo, para que haja transformação social.
Algumas questões discutidas foram: O material didático é fundamental no auxilio ao professor? E por que o contexto social influencia tanto quando falamos de letramento? Há exceções?
Descobri que um bom professor necessita de seus conhecimentos e de sua criatividade, que o material de ensino muitas vezes pode ser um auxilio nada construtivo, e que, apesar do contexto social influenciar no letramento, vai de cada um buscar mais e mais conhecimento. O professor, segundo Souza e Serafim (2009), precisa ser um agente de letramento e um ser participativo para o melhor desempenho do seu aluno.
Falou-se também da importância da criança ter um bom conhecimento enciclopédico. Conhecimento enciclopédico é o que Freire (1987) chama de conhecimento de mundo. A criança aprende conforme o que ela vive. Por isso, a contribuição freireana se justifica pela concepção que esse teórico nos trouxe sobre o papel do educando no processo educativo, pautado na ideia de que a “leitura do mundo precede a leitura da palavra” (FREIRE, 1987, p.11).
"[...] no processo de aprendizagem, só aprende verdadeiramente aquele que se apropria do aprendido, transformando-o em apreendido, [...] Aquele que é “enchido” por outro de conteúdo cuja inteligência não percebe; de conteúdos que contradizem a forma própria de estar em seu mundo, sem que seja desafiado, não aprende". (FREIRE, 1987, p. 28)
Algo significativo para a construção da roda ou círculo de cultura é acreditar que se faz indispensável que o professor tenha internalizado que “a educação é uma forma de intervenção no mundo”. (FREIRE, 1987, p. 98)
Concluí, que a roda ou círculo de cultura é uma rica troca de experiências vividas e relatos do nosso cotidiano, em que podemos aprender uns com os outros e faço minhas palavras, as palavras de Freire (1987, p. 81):
"Como educador preciso ir 'lendo' cada vez melhor a leitura do mundo que os grupos populares com quem trabalho fazem de seu contexto imediato e do maior de que o seu é parte. O que quero dizer é o seguinte: não posso de maneira alguma, nas minhas relações político-pedagógicas com os grupos populares, desconsiderar seu saber de experiência feito".
Entendi que a explicação do mundo de que faz parte é a compreensão de sua própria presença no mundo. E isso sugere o que é a “leitura do mundo” o que precede sempre a “leitura da palavra”.
Freire afirma ainda: “ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo”. (1987, p. 39)
Isso é um fato!
Referências bibliográficas:

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 17ª. ed. 1987.

SOUZA, Helen Danyane Soares Caetano de Souza; SERAFIM, Mônica de Souza. A mediação da LEITURA na educação infantil: onde a leitura de mundo precede a das palavras. In: RODRIGUES, Caroline; SILVA, Cláudia Heloísa Schmeiske da; LOPES, Iveuta Abreu; BERTONI-RICARDO, Stella Maris; MACHADO, Veruska Ribeiro. Leitura e Mediação Pedagógica. v. 30. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. (Série Estratégias de Ensino).

Samantha Mendes Adão Aguiar 
(7º semestre Pedagogia PARFOR)

domingo, 26 de abril de 2015

A importância de ler, entender e escrever o mundo


Na primeira aula de Conteúdo e Metodologia de Ensino da Língua Portuguesa, a professora surpreendeu a todos da classe com um texto bem diferente do que esperávamos. Por um instante, me deparei com o sentimento de impotência em relação a não conseguir entender a proposta sugerida pela professora. Me coloquei no lugar das pessoas que não conseguem ler e nem interpretar e um sentimento triste tomou conta de mim. 
A “carta em alemão” foi um exercício interessante para refletirmos como o ato de ler e compreender o que se está lendo, de modo a entender os mais diversos significados que as palavras podem ter, é de grande relevância.
A prática da leitura é imprescindível na vida de qualquer pessoa. A leitura nos dá a oportunidade de enxergarmos o mundo, nos dando acesso a novos conhecimentos. Paulo Freire (1989), em “A importância do ato de ler”, nos explica que, ao ensaiar escrever sobre a importância do ato de ler, ele se sentia levado, de modo prazeroso, a “reler” momentos fundamentais de sua vida e de sua prática de professor, guardados na memória, desde as experiências mais remotas de sua infância, de sua adolescência e de sua mocidade, “em que a compreensão crítica da importância do ato de ler se veio em mim se constituindo” (p. 4).
Portanto, é possível afirmar que ler é um aprendizado constante e infinito que amplia nosso vocabulário e nos dá capacidade de interpretação e de atribuir significados e sentidos a novas palavras. Conforme nos fala Paulo Freire: “Primeiro, a leitura do mundo, do pequeno mundo em que me movia; depois, a leitura da palavra que nem sempre, ao longo de minha escolarização, foi a leitura da palavramundo”. (p. 4)
A leitura desperta o entendimento e o argumento crítico das questões relativas a acontecimentos que se passam no mundo global. Nesse sentido, Freire (1989) defende que “buscando a compreensão do meu ato de ler o mundo particular em que me movia, permitam-me repetir, re-crio, re-vivo, no texto que escrevo, a experiência vivida no momento em que não lia a palavra”. (p. 4)
O ato de ler é uma prática de aquisição de novos conhecimentos que deveria estar no cotidiano cultural de todas as pessoas, independente da classe social. E, como futuros educadores, devemos despertar o interesse pela leitura nas pessoas. Freire (1989) nos mostra o quanto é importante termos este hábito transformador que é a leitura, quando nos relata sua experiência pessoal de que foi alfabetizado à sombra de uma mangueira, de forma tão significativa que levou essa memória para toda a vida, e, a partir daí, pensou em criar a Pedagogia do Oprimido.
Complementando esta reflexão, a partir da leitura de Freire (1989), pude rememorar minhas experiências pessoais com a escrita e a leitura e me recordo que a única oportunidade para a formação do hábito de ler tive por intermédio de minha mãe que, com seu jeito tão simples, me ensinou a ler, utilizando a Cartilha Caminho Suave. Me lembro da sensação de prazer em estar com a minha mãezinha nesses momentos de aprendizagem da leitura.
Iniciei na escola com 9 anos de idade, já estava alfabetizada, pensei que teria o prazer de continuar aprendendo de uma forma prazerosa, mas me deparei com um método tradicional e mecânico, tive a sensação de ser um sujeito copiador da teoria dos outros, como aborda Madalena Freire (1996). O desafio de exercitar a leitura e o conhecimento de novas palavras e seus significados só tive quando iniciei na faculdade.
Se todos nós tivéssemos a consciência de tal importância do hábito da leitura e de tudo que proporciona na vida das pessoas, e por mais simples que seja o incentivo para começarmos, seria mais fácil inserirmos tal prática na sociedade, dando oportunidades igualitárias para toda e qualquer pessoa para ler e compreender o mundo.
No que se refere à importância de escrever, refletindo sobre a prática docente, Madalena Freire (1996), em “Observação, registro, reflexão”, defende o registro escrito das atividades pedagógicas, pelo professor, como instrumento metodológico de autoformação. Isso quer dizer que o questionamento é fundamental para se seguir caminhos que possibilitam a ação do professor no ensino e aprendizagem do fazer ler, do expressar e comunicar ideias e sentimentos, bem como aprender junto com seus alunos a construir conhecimentos e mudanças em suas histórias de vida.
É possível reconhecer que este exercício que começou com a leitura da “carta em alemão”, incorporou a leitura dos textos de Paulo Freire e Madalena Freire, para terminar com este registro reflexivo teve por finalidade fazer-nos refletir sobre nossa prática de professoras alfabetizadoras. Esta é uma ação imprescindível do professor formador de professores, como mediador responsável pelos desafios de despertar e desenvolver a capacidade reflexiva sobre o que nós, professores em formação, já sabemos e o que ainda não dominamos. Como diz o texto: “temos a obrigação de criarmos caminhos como artista que somos na arte de ensinar e na interação com outros”. (M. FREIRE, 1996, p. 6)
Concluo defendendo que a leitura compreensiva se realiza quando o leitor apreende novos significados das palavras do mundo.

