segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Educar é doação


No dia 15/08/2015, na aula de Práticas de Ensino Fundamental e Médio, nos foi apresentado um documentário que relata a história e vida de Paulo Feire, atuando na área da educação.
No decorrer do documentário, é notável que Paulo Freire chegou
definitivamente para renovar aquilo que estava se apagando, a Educação. Com seu empenho, demonstrou grande interesse em ajudar a transformar a relação ensino-aprendizagem.
Vivemos em uma sociedade em que tudo se resolve na base da dominação, e a educação, nos tempos atuais, se encaixa ainda nesse modelo. Mas Freire chegou quebrando todas as barreiras que pudessem conter e trouxe novos métodos, de acordo com a trajetória de vida de cada um. 

Um método muito eficaz: buscar compreender e melhorar a vida daqueles oprimidos e excluídos pela sociedade.
Existem grandes métodos que são fundamentais para aqueles que pretendem aplicar a filosofia nas salas de aula e Freire foi capaz de utilizar algumas dessas ferramentas, como a capacidade de recriar, desenvolver processos novos de acordo com a história de cada indivíduo. 
O ideal seria se os jovens pudessem questionar sem temor algum a repressão pelo educador. Freire nos ensina que os educadores necessitam utilizar o diálogo com seus educandos.
"[...] conhecimento e compreensão; comunicação e diálogo aberto; tematizações de vivências cotidianas; reflexões sobre o mundo e a realidade que nos rodeia; contemplação do mundo real concreto; maior interação entre professor-alunos e aluno-aluno; crescimento pessoal e aprendizagens investigativas que contribuam para o pensar-agir reflexivo, a fim de que possamos viver e conviver melhor com as pessoas". (THOMAL, 2001, p. 62)

Referências bibliográficas:

THOMAL, A. O desafio de pensar sobre o pensar: investigando sobre teoria do conhecimento. Florianópolis: Sophos, 2001.

PAULO FREIRE Contemporâneo. Direção de Toni Venturi. Brasília: Olhar Imaginário, Realização SEED/MEC, 2007. (53 min), son., color., educacional.

Francisco Felipe Sales Silva - Filosofia (2º semestre 2015-2)

domingo, 30 de agosto de 2015

Carta a um esquecido, não esquecido


Qual a atitude que devemos tomar perante uma sociedade analfabeta? Ora ensiná-la, parece óbvia essa questão.
Parece óbvio que devemos ensinar os que não sabem, é para isso que nós pensamos, não é mesmo? É para isso que todo professor existe. Toda pessoa merece conhecimento, toda pessoa merece saber ler e escrever, e até parece frase de propaganda eleitoral, algo político, algo que nós estamos acostumados a escutar em eleições. Mas não, não foi isso que um Homem, podemos até colocar Homem com H maiúsculo que vale por uma geração inteira, e ele foi e é responsável por mostrar ao mundo que é possível que todos saibam aprender a aprender.
Paulo Reglus Neves Freire ensinou ao povo que o povo pode aprender a aprender. É com orgulho que falo que este brasileiro – apesar de às vezes não ter orgulho de muitos brasileiros, na atualidade – tirou muitos da linha da ignorância social, da linha da ignorância política, da ignorância de consciência. Paulo Freire como muito é chamado, às vezes parece muito com Raul Seixas, por sua barba e seus olhos que pensam muito sobre o que devo pensar amanhã. Ele mostrou que é possível sim que todos nós, independentes de classes, até porque as classes foram impostas por nós, podemos aprender e podemos ensinar.
O conhecimento é muito mais que puro conhecimento, ele não traz só conhecimento, ele traz vida, traz oportunidade, traz esperança, traz saber, e se ama o saber, e quem ama o saber: ensina. É isso que o Patrono da Educação brasileira nos mostrou e mostra que “não há saber mais ou menos, há saberes diferentes”.
A vida não se discute, a referência à vida não se discute e só se pode ter vida hoje em nossa sociedade quem sabe, e Paulo Freire sabia disso e mostrou ao mundo como dar vida aos menos favorecidos. Como dar vida aquele que só recebeu uma condição. A condição de “objeto” e não de homem. Por que quem não sabe, hoje, infelizmente, não é chamado de homem é chamado de coisa? É duro, mas temos que aceitar nossa realidade. E mudar isto porque se continuarmos assim, não seremos considerados homens, seremos considerados qualquer coisa menos homens. Paulo Freire mudou isto e nós também devemos mudar.
Como verdadeiros cidadãos do mundo, não podemos deixar sociedades inteiras, sendo elas perto de nós ou não, sendo elas do nosso continente ou não, sem atitudes “Paulo Freireanas”, sem atitudes de ensino dele.
Termino com uma promessa: Não comecei a estudar a sua pedagogia, querido Paulo, mas, por sua causa, posso já agradecer, fez por mim aquilo que eu não poderia fazer; porque novo sou, mas quando mais à frente estiver, pode ter certeza, vou mostrar ao mundo, onde estiver, que ensinar, aprender e lutar são métodos Paulo Freire de continuar.

