quinta-feira, 24 de maio de 2012

Entrando em acordo com o tempo...


Uma nova etapa se inicia e me deparo com o companheiro diário, e reflito sobre aquele que está em todos os momentos, o senhor intenso ou algumas vezes retraído, quase desaparecido...
Mas não se entrega, continua, participando, interagindo, construindo e reconstruindo o nosso cotidiano. Refiro-me ao nosso velho conhecido “tempo”.
Na primeira aula, a professora Rosana Pontes nos oportunizou um momento prazeroso, quando nos presenteou com a “Oração ao Tempo” (1979), Caetano Veloso.
Ouvimos nas vozes de Caetano Veloso, Maria Bethânia e uma terceira intérprete, Maria Gadú. Mas a interpretação que mais me envolveu foi, sem dúvida, a do Caetano.
Ouvi-lo cantar e brincar com as dimensões do tempo Cronos e Kairós me fez refletir e retomar alguns momentos do passado em que me vi filha, estudante, apaixonada, casada, mãe... E, de repente, parei, olhei para frente, só havia uma mulher vestida de dona da casa, preocupada em dar conta de tudo e de todos, sem objetivos, sem projetos, sem tempo para ela mesma.
Essa mulher não conhecia a duplicidade e cumplicidade que constituem a palavra tempo.

- Tempo! Não tenho tempo! O dia tinha que ter 48 horas para que ela pudesse se organizar... Trabalhos domésticos, passeios até a agência bancária mais próxima para efetuar os pagamentos mensais, ou passeios ao supermercado. O que lhe proporcionava prazer era visitar sua família em Cubatão.
Hoje, essa mesma mulher continua fazendo tudo o que fazia antes, mas com um acréscimo em suas tarefas diárias: trabalhar e estudar, enfim, cursar a tão sonhada faculdade.
Não deixou de ser mãe, que é o que tem como mais importante na vida, mas, aos poucos, está se encontrando, se valorizando, superando obstáculos e limitações, construindo–se e reconstruindo–se como ser humano, aproveitando o tempo propício, denominado Kairós.


Marli Pereira - 4º semestre

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