Referências Bibliográficas:

FREIRE, Madalena. Observação, registro e reflexão: Instrumentos Metodológicos I. 2ª ed. São Paulo: Espaço Pedagógico, 1996.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1989.

Andréa da Silva (7º semestre Pedagogia PARFOR)

Círculo de Cultura 1: construção de conhecimento


O presente relatório descreve o "Círculo de Cultura" que foi realizado no dia 30 de março de 2015, na Universidade Católica de Santos, no Campus D. Davi Picão, Rua: Comendador Martins, nº 119, às 19:30, com os alunos do 7º semestre do Curso de Pedagogia Parfor, do período vespertino e noturno, e mediação da professora Rosana Pontes. O Círculo ficou aos cuidados dos alunos, com o objetivo de conhecermos uma metodologia de trabalho pedagógico (FREIRE, 1987), bem como de discutirmos aspectos relacionados ao desenvolvimento da leitura e escrita.
Para a realização da atividade, a sala foi dividida em dois círculos: um para observação (círculo da investigação), e outro para as interações culturais, por meio do diálogo (círculo da cultura). Tudo registrado e filmado, ao encargo do André, aluno da sala.
Em relação à atividade da qual participei, no círculo de investigação, exercitando, conforme Madalena Freire, o “olhar da observação” em sala de aula, tudo começou em clima positivo, os alunos estavam tranquilos e demonstravam autonomia ao problematizarem o texto: A Mediação da LEITURA na Educação Infantil: onde a leitura de mundo precede a leitura das palavras (SOUZA; SERAFIM, 2009). Foram surgindo comentários sobre como os educadores devem lidar, em uma cultura letrada, com o conhecimento de mundo do leitor na Educação Infantil, em processo de alfabetização e letramento.
A socialização da leitura do texto citado, no Círculo de Cultura, ocorreu com perguntas ligadas a ações ao Plano de Desenvolvimento da Educação PDE sobre o aprendizado em leitura, que passou a ser reconhecido como um direito, e a escola com a obrigação de promover o exercício da cidadania, com referência ao ensino da Língua Portuguesa. Essas concepções são complementas pelo Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, documento que orienta o currículo da Educação Infantil.
O grupo socializou respostas a pergunta sobre estratégias de leitura, de como deverá ser trabalhada a alfabetização em escolas beneficiadas por acervo de livros didáticos e infantis e também registros de escolas municipais que não são beneficiadas por materiais que estão disponíveis no site do MEC. Segundo a Profa. Rosana Pontes, na escola municipal onde trabalhou como Diretora, há vasto acervo de livros didáticos variados e de qualidade para as professoras trabalharem com projetos voltados ao domínio da leitura e escrita. Acervo este que também deve ser de livros, jornais, revistas para um repertório intertextual.
De acordo com Soares (2003), os vários tipos e níveis de letramento variam de acordo com o contexto social do indivíduo e sua cultura. Alguns autores propõem a reflexão acerca do uso do termo letramento, no plural.
É interessante reiterar com o texto (SOUZA; SERAFIM, 2009) que o educador atua como mediador para o aluno, interagindo e ajudando-o nas atividades diversificadas de leitura. Nesse processo de mediação, ampliam-se as possibilidades de aprendizagem da linguagem escrita, por meio de um trabalho que propicia situações significativas. Por meio da palavra, a criança amplia seu conhecimento do mundo e aprende a ter a consciência de si própria. E isso significa, para a criança, organizar o mundo e passar a ver, conhecer, a cultura humana e a natureza.
A atividade no “círculo de cultura” nos mostrou que, na Educação Infantil, a prática coletiva de ler na “roda de leitura” é muito importante para os professores e alunos interagirem com livros, revistas, jornais etc., buscando o poder da palavra, de modo que a palavra transforme a realidade da criança. E isso pode acontecer através de um diálogo verdadeiro para a formação de um leitor. 
Do mesmo modo, a importância da relação familiar contribui para que as crianças criem processos de leitura e escrita, em que o professor identifica conhecimentos prévios e os relaciona a novas aprendizagens. Discutir a relação entre professor/aluno sugere reflexões sobre os conteúdos de muitas propostas curriculares contemporâneas, no exercício pedagógico de mudar essa visão do método tradicional, em que o professor depositava conteúdos na reprodução de “práticas bancárias” (FREIRE, 1987) e mudar a pedagogia de hoje para a valorização da criatividade de novas práticas para a alfabetização.
Cito uma reflexão de Madalena Freire (1996) que destaca que o registro escrito é tarefa básica do professor, porque assim poderá dar forma, comunicar o que pensa, para poder refletir, rever, aprofundar, construir o que ainda não conhece, enfim, o que necessita aprender. A grande descoberta, a grande elaboração: dar voz ao aluno, no sentido da sua leitura de mundo, da sua brincadeira, do seu desenho, da sua comunicação em sua própria linguagem, ao modo de contar o que a criança entendeu e desenvolvê-lo em um reconto.
Segundo Paulo Freire (1987), que criticava o sistema tradicional, o qual utilizava a cartilha como ferramenta central da didática para o ensino da leitura e da escrita, está na hora de acordarmos e percebermos que, ao melhorar, é preciso que os educadores se envolvam na realidade do mundo dos educandos, investigando constantemente seu universo.
A atividade com o “Círculo de Cultura” fortaleceu para nós a relação entre prática/teoria e a compreensão de que ambas precisam andar juntas. Por meio do estudo, pude aprimorar meus conhecimentos, compreender as fases do desenvolvimento da criança, observando o desenvolvimento infantil em idades diferentes.
O resultado principal desta atividade foi abrir um espaço de reflexão e permitir a compreensão por todos os envolvidos de que só haverá uma mudança de postura na ação, para promovermos nosso próprio desenvolvimento profissional e as inovações curriculares necessárias na escola, se pudermos construir conhecimentos coletivamente, exercitando o diálogo e a problematização, conforme nos ensina Freire (1987).

Referências Bibliográficas

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 9. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra: 1987.

SOARES, Magda. As muitas facetas da alfabetização. In: Alfabetização e letramento. São Paulo: Contextos, 2003.