Nícolas Alves - Filosofia (2º semestre 2015-2)

Paulo Freire, expoente da educação


Como um simples homem pôde conduzir uma revolução? Nascido no Recife em 1921, Paulo Freire nos brindou com a educação dialética, modelo no qual ele propôs a quebra da educação como era – e ainda é: o professor fala e o aluno simplesmente anota e reproduz, sem nenhuma reflexão.
É desse simples, mas magnífico homem, que o vídeo nos fala, desde a infância simples em Pernambuco, até a transformação em referência nacional e internacional. O documentário mostra depoimentos de parceiros de Freire, assim como os dele, colocando pontos de vista e experiências.
Freire criou um modelo de alfabetização que possibilita a uma pessoa em quarenta dias ser alfabetizada, coisa que a EJA até hoje tem dificuldades em realizar em mais tempo. Escreveu a Pedagogia
do Oprimido, seu mais famoso livro, durante a ditadura militar. Foi exilado e viveu principalmente no Chile, por ser considerado subversivo – afinal ele estimulava o que os militares não queriam: fazer com que o cidadão simples refletisse sobre sua própria realidade.
Nos tempos de recrudescimento da alienação e do conservadorismo, o patrono da Educação Brasileira nunca foi tão atual e necessário. Nossas crianças e jovens necessitam com urgência de uma grande dose freiriana, para que possamos torná-los cidadãos pensantes, de forma a vislumbrarmos um futuro melhor para nosso país.

Marcelo Villela Petersen – Letras (2º semestre 2015-2)

Educação de Paulo Freire


Paulo Freire enriqueceu nossa educação. Seu modo de interpretar com clareza como fazer educação nos fez compreender o que é um ensinar livre e democrático.
Aprendemos mais ensinando do que propriamente aprendendo, pois o diálogo desenvolve os estímulos de cada um, em todos os aspectos de um indivíduo.
O educador Paulo Freire dizia que o homem lê o mundo antes de ler a palavra. Esta é uma das ideias presentes no documentário Paulo Freire Contemporâneo, que resgata o método de alfabetização criado pelo educador. Esse documentário venceu concurso lançado pela TV Escola, em 2007, e homenageia a obra de Freire, dez anos após sua morte.
Pelo pensamento freireano, o processo de aprendizagem deve estar vinculado ao contexto do aluno, possibilitando ao alfabetizando que deixe sua condição de oprimido, ao adotar uma postura crítica diante do mundo, só permitida pela educação. Por isso, Freire acreditava ser impossível aprender sem atrelar a leitura de mundo do aluno à leitura das letras.
Para o ex-ministro da educação e atual prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, o filme mostra como a obra do educador é atual e inspiradora. “A ideia de que a criança, sobretudo a das camadas mais pobres, precisa de uma atenção especial da escola pública, a percepção de que o contexto é a base do aprendizado e de que o diálogo entre educador e educando é o que dá sustentação a uma prática pedagógica transformadora são o legado sempre atual e inspirador de Freire”.
O documentário retoma a primeira experiência de alfabetização de adultos de Paulo Freire, apresenta novas práticas com base nos princípios freireanos de educação, tanto no Brasil quanto no exterior, e ainda traz entrevistas com o estudioso, alguns de seus filhos, educadores e educandos. 

