quinta-feira, 3 de maio de 2012

AUTORA DE MIM


Desde pequena já me sentia diferente. Questionava certas coisas que nem minha mãe entendia o porquê. Como eu era do interior, todo mundo tinha aquele sotaque de nordestino bem arrastado. Depois que eu comecei a conhecer as palavras, os sons corretos, eu não entendia o porquê deles falarem tão errado, se a escrita era diferente.
Com o tempo, passei a entender melhor. Entendia que não falávamos no padrão da língua, mas que também não estava errado o jeito que falávamos. Nunca esqueço, quando eu falava para minha mãe; “frio”, ela me corrigia dizendo: “é frie” que se fala, “rio”, era “rie” que nós falávamos. Achava muito estranho, mas falava para não chatear minha mãe. O mais curioso é quando meu pai falava: “O ano “quienta” eu compro.” Meu Deus! Eu pensava: o que ele quer dizer com isso? Daqui um ano, ou daqui quinhentos anos? Não! Ele queria dizer, o ano que entra eu compro!
A partir de tudo isso já passei a entender que naquele lugar eu tinha que seguir o jeito que todos falavam. Se eu falasse diferente, eu era metida, exibida, etc. Depois de alguns anos, vim morar em São Paulo, e tudo mudou. Foi uma luta constante para eu aprender a falar "certo", de acordo com meus amigos e familiares que já moravam há muito tempo em São Paulo. Todos me cobravam, de certa forma, meus acertos na fala. Para mim, era muito difícil de uma hora para outra falar direito, sem sotaque, sem erros de concordância. Era como se fosse uma crença "meus erros da fala". O tempo passou e tudo se tornou mais simples. Hoje minha luta é para escrever direito e me concentrar na leitura. Adoro escrever! Só não sei é escrever corretamente, mas mesmo assim escrevo. Se escrevo errado, paciência! Com o tempo, escreverei um pouquinho melhor. Sou como Clarice Lispector. Escrevo com o coração. E, sou como você me vê.

Irismar Bezerra de Sousa - 4º semestre

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