SOUZA, Helen Danyane Soares Caetano; SERAFIM, Mônica de Souza. A mediação da LEITURA na educação infantil: onde a leitura de mundo precede a leitura da palavra. In: RODRIGUES, Caroline; SILVA, Cláudia Heloísa Schmeiske da; LOPES, Iveuta Abreu; BERTONI-RICARDO, Stella Maris; MACHADO, Veruska Ribeiro. Leitura e Mediação Pedagógica. v. 30. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. (Série Estratégias de Ensino).

WEFFORT, Madalena Freire. Observação, registro, reflexão. São Paulo: Espaço Pedagógico, 1996. p. 41-43

Maria das Dores Ferreira de Moura 
(7º semestre Pedagogia PARFOR)

Círculo de Cultura 1: dialogar exige respeito


A atividade “Círculo de Cultura” (FREIRE, 1987) foi proposta pela profa. Me. Rosana Pontes, a partir da leitura do texto A mediação da LEITURA na educação infantil: onde a leitura de mundo precede a das palavras (SOUZA; SERAFIM, 2009), em que todos da sala deveriam ler o texto oferecido e, então, uma parte da sala participaria do “círculo da cultura” e a outra faria a observação sobre o assunto discutido, gerando, assim, este relatório de observação.
Analisando o círculo de cultura, observei a sala como sempre, uns interessados e outros bem dispersos. Pude verificar que muitas alunas não tinham lido o texto, pois estavam focadas em outro assunto, e isso atrapalhou a atividade.
As pessoas que estavam dentro do círculo de cultura, também analisei desta forma, poucas alunas tiveram propriedade sobre o que estava sendo discutido, percebi que sempre as mesmas pessoas intervinham e faziam questionamento sobre o texto. Como sempre, a mediação maior foi por parte da professora Rosana, sempre muito comprometida com o que faz.
A intenção da atividade proposta era aprender e compreender sobre alfabetização e letramento, baseando-nos metodologicamente nas teorias de Paulo Freire (1987), compreendendo seus princípios pedagógicos. Houve sim esta interação. Nosso tema gerador, nesta atividade, foi a mediação pedagógica da leitura. 
Pudemos comparar nossas vivências com a atividade proposta, discutimos desde como o poder público está investindo na leitura dentro das escolas, dando a oportunidade aos alunos de conhecer o mundo, por meio dos livros, fato que há algum tempo não existia nas escolas. A leitura era somente das cartilhas, mas o ponto negativo é que alguns profissionais relutam para fazer o trabalho de uma leitura diária, não só para o aluno, mas com o aluno. 
Fazer com que os alunos tenham acesso a esses livros, às vezes, é bem complicado, dependendo da gestão da unidade escolar. Esse assunto foi bem discutido e foi quase unânime a opinião de ser um fator que dificulta, muitas vezes, a formação de cidadãos leitores e críticos.
O diálogo, como já comentado anteriormente, aconteceu entre poucas alunas e a professora, mas todas que estavam ali respeitaram a opinião e o momento de fala de cada um. Não houve muitas divergências de opinião, pois a vivência da maioria é a mesma, e, é nessas atividades de troca, que percebemos que existem os mesmos problemas em todos os municípios, e que a diferença quem fará somos nós professoras dentro da sala de aula. Então, é nesse ponto que chegamos ao item problematização e conscientização. Já sabemos os problemas a serem enfrentados e precisamos nos conscientizar sobre a importância desse trabalho diário de leitura, e que sem essa prática não conseguiremos formar cidadãos leitores.
Percebemos, mais uma vez, durante o círculo, que, apesar de existirem vários espaços sociais promotores de letramento, a escola ainda é vista como a maior responsável pela aquisição da leitura. Então, cabe ao professor desenvolver estratégias adequadas, como a proposta do texto estudado, para que o aluno tenha acesso a uma leitura diversificada, e que é função do professor conscientizar seus alunos de que ler é não somente decodificar e sim compreender e saber interpretar aquilo que está sendo lido.
Refletindo sobre os ensinamentos de Paulo Freire (1987), apesar de ser um educador conhecido para a educação de jovens e adultos, suas contribuições foram bastante inovadoras no cenário da Educação Infantil. Com o círculo de cultura, a criança, na educação infantil, se liberta das cadeiras enfileiradas e passa a participar da roda de conversa. Uma educação libertadora, em que a criança começa a ter voz, expor seus sentimentos e trocar experiências de cultura. Também abandona a leitura das cartilhas, em que tínhamos um ensino sistematizado e rígido, e passamos a ter um aprendizado de leitura de mundo, segundo a qual tudo que a criança sabe é relevante para sua aprendizagem.

Referências bibliográficas:

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 17ª. ed. 1987.

SOUZA, Helen Danyane Soares Caetano de Souza; SERAFIM, Mônica de Souza. A mediação da LEITURA na educação infantil: onde a leitura de mundo precede a das palavras. In: RODRIGUES, Caroline; SILVA, Cláudia Heloísa Schmeiske da; LOPES, Iveuta Abreu; BERTONI-RICARDO, Stella Maris; MACHADO, Veruska Ribeiro. Leitura e Mediação Pedagógica. v. 30. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. (Série Estratégias de Ensino).

Alessandra Barbara Pontes (7º semestre Pedagogia PARFOR)