Remanescentes da primeira experiência com o método freireano, na cidade de Angicos (RN), lembram como tiveram o processo de aprender interrompido pela ditadura, em 1964, que mandava para a cadeia quem insistisse em frequentar a classe. 
Nos dias de hoje, 600 crianças de Jaguaquara, a 350 quilômetros de Salvador, aprendem a ler e a escrever privilegiando a cultura local. Elas levam para casa conhecimentos sobre o plantio, numa região em que a maioria de pais e mães é de pequenos agricultores. Um dos alunos da escola rural contou que ensinou a mãe a plantar melhor, e definiu Paulo Freire como um homem que foi um menino da zona rural, igual a ele.
Outra personagem real apresentada no documentário é a catadora de lixo em São Paulo que estava aprendendo a ler pelo método freireano, a partir de aulas realizadas pelo programa Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos, criado pelo governo municipal, com organizações da sociedade civil. 
A aluna revelou que as aulas aumentaram sua autoestima e a ensinaram também a lidar contra o preconceito de muitas pessoas em relação a sua profissão. 
Já estudantes do curso de enfermagem da Universidade Federal do Rio de Janeiro passaram a adotar uma forma mais próxima de lidar com o paciente e resolvem problemas em que só remédios não dariam conta, por meio de conversa e muita atenção.
Todas essas experiências demonstram como os princípios da pedagogia freireana são atuais e importantes.

Referência Bibliográfica:
PAULO FREIRE Contemporâneo. Direção de Toni Venturi. Brasília: Olhar Imaginário, Realização SEED/MEC, 2007. (53 min), son., color., educacional.

Ronaldo Andrade - Filosofia (2º semestre 2015-2)

Educar ou instruir?


Educar ou instruir? A diferença destas duas palavras, no contexto social, é de suma importância para entender o funcionamento da construção intelectual e pessoal de qualquer indivíduo. 
Paulo Freire sabia muito bem a diferença entre estas palavras e também como aplicá-las corretamente na escola e em casa. Ele fazia proveito do conhecimento pré-adquirido e de temas mais significativos de uma determinada pessoa, ajudando-a, de modo imperceptível, a investigar, não só o vocabulário, mas também a mecânica e fluidez desses temas geradores em questão. Enquanto o aluno vai fixando esse novo conteúdo às informações já existentes em sua experiência de vida, cria-se um processo automático de conscientização da realidade que o rodeia e rodeia o mundo. Toda essa nova visão e percepção deve ser guiada pelo professor, pronto para colaborar na formação psicológica e cultural do aluno, também absorvendo novas informações com cada experiência individual. 
Nessa pedagogia, percebe-se que existe uma forte preocupação em desenvolver o prazer por aprender de modo leve e interessante. Paulo Freire sabia que o ato da instrução não era primordial no processo, mas sim a consequência de uma boa base educacional. Utilizando esses princípios, somados a um bom acompanhamento e análise de perfil, é possível alfabetizar qualquer pessoa da devida forma. Tudo torna-se um ciclo de aprendizagem, uma vez que existe uma relação professor aluno ativa, deixando evidente que ensinar é aprender. Essa é a educação que todos merecem...

Lucca Gallardo Scarímbolo – Ciências Biológicas 
(2º Semestre 2015-2)