Círculo de Cultura 2: O diálogo e a reflexão na sala de aula


Foi pensando numa proposta diferente de metodologia do ensino da língua portuguesa, que a professora Rosana Pontes, da Universidade Católica de Santos, resolveu realizar com os alunos, com base em Paulo Freire, dois círculos de diálogos – ou “círculos de cultura” –, nas aulas de 30/03 e de 13/04/2015.
Neste sentido, a prática pedagógica leva o aluno à construção do seu conhecimento, “todos juntos, em círculo, e em colaboração, reelaboram o mundo e, ao reconstruí-lo, apercebem-se de que, embora construído também por eles, esse mundo não é verdadeiramente para eles”, relata Freire (1987, p. 12). Ou seja, em nossas aulas, o conceito freireano de “círculo de cultura” constituiu-se em uma metodologia que não só leva os alunos a construir seus conhecimentos, mas também a aprender a ensinar, por serem alunos do curso de Pedagogia.
Na preparação, uma turma ficou no círculo do meio e a outra no círculo externo. A turma que estava no meio dialogou e problematizou sobre o texto lido. Os alunos que estavam de fora registaram a conversa. Esta dinâmica, confirma o que explica Paulo Freire, na Pedagogia da Autonomia (1996, p. 47): “ensinar é criar possibilidades para a produção ou construção de novos pensamentos e reflexões, sobre o assunto que está em pauta”.
Alguns dias antes de desenvolver esta atividade, a professora pediu que os alunos estudassem o texto de Vera Aparecida de Lucas Freitas, Mediação: estratégia facilitadora da compreensão LEITORA e pontuassem perguntas mais relevantes. Esse artigo discutiu a importância da mediação pedagógica da leitura em sala de aula, como diz Freitas (2009, p. 65), todo professor tem a grande missão de levar o aluno a conquistar “autonomia nas ações de ler e escrever”.
Durante a preparação do círculo, percebi que todos os alunos estavam calmos e até estavam sorridentes por estarem sendo filmados pela professora. Quando eu olhei ao redor, observei que alguns alunos também estavam filmando com seus próprios celulares, não participando diretamente da conversa. Para começar, apenas uma aluna pronunciou-se com a seguinte pergunta:
Como o professor pode, em uma sala de aula, perceber que alguns alunos não conseguem desenvolver a leitura e a escrita? E como lidar com esta situação numa sala com muitos alunos?
Então a professora explicou:
P: – Mediante a necessidade que se percebe, é possível criar atividades que auxiliem estes alunos.
Na sequência, outra aluna de dentro do círculo ressaltou.
A: – Também fiquei surpresa quando meus alunos do terceiro ano não sabiam escrever nomes de frutas.
Outra aluna mostrou como solução uma atividade realizada no quinto ano, destacando a estratégia metodológica do professor: uma atividade de reconto, para ajudar o aluno na leitura e na escrita, considerando suas dificuldades.
A próxima pergunta surgiu do texto problematizado (p. 66), se a Prova Brasil 2011 pode se considerada como indicador para diagnosticar o conhecimento do aluno, porque a escola tem por obrigação proporcionar aos alunos as condições necessárias para o exercício da cidadania. Já que a aprendizagem da leitura e da escrita é um direito. Foi essa pergunta que mais instigou o diálogo entre os alunos, produzindo outros discursos sobre diversas situações da de suas práticas.
Percebi que, durante a conversa, outros alunos não faziam perguntas, mas comparavam o texto com situações vivenciadas nas escolas em que atuam. E, durante o diálogo, alguns alunos, que chegaram tarde na aula, estraram na sala e se sentaram fora do círculo, não respeitando a conversa. Eles falavam de outros assuntos e ficou difícil ouvir a interação do diálogo no círculo.
Achei importantíssimo, quando surgiu a explicação da professora sobre o texto, que destaca que o indivíduo que aprende e desenvolve conceitos por meio da internalização transferida do âmbito social para o individual, processo que Vygotsky chamou de zona de desenvolvimento proximal, em que a mediação acontece ocasionando o aprendizado (FREITAS, 2009, p. 69). Isto mostra que existe possibilidade de aprender com a experiência do outro e rever o que já aprendemos.
Essa é uma estratégia usada por muitos professores, principalmente no Ensino Fundamental que, por meio de pequenas leituras de textos, pode-se perguntar aos alunos sobre a situação vivenciada, os personagens, onde aconteceu, sobre do que se fala, permitindo que o mesmo participe e compare com as situações vividas no seu cotidiano.
O texto de Freitas (2009) explica que o mundo da leitura e da escrita exige que o professor, como mediador, possibilite aos alunos, no processo de ensino e aprendizagem, a leitura, o diálogo, as atividades criativas de problematização, a reescrita de textos, as adaptações às condições da escola, a observação da reação do aluno com as dinâmicas, como mediação na construção do conhecimento.
Tudo isso foi percebido pelo nosso “círculo de cultura”, pois, segundo Freire (1987, p. 9), “o círculo de cultura revive a vida em profundidade crítica. Reviver é estabelecer sobre aquilo que já conhecemos o aperfeiçoamento como se fosse um ingrediente a mais para melhorar e compreender o que já sabemos”. E foi nesta atividade que vivenciamos o diálogo, possibilitando expor experiências vividas, como pensamos como deveria ser. A proposta freireana (1987, p. 9) pode estar presente em toda prática pedagógica, “[...] não foi por acaso que esse método de conscientização originou-se como método de alfabetização”.
Acredito que, para o melhor desenvolvimento desta atividade, seria importante que os alunos escrevessem a pergunta numa cartolina e, na hora do diálogo, mostrassem para os outros, permitindo, assim, uma ordem da conversa. E, talvez, fosse mais produtivo, se os alunos que estavam no meio tivessem a oportunidade de interagir com mais confiança, pois percebi que, assim como eu, evitaram fazer perguntas, por temerem a opinião dos colegas. Conforme explica Paulo Freire (1996, p. 135), ensinar exige disponibilidade para o diálogo: “É no respeito às diferenças entre mim e eles ou elas, na coerência entre o que faço e o que digo que me encontro com eles ou com elas”. Diante dessa problemática, é preciso que os participantes respeitem a opinião dos colegas, por mais simples que possa parecer.
Ainda sugiro que, ao apresentarem as perguntas, os outros alunos dariam sua opinião sobre o assunto e, após o diálogo, a professora interveria explicando o significado, seria uma oportunidade de descobrir o conhecimento enciclopédico (ou conhecimento de mundo) dos alunos.
Por fim, destaco que é bastante relevante utilizar os princípios da pedagogia freireana – o círculo da cultura, a tematização, a problematização e o diálogo – como base da metodologia de ensino em toda prática pedagógica e em tudo que realizamos como professores.

Referências bibliográficas:
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessário à prática educativa. 30ª. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17ª. ed. Rio de Janeiro, (Paz e Terra), 1987.

FREITAS, Vera Aparecida de Lucas. Mediação: estratégia facilitadora da compreensão leitora. In: RODRIGUES, Caroline; SILVA, Cláudia Heloísa Schmeiske da; LOPES, Iveuta Abreu; BERTONI-RICARDO, Stella Maris; MACHADO, Veruska Ribeiro. Leitura e Mediação Pedagógica. v. 30. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. (Série Estratégias de Ensino).

Jane Rosilda Santos Ferreira (7º semestre Pedagogia PARFOR)

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Círculo de Cultura 2: Aprender exige disponibilidade para o diálogo com o conhecimento

O texto sobre o qual farei uma reflexão será “Mediação: estratégia facilitadora da compreensão LEITORA”, de autoria de Vera Aparecida de Lucas Freitas (2009), recomendado pela professora Rosana, como atividade no formato de “círculo de cultura”, inspirada na abordagem de Paulo Freire, para alfabetizar adultos, retirando a figura central de um professor à frente da sala de aula, e os alunos enfileirados, recebendo os conhecimentos, como se fossem “tábuas rasas”.
Nessa atividade, todos os alunos da nossa turma de Pedagogia do 7º semestre, da UNISANTOS, sentaram-se formando 2 círculos: sendo um menor, composto por alunos que debateriam o texto estudado, propondo reflexões e perguntas, mediadas pela professora, que sempre procurou nortear e instigar os trabalhos; e um círculo maior circundando o primeiro círculo que foi denominado como “círculo de investigação” (FREIRE, 1970), composto por alunos que escreveriam um registro reflexivo sobre a atividade.
No “círculo de cultura”, muitas perguntas foram levantadas sobre o texto problematizado, e destacarei algumas: Por que os livros ficam inacessíveis em muitas escolas? O que é protocolo de leitura? O que é ZDP? Como uma professora de 3º ano, numa sala com 30 alunos, que só sabem letra bastão, pode treinar leitura? O professor insatisfeito com a carreira pode passar esse sentimento para os alunos? O que é autor-leitor-texto-mundo? O que é par produtivo? O que é mediação negativa? O vocabulário leva à leitura ou a leitura leva ao vocabulário?
Essas foram algumas das perguntas lançadas pelo grupo. Minha observação sobre o grupo debatedor foi de que todos procuraram participar, ora levantando questões, ora dando depoimentos do dia a dia da sala de aula.
Esse texto trouxe o resultado de uma pesquisa com uma aluna (C) de 5º ano, que, durante 8 meses, foi observada pela pesquisadora (P). Nessa pesquisa, se pretendeu observar as estratégias e habilidades de leitura da aluna, além de mediar ações positivas para ampliar e fortalecer suas competências como leitora.
Dentro da proposta de “círculo de cultura”, considero que foram positivos os resultados, e praticamente todos os princípios freireanos estiveram presentes durante a atividade: círculo de investigação; círculo de cultura; tema gerador (leitura); diálogo; leitura de mundo; tematização e problematização (por meio de perguntas).
De acordo com a consulta ao capítulo 3, do livro “Pedagogia do Oprimido”, de Paulo Freire (1970), material cedido pela profa. Rosana, destacarei alguns trechos que reforçam os resultados positivos de nossa atividade em sala de aula.
Sobre educação bancária e educação problematizadora, Paulo Freire afirma: “O antagonismo entre as duas concepções uma, a “bancária”, que serve à dominação, outra a problematizadora, que serve à libertação, toma corpo exatamente aí, enquanto a primeira necessariamente mantém a contradição educador-educando, a segunda realiza a superação”. ( p. 40)
Ele diz ainda: “A educação problematizadora, se faz assim, um esforço permanente através do qual os homens vão percebendo, criticamente como estão sendo no mundo com que e em quem se acham”. (p. 40)
Em nossa atividade, não houve receio de se fazerem perguntas, de não seguir um conteúdo fechado e pré-determinado pela professora, ao contrário, através das perguntas muitos caminhos se abriram e enriqueceram nosso aprendizado.
O diálogo foi muito importante nessa atividade e sobre isso Paulo Freire (1970) discorre: “Por isso, o diálogo é uma exigência existencial. E se ele é o encontro em que se solidariza o refletir e o agir de seus sujeitos endereçados ao mundo a ser transformado e humanizado, não pode reduzir-se a um ato de depositar idéias de um sujeito no outro, nem tampouco tornar-se simples troca de idéias a serem consumidas pelos permutantes”. (p. 44)
Continua ele: “Para o educador ‘bancário’, na sua antidialogicidade, a pergunta, obviamente, não é a propósito do conteúdo do diálogo, que para ele não existe, mas a respeito do programa sobre o qual dissertará a seus alunos. Para o educador-educando, dialógico, problematizador, o conteúdo programático da educação não é uma doação ou imposição, um conjunto de informes a ser depositado nos educandos, mas a revolução organizada, sistematizada e acrescentada ao povo, daqueles elementos que este lhe entregou de forma desestruturada”. (p. 47)
Nessa atividade, nosso tema gerador foi a leitura, foco da pesquisa das autoras estudadas, e nosso elemento diário, enquanto educadoras, pois lidamos com a formação de leitores nas nossas salas de aulas.
Para Paulo Freire (1970), se na etapa da alfabetização, a educação problematizadora e da comunicação busca uma “palavra geradora”, na pós-alfabetização, busca e investiga o “tema gerador”. Diz ele: “É importante reenfatizar que o ‘tema gerador’ não se encontra nos homens isolados da realidade, nem tampouco na realidade separada dos homens. Só pode ser compreendido nas relações homem-mundo”. (p. 58)
Considerei muito relevante e positiva nossa atividade e que nos proporcionou uma revisita aos conceitos de Paulo Freire, já estudados nos semestres anteriores, uma leitura densa e complexa, do meu ponto de vista, mas que veio clarear, de alguma forma, nossas dúvidas.
Na prática, o que se vê é uma forte resistência da educação “bancária”, como classificou Paulo Freire (1970), praticada ainda nos dias de hoje, na maioria das escolas e até nas universidades brasileiras.
O tema estudado, a leitura, veio bem ao encontro dessa abordagem freiriana, de mediação como forma de ajudar a formação de leitores. Como mediar sem haver diálogo, sem a escuta do outro, sem ouvir a história de vida do aluno?
Finalizo, registrando que gostei muito dessa atividade e que a professora Rosana nos conduziu com extremo profissionalismo.

Referências Bibliográficas:
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 17ª. ed. 1970.

FREITAS, Vera Aparecida de Lucas. Mediação: estratégia facilitadora da compreensão LEITORA. In: RODRIGUES, Caroline; SILVA, Cláudia Heloísa Schmeiske da; LOPES, Iveuta Abreu; BERTONI-RICARDO, Stella Maris; MACHADO, Veruska Ribeiro. Leitura e Mediação Pedagógica. v. 30. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. (Série Estratégias de Ensino).

Lídia Ventura Régis (7º semestre Pedagogia PARFOR)

terça-feira, 21 de abril de 2015

Relatório reflexivo: Círculo de Cultura 2

O Círculo de Cultura realizado no dia 13 de abril de 2015, na sala do 7º semestre de Pedagogia da UNISANTOS, teve como tema gerador o texto “Mediação: estratégia facilitadora da compreensão leitora”, da autora Vera Aparecida de Lucas Freitas (2009), mediado pela professora Rosana Pontes. Foi uma atividade enriquecedora que nos permitiu vivenciar uma prática muito utilizada na Pedagogia Freireana. 
A dinâmica envolveu três etapas: o Círculo de Cultura, onde estavam as pessoas que realizaram o diálogo, a discussão e os questionamentos; simultaneamente acompanhado pelo Círculo de Investigação, composto pelas pessoas encarregadas de observar e fazer anotações; para, posteriormente, produzir o Registro Reflexivo.
O clima do Círculo estava agradável, as pessoas estavam calmas, porém inibidas, poucas pessoas verbalizaram os questionamentos, a maioria das questões foi respondida com a mediação da professora. Houve momentos em que as conversas paralelas atrapalharam o entendimento.
A mediação da professora foi de fundamental importância para que o foco fosse mantido. Vale ressaltar que a participação dos componentes do círculo, fazendo conexão entre o texto e sua prática profissional (compartilhando cultura), foi primordial para a compreensão do assunto em discussão.
O referido texto aborda resultados de uma pesquisa sobre o desempenho em leitura de uma aluna de 5º ano do ensino fundamental, observada por oito meses. A pesquisa tinha como objetivo mostrar que a mediação com intervenções positivas pode ser um instrumento valioso para facilitar a leitura e a compreensão de textos, nos anos iniciais de escolarização. A problemática que permeava o estudo era analisar como a interação entre interlocutores em eventos de leitura tem importante papel no bom desempenho do processo de letramento.
Com base na leitura do texto e na observação da discussão no Círculo de Cultura, pode-se concluir que a leitura é um direito da criança, que a escola é o agente responsável pela inserção da criança no mundo literário, e ainda, que a mediação e intervenção do professor são fatores preponderantes na qualidade e eficácia do letramento.
Atividades com diferentes gêneros textuais e produção de textos são indispensáveis para ampliar o repertório de palavras da criança, e devem fazer parte da rotina escolar desde a educação infantil, pressupondo que esse repertório servirá de banco de dados durante o processo de aprendizagem da leitura. “Lemos para construir saberes, para nos manter informados, para fruição, para entender o mundo (...) Quanto maior o número de informações novas, mais aprendizado haverá” (FREITAS, 2009, p. 70).
Analisando o Círculo de Cultura, na sua totalidade, observa-se que é uma atividade que promove o conhecimento, por meio do diálogo, da pesquisa, da observação e, o mais importante, por meio da interação. É considerada uma prática libertadora que dá voz e vez a todos, em que o educador atua como mediador e não detentor do conhecimento.
É uma dinâmica que pode ser facilmente inserida na rotina escolar. Ela faz com que o educando sinta-se parte do processo de construção do conhecimento, pois exige ação e reflexão. Resumindo:
"Educador e educandos (liderança e massas), co-intencionados à realidade, se encontram numa tarefa em que ambos são sujeitos no ato, não só de desvelá-la e, assim, criticamente conhecê-la, mas também no de re-criar este conhecimento". (FREIRE, 1987, p. 31)