Paulo Freire e a educação transformadora

Operários - Quadro de Tarcila do Amaral

Nascido em Recife, em 1921, Paulo Freire foi um educador revolucionário, idealizador de um método de alfabetização e educação de adultos singular. 
No entanto, seu método não era singular apenas devido à abordagem inovadora de sua metodologia para alfabetização (como, por exemplo, o uso das “palavras geradoras” para o estudo das sílabas), mas também, e sobretudo, pela sua concepção do significado da educação. 
Educação deve ser vista como a capacitação da massa para executar funções exigidas pelo mercado (como aparentemente é concebida e implementada hoje)?
Ou deve ser instrumento de autonomia, autoconhecimento e reflexão sobre a realidade para a busca da felicidade, da transformação pessoal e do mundo?
Paulo Freire concebia a educação não como mera transmissão de dados para uma massa uniforme, mas como instrumento de protagonismo, conhecimento e transformação da realidade dos educandos. A “leitura do mundo” precede a leitura das palavras, por isso não se deve ignorar a leitura de mundo dos educandos. 
Seu método de alfabetização parte da seleção de palavras que fazem parte da realidade dos alunos, passa pelo estudo dos seus significados e culmina com a problematização, que é a reflexão sobre esta realidade, para que possa ser transformada.
Organizados em “círculos de cultura”, educadores e educandos trocam e constroem o conhecimento em oposição à sala de aula habitual, na qual há uma hierarquia clara entre aquele que ensina, ­ detentor de um conhecimento que deve ser transmitido ­ e os alunos, que devem assimilar o conhecimento ainda que este não faça parte de sua realidade, nada signifique para eles, ou que simplesmente ignore suas aspirações.
Por ser calcado numa visão marxista, ­ que reconhece que existem excluídos, que reconhece que existem sistemas de dominação, que reconhece a influência do meio sobre o homem e a influência transformadora do homem sobre o meio, que visa à libertação por meio da reflexão durante a apreensão do conhecimento,­ o método de Paulo Freire angaria não apenas simpatizantes no Brasil e em inúmeros países do globo, mas também opositores ferrenhos. Durante a ditadura militar, houve franco combate ao método e o desmantelamento dos núcleos de cultura, em favor de métodos supostamente “neutros” politicamente. 
Na prática, os excluídos, os historicamente abandonados, os alienados, assim permaneceram, e a escola ainda é vista como um ambiente triste, desinteressante pela maioria dos alunos.
Não se trata, portanto, de mera discussão sobre a eficácia ou não de um método de alfabetização de adultos, mas de reflexão sobre que tipo de educação queremos e como implementá-la, que tipo de sociedade queremos, que tipo de cidadãos queremos, e qual o papel da escola, da família e da sociedade neste processo.

Carlos Guilherme Teixeira Curi - Ciências Biológicas 
(2º semestre 2015-2)

Paulo Freire: Um exemplo de educador

Ao assistir ao documentário “Paulo Freire Contemporâneo”, só pude sentir admiração e pensar em como seria maravilhoso se cada vez mais educadores seguissem os seus passos.
Sem dúvidas, Paulo Freire deixou um enorme e valioso legado, pois, atualmente, mesmo em uma época com mais recursos do que os que haviam em sua época, vivemos uma fase em que os alunos têm cada vez menos interesse em aprender e os professores em ensinar, pois, no contexto escolar, não é considerada a cultura e realidade de cada aluno, fazendo assim com que o conteúdo estudado não tenha ligação alguma com o dia-a-dia de cada um.
A forma de ensinar de Paulo Freire tinha como intenção formar não só pessoas alfabetizadas, mas também seres pensantes e questionadores, capazes de “ler o mundo”. 
Atualmente, são poucas as instituições de ensino que seguem essa ideia, afinal, é mais prático aplicar a “educação bancária” do que formar seres humanos críticos. 
Nas escolas, é comum vermos professores com a visão de que são superiores aos alunos e "fontes de conhecimento" e verdade absoluta. Para Paulo Freire, na escola, o aluno aprende com o professor e o professor com o aluno, e, assim, ambos evoluem e aprendem juntos.
Assistir a esse documentário me deixou muito feliz, pois embora os professores estejam em constante luta no nosso país, é muito emocionante ver a que dimensão chega o nosso trabalho, quando feito com amor e com dedicação para ajudar as pessoas a se educarem para se libertarem, criando, assim, não só alunos, mas também cidadãos conscientes e libertos.

Bárbara Miranda de Melo – Letras (2º semestre 2015-2)

Fragmentos de Freire


Paulo Freire (1921-1997) foi um ilustre educador brasileiro reconhecido internacionalmente. Seu método de alfabetização de adultos, de cunho político, o tornou conhecido. 
Penso que o propósito do seu pensamento pedagógico é propiciar oportunidades para o autoconhecimento do aluno. Isto é, perceber os desfavorecidos da sociedade, atingir o entendimento da situação de opressão e agir de modo que a autonomia seja conquistada. 
Os conceitos que estão presentes em seu livro Pedagogia do Oprimido representam boa parte de sua obra. 
Freire foi um defensor da criticidade e reprovava o ensino que era
oferecido na maioria das escolas de sua época, classificando-o como "educação bancária". Nesta, o professor detém o saber a ser transmitido ao aluno receptivo, obediente. Freire é contra a ideia de que ensinar é transmitir conhecimento. Para ele, o professor deve possibilitar a construção de conhecimentos pelo educando.
Com base em uma pedagogia humanizadora, o profissional da educação precisa aprender a manter o aluno em contato com conteúdos, abandonando a hipótese de verdade absoluta, pois é preciso se ter em mente que cada pessoa tem suas peculiaridades, faz parte de uma cultura diferente, e não cabe ao professor julgá-las como melhor ou pior. É importante perceber que educando e educador aprendem juntos, desde que seja possível para o educando expressar-se. Outra parte essencial do método de alfabetização freireano é a valorização da cultura do aluno, a partir de palavras geradoras, sendo essas palavras comuns ao cotidiano do
educando. Por exemplo, "tijolo", palavra conhecida para um operário, após a discussão do contexto em que essa palavra está inserida, há o seu desdobramento em sílabas, mostrando todas as situações possíveis na leitura e escrita. 
Nesse sentido, o uso de palavras geradoras continua funcionando muito bem em programas de alfabetização, não só no Brasil, como em muitos outros países.