Referências bibliográficas:

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 17ª. ed. 1987. 107 p.

FREITAS, Vera Aparecida de Lucas. Mediação: estratégia facilitadora da compreensão leitora. In: RODRIGUES, Caroline; SILVA, Cláudia Heloísa Schmeiske da; LOPES, Iveuta Abreu; BORTONI-RICARDO, Stella Maris; MACHADO, Veruska Ribeiro. Leitura e Mediação Pedagógica. v. 30. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. (Série Estratégias de Ensino).

Sivaneide Pereira Vieira (7º semestre Pedagogia PARFOR)

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Por que ler, escrever e refletir são atos tão importantes?

Na nossa primeira aula de Conteúdo e Metodologia de Ensino de Língua Portuguesa ll, a professora nos surpreendeu com uma atividade inusitada, e que, no primeiro momento, me deixou confusa.
Ao me deparar com a atividade que o professora Rosana deu em aula, eu pensei: “como vou fazê-la?”. Tratava-se de um texto escrito em Alemão, fiquei um pouco assustada, pois pensei comigo: “Será que ela vai querer que eu o traduza?”. No entanto, ao me reunir com minhas colegas, minha visão se abriu um pouco, procurei por palavras que me fossem de fácil reconhecimento durante o exercício da leitura. Fui juntando uma palavra com a outra, contando também com ajuda da sala. Esse processo coletivo nos ajudou a compreender muitas coisas: como identificar o idioma, o gênero textual carta e muitas palavras parecidas com o português, portanto, no final, consegui fazer a leitura muito superficial, mas foi uma leitura.
Após a leitura de “A importância do ato de ler”, de Paulo Freire, pude compreender que ler é entender o que está escrito, e interpretar o texto. O que faltou para mim foi o conhecimento da língua. Por ser língua estrangeira, as habilidades usadas foram poucas. 
Para Paulo Freire, “a leitura do mundo precede a leitura da palavra”, e que todos trazem consigo sua experiência de vida para compor essa leitura. A criança tem suas imagens textuais sobre suas vivências afetivas, que vão ajudá-la na composição da “leitura de mundo”. Paulo Freire nos explica que ler é muito mais do que decodificar palavras, é entender significados e construir sentidos, por isso, a leitura precisa ser significativa, para ser entendida por nós leitores. E, hoje, depois desta atividade reflexiva compreendo um pouco mais.
A leitura do texto de Freire me fez relembrar minha iniciação no mundo da leitura e da escrita, e, com isso, avaliei que tive o meu primeiro contato real com a leitura, por meio de romances comprados em bancas de jornal, perto de casa. Juntava dinheiro para poder ter em mãos um pedacinho das histórias que me levavam a lugares que nunca poderia ir. Posso comparar esta experiência com a experiência que Freire relata em seu texto, porque o autor enfoca a antecipação do conhecimento de mundo, a bagagem cultural que o indivíduo adquiriu durante sua vida.
Passei de uma fase que eu abandonei o hábito da leitura por prazer, para outra em que a leitura se tornou obrigação. Talvez, por isso, o meu interpretar seja tão vago, e diante de uma atividade em que fui desafiada a refletir sobre o ato de ler, me senti limitada. Acho que se talvez eu tivesse tido outro passado, e tivesse dado continuidade ao hábito de ler, desde que eu era tão pequena que mal alcançava a carteira da escola, a leitura teria influenciado mais a minha vida. Compreendi isso ao ler Paulo Freire que nos ensina que esse “ato de ler” não se constitui mecanicamente, mas dinamicamente com a construção de todos os saberes existentes dentro deste mundo.
Perco-me em memórias em que nada envolvia a leitura e sim trabalho, como se fosse uma fase que perdi. Freire me ajuda a compreender esta lacuna, quando explica que o desenvolvimento da leitura implica o hábito de ler e de interpretar o que lemos, para, depois, escrever, contar, aumentar os conhecimentos que já temos e de conhecer o que ainda não conhecemos, para melhor interpretar o que acontece na nossa realidade, compreender o sentido das mensagens orais e escritas.
Hoje, me esforço e tento introduzir novamente o prazer de ler, não somente palavras, mas o mundo que conheci através de todas as experiências que vivi.
Para Paulo Freire, de alguma maneira, podemos ir mais longe, e dizer que a leitura da palavra não é precedida apenas pela leitura do mundo, mas por certa forma de escrevê-lo ou de reescrevê-lo, quer dizer de transformá-lo através de nossa prática consciente. 
Segundo Madalena Freire, posso compreender que a professora Rosana nos proporcionou momentos de criar, e buscar “observação, registro e reflexão”. Assim, a professora apoiou-se na teoria do sociointeracionismo, que, segundo Vygotsky, o homem é um ser social que se desenvolve pela interação com seu meio social e seus semelhantes. Na mesma direção pensa Paulo Freire: “o homem é um ser curioso, inacabado e conectivo”, isto é, em constante conexão com o outro e o mundo. Nesta atividade, então, aliamos o nosso pensamento com o dos outros: nossos colegas de classe, durante o exercício com a carta em alemão, feita em sala de aula; bem como os autores lidos para a elaboração desta síntese reflexiva.
Até a professora orientar esta atividade, não tinha me conscientizado da importância de registrar momentos com meus pequenos, talvez por não me dar conta que as crianças estão sempre formulando ideias fantásticas sobre o mundo. De acordo com Madalena Freire, o registro reflexivo elaborado pelo professor será sempre um importante instrumento metodológico de observação da prática docente e de autoformação.
Espero que eu possa usar esta dinâmica com os meus alunos, sempre incentivando-os, e mostrando para eles o prazer da leitura e da escrita, com carinho, e paciência, esquecendo-me, para sempre, da minha pobre trajetória com a leitura e a escrita.

Maria Rosimeire de Almeida Ribeiro 
(7º semestre Pedagogia PARFOR)

sábado, 18 de abril de 2015

Um quebra-cabeça: a relação entre leitura e escrita

Não fui à primeira aula de Conteúdo e Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa II, em que a professora propôs a leitura do texto “carta em alemão”. Mas, no outro dia, soube que foram organizados grupos para discutir o assunto.
Confesso que quando peguei o texto fiquei apavorada, pois não tenho domínio de línguas estrangeiras. Me senti como um aluno quando entra para a escola pela primeira vez, sem saber o que fazer. Sentei em frente ao computador e comecei a olhar o texto melhor, pois, sem dúvida nenhuma, fazer sozinha é muito difícil, mas segui em frente, mandei uma mensagem para minha querida amiga Rosinha e ela me explicou como fizeram na sala. Aí percebi que era quase igual a um exercício que a professora Luana nos deu no semestre passado.
Com base na minha prática de professora, compreendo que leitura é muito importante, pois ela é o nosso principal instrumento entre o ensino e aprendizagem. No entanto, para que isso aconteça, é preciso que o aluno leia e dê um sentido ao texto. Paulo Freire, no texto “A importância do ato de ler”, nos explica que a alfabetização precisa acontecer a partir da leitura de mundo do aluno, ou seja, são as palavras já conhecidas oralmente pelas crianças que devem servir de base para as atividades de escrita e posterior leitura na escola, sempre com muito diálogo acompanhando o processo.
Por isso, para fazer a leitura de um texto escrito, é muito importante estabelecer uma relação com o nosso mundo, para que possamos entender o sentido utilizado no texto e para que possamos entender as idéias do autor.
Muitas vezes, nos deparamos com pessoas que leem quando acham uma figura interessante, ou seja, eles só leem quando há figuras, principalmente os jovens, acostumados com a cultura visual da internet, eles aprenderam a associar a figura com o texto com muita rapidez. Sobre a importância da construção do sentido a partir da palavra, Paulo Freire afirma que “o movimento do mundo à palavra e da palavra ao mundo está sempre presente”.
De alguma maneira, porém, podemos ir mais longe e dizer que a leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo, mas por uma certa forma de “escrevê-lo ou de reescrevê-lo” quer dizer, de transformá-lo através de nossa prática consciente.
Para a criança que está iniciando é muito difícil, pois ela não tem o domínio da leitura. Por isso, para a criança gostar de ler o texto, este deve ser próximo de seu conhecimento de mundo e que seja interessante e para que dê prazer, conforme relata Freire: “O ato de ler se veio dando na minha experiência existencial. Primeiro a ‘leitura’ do mundo, do pequeno mundo em que me movia; depois a leitura da palavra que nem sempre, ao longo de minha escolarização, foi a leitura da ‘palavramundo’” (FREIRE, 1989, p. 10, grifos do autor).
Por isso, a criança precisa ser incentivada todos os dias, antes mesmo de qualquer atividade, pois devemos ler com clareza para que ela possa compreender a atividade a ser desenvolvida.
No meu caso, quando precisei escrever sobre a atividade realizada (“a carta em alemão”), pedi ajuda às colegas de sala, pois, para mim, ainda é muito difícil fazer textos longos. Preciso pegar o texto e ler com calma, mas é difícil, pois o corre corre do dia a dia não nos deixa fazer uma leitura tranquila. Nesse sentido, Freire destaca: “Devemos aprender que as barreiras vêm, mas temos que enfrentá-las com coragem e ultrapassá-las, após esse gesto perceberemos o quanto somos capazes de atingir um conhecimento jamais imaginado por nós mesmos”. (FREIRE, 1989, p. 11)
Por isso, é que o professor não deve ficar na mesmice só seguir um livro, deve proporcionar aos seus alunos recortes de revistas, jornais, histórias em quadrinhos para que eles possam acompanhar as atualidades do mundo. Conforme Madelena Freire (1996) afirma: “É nesta busca de significado que o educador estrutura, organiza a consciência do seu viver pedagógico”.
Na terceira etapa desta atividade, a professora nos propôs a leitura de “Observação, registro, reflexão”, de Madalena Freire (1996). A autora nos fala sobre a importância do professor escrever de forma reflexiva, registrando suas atividades cotidianas. Sobre esse aspecto, compreendo que a função do educador é interagir com seus educandos para coordenar a troca na busca do conhecimento. “Aprendemos a refletir estruturando nossas hipóteses ao confronto com as hipóteses do outro [...]”, explica Madalena Freire.
Ainda, segundo Madalena Freire, “a reflexão trabalha o pensamento e o seu registro permite que se supere o mundo das lembranças. Para formar um educador, sob a inspiração deste marco teórico, faz-se necessário resgatar o que este educador sabe, pensa e reflete".
Diante das reflexões que teci, posso afirmar que a professora Rosana, ao propor esta atividade, teve a intencionalidade pedagógica de fazer com que parássemos para refletir e acreditássemos mais em nós mesmos, pois, até então, eu tinha a certeza de que não era capaz de produzir um texto.
Por fim, concluo, como diz o título que dei, resolvendo um quebra-cabeça, reconhecendo que isso é possível, quando se tem textos de Paulo Freire e Madalena Freire, bem como uma Professora que se empenha em nos ensinar e nunca deixar a “nossa peteca cair”, pois sempre tem uma palavra de carinho para com a gente.

Benedita de Fátima Florindo da Silva 
(7º semestre Pedagogia/PARFOR)