Julieth Vilarinho - Filosofia (2º semestre 2015-2)

A PEDAGOGIA DO SER EM PAULO FREIRE

Em busca de uma educação verdadeiramente humanista, Paulo Freire, por meio da valorização da perspectiva histórico-social do ser, e consequentemente da educação, critica o opressivo modelo de educação bancária. Neste, o foco é a mera transmissão de informação descontextualizada da realidade do educando. 
Já na pedagogia proposta por Freire, é inserida uma visão fenomenológica da realidade, na qual o sujeito – mediado pelo mundo concreto – é ator na construção do conhecimento. 
Por seu legado, Paulo Freire foi nomeado patrono da educação brasileira e é considerado uma referência mundial em Pedagogia.
Nascido em Recife, no ano de 1921, Paulo Freire viveu intensos 75 anos. Vivenciou o drama da vida real concreta das pessoas do interior de seu estado, do Brasil e do mundo. 
Sensível à opressão vivida pelo povo, desenvolveu um método de alfabetização cujo objetivo foi além da mera capacitação à leitura. Focava, em contrapartida, a criação das condições de possibilidades para as pessoas tomarem consciência de si, enfatizando o âmbito político da vida do educando, com foco na formação do ser-mais.
A concepção de ser alicerça a concepção de educação desse ser. Analisando-se, então, um determinado modelo de educação, podem ser encontradas as obscuras concepções de ser veladas pelo modelo em análise. 

Na "educação bancária", segundo Freire, o educador, cuja tarefa se resume a "depositar" conteúdos nos alunos, é sempre aquele que fala, sabe, prescreve, disciplina e educa o educando. Este, por sua vez, limita-se a receber esses conteúdos, é sempre quem escuta, não sabe, segue o prescrito, o disciplinado, o pré-estabelecido. Desse modelo, desvela-se a noção de ser do aluno como algo mecânico, uma “caixa”, “depositário”, passivo diante do processo, na visão freireana.
Na Pedagogia do Oprimido, o ser é visto como sujeito ativo no processo de construção do aprendizado, bem como no processo de transformação do mundo. O ser é histórico-cultural, incompleto, em transformação, existencial, coletivo, de práxis, está em constante busca e é capaz de dividir o mundo em sujeitos e objetos, por isso, pode tanto humanizar como desumanizar. 
Nessa perspectiva, o educador, por também ser incompleto e estar em constante busca, aprende com o educando, enquanto educa. É uma relação de troca em que ambos ganham. Daí se dá a concepção de educação humanista, na qual o foco é a formação deste ser em "devenir", do ser-mais.
Com este enfoque, na década de 1960, Paulo Freire ficou rapidamente conhecido pelo método que afirmava alfabetizar um adulto em 40 horas. Seu método de alfabetizar não se limitou apenas a ensinar pessoas a reconhecerem símbolos, mas sim a 
lerem o mundo, de forma crítica. 
Primeiro, a pessoa lê o mundo. Vive o mundo concreto e se relaciona com a realidade. Segundo, nos “círculos de cultura” – grupos de pessoas que se juntavam para aprender a ler – por meio das “palavras geradoras” – conjunto de palavras, de uso cotidiano dos integrantes dos círculos de cultura, representando todos os fonemas da língua portuguesa – o educador trazia a realidade concreta vivida pelas pessoas para o mundo intelectual da escrita. Terceiro, de posse da habilidade de ler o mundo e de se expressar, o educando passa a ser capaz de problematizar questões cotidianas de forma mais coerente e profunda, politizando-se. 
Esta tentativa de conscientizar politicamente as pessoas lhe custou um preço alto. Exilado em 1964, devido à ditadura militar, percorreu 16 nostálgicos anos em diversos países, incluindo Bolívia, Chile, Estados Unidos e Suíça. No exílio, em 1967, escreve a Pedagogia do Oprimido, sua obra-prima, leciona em Harvard e Cambridge, e trabalha nas reformas educacionais da Guiné-Bissau e Moçambique. Retorna ao Brasil apenas em 1980, quando se filia ao Partido dos Trabalhadores e trabalha duramente por 17 anos no âmbito político-educacional deste país, vindo a falecer em maio de 1997.

Referências Bibliográficas:

FREIRE, Paulo. Papel da educação na humanização. Revista da FAEEBA, Salvador, n. 7, p. 9-17, jan./jun., 1997.
PAULO FREIRE Contemporâneo. Direção de Toni Venturi. Brasília: Olhar Imaginário, Realização SEED/MEC, 2007. (53 min), son., color., educacional.

Ricardo Winter Albernaz - Filosofia (2º semestre 2015-2)

Aprender por quê?

Paulo Freire, nascido aos 19 de Setembro de 1921, em Recife/PE, foi um educador, pedagogo e filósofo brasileiro, de grande relevância na Educação Mundial. Não só por ter desenvolvido um método inovador de alfabetização de adultos, mas pela defesa da chamada Pedagogia Crítica que se contrapõe ao sistema denominado por Freire como “educação bancária”, em que há a submissão do educando a um comportamento passivo de recebimento de conteúdos e leituras mecânicas, cujo único objetivo é a simples memorização.
Pedagogia crítica, por sua vez, pressupõe daquele que estuda, uma postura de sujeito do ato de estudar com o objetivo de apreender a significação profunda do objeto de estudo.
Assim, a Teoria desenvolvida por Paulo Freire vai muito além de um simples método de alfabetização. Cada princípio freireano está impregnado de fundamentos psicossociais, por exemplo, o círculo de cultura como proposta de organização das salas de aula dos adultos, opondo-se ao formato enfileirado tradicional. Sentando-se todos em círculo, traz como pano de fundo a intenção de acabar
com a hierarquização professor-aluno. Já as palavras geradoras trazem temas ligados à existência do educando, visando assim desenvolver o diálogo com o contexto e o conhecimento, uma conexão necessária entre a matéria de estudo e a vida social do aluno.
É nesse sentido que Paulo Freire, no livro Pedagogia da Autonomia, propõe: “Ensinar não é transferir
conhecimentos, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção[...] Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”.
Para o desenvolvimento de toda sua teoria, Paulo Freire analisa o homem e o descreve como sendo um ser curioso, incompleto e inserido em um mundo em transformação. Desta forma, sua pedagogia baseia-se em princípios, assim traduzidos: o homem por ser curioso efetua a sua primeira leitura, como sendo a
leitura do mundo e não das palavras; sendo incompleto, “o homem é um ser de busca  permanente” e essa “incompletude” implica igualmente afirmar que o homem precisa do outro, ou seja, essa busca não é e nem deve ser solitária; e estando inserido em um mundo em transformação, há que se considerar este homem em suas relações com o mundo.
É também o que sintetizam os Pilares da Educação da UNESCO: “Aprender a aprender, aprender a conviver, aprender a fazer e aprender a ser”. Aos quais, Paulo Freire acrescentaria a curiosidade e a visão crítica sob esses pilares: aprender por quê? E para quê?