Focalizando a leitura e a escrita

Ao iniciar o 7º semestre, a professora de Conteúdo e Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa nos surpreendeu com uma atividade de leitura de um texto em alemão.
A princípio, fiquei com um pouco de medo, pois desconhecia totalmente a língua. O desconhecido, muitas vezes, nos inspira medo, mas também uma ponta de atração e curiosidade. E foi o que aconteceu comigo. Pensei a priori que seria para traduzir, e logo me imaginei correndo atrás de um dicionário de alemão. Isso é o que acontece quando nos deparamos com um vocabulário desconhecido, sentimos a necessidade de fazer uso do dicionário para termos um maior conhecimento sobre o que estamos tentando ler, encontrar um significado adequado, enfim conseguir ler e entender.
Nesse sentido, a primeira reação foi a de desvendar o que estava escrito ali. Comecei, então, a procurar palavras que tivessem algum significado para mim; na sala, uma olhava para outra, indagando sobre o que seria. Após dialogar com a sala, a professora, fazendo o papel de mediadora, ajudou-nos a chegarmos a um consenso que, pela estrutura do texto, seria um gênero textual que conhecíamos bem.
Paulo Freire diz que “a leitura do mundo precede a leitura da palavra”, porque, na realidade, estamos lendo o que nos permeia. Tudo o que está a nossa volta é uma leitura que se faz, de acordo com quem olha. O grupo usou essa leitura de mundo, pois recorreu ao conhecimento prévio de todos os participantes a fim de que chegássemos à conclusão de que era uma carta de solicitação de emprego.
Com esse exercício, creio que nossa professora quis pôr em prática uma das teorias de Paulo Freire: “A grande tarefa do sujeito que pensa certo não é transferir, depositar, oferecer, doar ao outro, tomado como paciente de seu pensar a inteligibilidade das coisas, dos fatos, dos conceitos. A tarefa coerente do educador que pensa certo é, exercendo como ser humano a irrecusável prática de inteligir, desafiar o educando com quem se comunica, produzir sua compreensão do que vem sendo comunicado”. Ainda, de acordo com Paulo Freire, “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para sua produção ou sua construção”.
Este simples exercício construtivista, pois fomos construindo ao longo das aulas, me causou descobertas, conflitos, dúvidas, questionamentos, constatação de não saber, novos estudos e busca. Precisei ter um outro olhar. Foi um momento privilegiado poder perceber a importância do grupo, escutar o outro, assim como disse Madalena Freire “O processo de conhecimento requer que os sujeitos socializem o que pensam, o que sabem, para juntos conhecerem o que antes não sabiam”.
Nossa professora, no seu papel de mediadora, nos escutou, fez intervenções provocativas para que o grupo assumisse o pensar nas concordâncias e divergências, através do instrumento pedagógico tão proferido por Madalena Freire, nos fez observar, ver, olhar e enxergar além daquelas letras em alemão, por meio deste registro reflexivo, que nos serviu como instrumento e produto de reflexão.
Sempre tive muita dificuldade em escrever, expressar o pensamento, sempre foi mais fácil fazer um resumo de um livro. Mas com esse incentivo de nossa professora, em nos fazer produzir textos, cada vez mais tenho visto a importância de focalizar minha escrita nesse processo de criação de textos reflexivos, pois me deixam mais consciente dos meus acertos e desacertos e sem essa prática minhas ideias poderiam ser abandonadas ou suspensas. Mas, com isso, não preciso me preocupar, sei que minha professora logo aparecerá com uma situação investigadora que promova meu pensamento reflexivo. Termino com uma fala de Madalena Freire: “Todo processo de tomada de consciência opera num diálogo interno com nós mesmos e, ao mesmo tempo, é alimentado pela linguagem do outro”.

Maria Regina Farias (7º semestre Pedagogia/PARFOR)

A sistematização e o pensamento reflexivo na prática pedagógica

O texto proposto à reflexão “Carta em alemão”, a princípio, me levou a pensar o quanto é difícil para as crianças o exercício da leitura e, por conseguinte, senti uma tremenda vontade de decifrar os códigos ali escritos, porém não obtive total êxito.
O texto estava escrito em outra língua o que dificulta sua interpretação, mas pude identificar que o gênero textual utilizado era carta. Para fazer a leitura do texto proposto me ative a alguns elementos que compõem uma carta, ou seja, nome, data, descrição e a sequência de elementos textuais contidos no texto. Cheguei a essa conclusão quando me lembrei do artigo de Luiz Antônio Marcushi, no livro “Gêneros Textuais & Ensino”. Nesse livro, diversos autores analisam os mais variados gêneros textuais, inclusive a carta.
Fiz a leitura do texto em casa sozinha e, enquanto minha filha Julia brincava com seus brinquedos, olhei para ela e pensei, se está difícil para um adulto ler e compreender este texto, quem dirá para os pequenos na escola. Pensei também que se estivesse fazendo com outra pessoa, acredito que seria melhor, pois, poderíamos trocar informações e chegar a um senso comum em relação à leitura desse texto. Talvez, na sala de aula, quando a mesma atividade foi realizada em grupo, tenha sido mais fácil. O trabalho em grupo nos aproxima do sociointeracionismo. Vygotsky (1998) afirma que a integração e interação entre sujeitos possibilitam o desenvolvimento da linguagem e, dessa forma, estimula-se a construção de pensamentos mútuos, tornando o momento da aprendizagem algo significativo, e nessa mesma linha de pensamento, Madalena Freire (1996, p. 7) explica:
"Aprendemos a ler construindo novas hipóteses na interação com o outro. Aprendemos a escrever organizando nossas hipóteses no confronto com as hipóteses do outro. Aprendemos a refletir, estruturando nossas hipóteses na interação e na troca com o grupo".
O ato da leitura se compreende pelo fato de saber ler e compreender o que está sendo lido, não é apenas decifração de códigos, soletração de palavras ou frases. Para tal, exige-se a integração do contexto no qual estamos inseridos. Nesse sentido, Paulo Freire nos explica que “a leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele” (FREIRE, 1989, p. 11), ou seja, o contexto, no qual estamos inseridos, dá sentido aos novos conhecimentos.
Por isso, o fato de não conhecer a língua escrita no texto do exercício de leitura proposto dificultou sua interpretação e, consequentemente, a não compreensão do que estava sendo lido, tornando uma leitura não eficiente e pouco produtiva. No entanto, pude perceber e refletir sobre as dificuldades que as crianças ainda não alfabetizadas enfrentam no seu dia a dia, na sala de aula, nos momentos de leitura, chegando à conclusão do quanto é importante selecionar materiais que fazem parte do contexto histórico-social dos educandos. Faço esta afirmação embasada em Paulo Freire que defende que “linguagem e realidade se prendem dinamicamente” (FREIRE, 1989, p.11).
O texto “A importância do ato de ler”, de Paulo Freire, nos ajudou a aprofundar a reflexão sobre esta atividade, porque ele trata a leitura e a sua ação como um ato libertador e subjetivo do ser humano, nos levando à autorreflexão sobre nossos saberes e fazeres.
As tarefas 1, 2 e 3, orientadas pela professora Rosana, tiveram como proposta refletir sobre diversos aspectos da leitura, primeiramente, o diagnóstico a partir do texto em alemão e, posteriormente, a reflexão por escrito desenvolvida com base nas leituras de Paulo e Madalena Freire. A meu ver, foi utilizada, pela professora, uma estratégia metodológica sistematizada, baseada em pressupostos teóricos com o propósito de promover a desalienação do pensamento cópia/cola, ou seja, segundo Madalena Freire (1996), "Sujeito alienado do próprio pensamento torna-se mero copiador da teoria dos outros". Todo o processo desencadeado por essas tarefas levou-nos ao confronto com nossa consciência sobre os atos de ler e escrever, desenvolvendo nossa prática de leitura e escrita reflexiva. Finalizo citando:
"O desafio é formar, informando e resgatando num processo de acompanhamento permanente, um educador que teça seu fio para a apropriação de sua própria história, pensamento, teoria e prática" (M. FREIRE, 1996, p.9).
Desse modo, posso afirmar que a sistematização didático-pedagógica que realizamos (professora e estudantes) nos levou a compreender a importância do pensamento reflexivo na prática pedagógica.

Referências bibliográficas:

FREIRE, Madalena. Observação, registro e reflexão: Instrumentos Metodológicos I. 2ª ed. São Paulo: Espaço Pedagógico, 1996.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1989.
VYGOTSKY, L. S.. A formação social da mente. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

Egler de Oliveira Alves (7º semestre de Pedagogia/PARFOR)