Talita Christian Fagundes – Letras (2º semestre 2015-2)

ESCOLA = LIBERTAÇÃO


Segundo o nosso educador-filósofo e humanista Paulo Freire, a educação como um todo, para ter um passado, presente e um futuro com uma eficácia íntegra que se perpetue, precisa partir do princípio básico de entender o aluno como um co-autor de
uma obra. Visando à participação do aluno como um organismo ativo no conhecimento, na troca de saberes, entende que o homem é um ser posicionado no mundo de forma histórica-cultural, e que cada indivíduo tem a sua peculiaridade distinta do outro. Nessa perspectiva, a prática e a reflexão apontam para a importância de uma educação que parta das necessidades populares como prática de liberdade e de emancipação das pessoas, e não de categorias abstratas, entendendo que o homem é um ser incompleto e que precisa consolidar o conhecimento.
Contudo, com base nesses princípios freireanos, podemos analisar o que acontece nas escolas, e no sistema de ensino superior, em que há um colapso divergente entre professores e alunos. Parece que o professor está sobreposto ao aluno como um ser extremamente superior, e o aluno como um mero expectador do teatro. 
Vemos hoje a falta de interesse dos nossos jovens, vemos professores que não fazem o seu papel social de identificar que "tipo" ou que "tipos" de alunos com quem ele está lidando no dia a dia, e, portanto, acaba sendo uma educação que não conecta, que não sintoniza o aluno à disciplina. Claro que há exceções, e também alunos com inteligências múltiplas. Nesse caso, eu saliento a afinidade ou a facilidade que o aluno tem por determinada atividade, seja linguística, lógico-matemática, cinestésica, natural e corporal. Por exemplo, é muito difícil para o professor ater-se a um aluno com uma inteligência corporal, porque esse aluno ficará inquieto na sala, e, com certeza, a sua aula preferida será a de Educação Física. Então, cada aluno tem o seu universo paralelo dentro de si, que se soubermos explorar, encontraremos talentos inatos dentro da escola. 
No entanto, a questão que me inquieta é como fazer esses alunos gostarem de um pouco de tudo. Claro que isso se agarra a um consenso social de todos os professores. Talvez uma metodologia de ensino alternativo, que já existe em algumas escolas, traga o aluno. Por exemplo, aquele que nunca gostou de Biologia, a, pelo menos, entender a importância dela para vida dele. Mesmo que ele seja jogador de futebol no futuro, isso o faria, talvez, respeitar mais o meio ambiente. Ele pensaria duas vezes ao jogar lixo nas ruas, ou até mesmo entenderia melhor o seu próprio corpo e também a importância ecológica para nós mesmos dentro deste planeta, e que tudo está interligado. Para isso, precisaria ocorrer uma revolução muito grande dentro das escolas, e talvez a grande maioria não esteja preparada para isso, mas se cada um compor uma aula diferente que integre o aluno, e que não faça ele se sentir boiando. A partir de uma atividade fora da sala de aula, por exemplo, Biologia no horto, explicando a importância ecológica de cada ser vivo, germinariam ótimos frutos.
Entretanto, voltando à realidade em que vivemos hoje, "que escola é essa?", o conceito de práxis freireana (ação-reflexão-ação) é sábia, quando integra homem-mundo, os homens em suas relações com o mundo e com os outros. Ou seja, quanto mais você conhecer criticamente as condições concretas e objetivas do aqui e de seu agora, mais o homem poderá realizar a sua busca, mediante à transformação da realidade. Sabendo disso, vemos o importante papel de integrar o aluno, a escola, as disciplinas, a humanização e a cidadania, de maneira que esses alunos saiam da escola com os princípios básicos para serem pessoas um pouco mais completas, e com saberes para a vida.

Caio Sousa Peres - Ciências Biológicas (2º semestre - 2015-2)

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

A importância de Paulo Freire


A importância de Paulo Freire é, sobretudo, a de criticar o modelo tradicional de educação, de modo que, se lhe perguntássemos como definiria tal método de ensino, diria tratar-se de uma “educação bancária”. Percebe-se que a crítica de Paulo Freire é, então, e de maneira muito importante, um diagnóstico da realidade educacional que enfrentamos.
Se por um lado, consumar a mudança de todo um sistema – ainda mais um que fomente a educação, e ainda mais este, em específico, tão tradicional e com estacas tão profundas 
, a crítica e a exposição das falhas de tal sistema feitas, entre outros por Paulo Freire, demonstram que há, sim, a necessidade de se colocar tal sistema educacional em cheque e, por conseguinte, o processo em andamento.
É necessário entender, desta maneira, que as mudanças para as quais apontam as críticas de Freire levarão tempo para tomar seu lugar – caso venham a tomá-lo de fato. O modelo mercadológico do conhecimento, que dentro de si próprio, aliás, reduz a própria
episteme a uma mera obtenção de informação, vigora, porque, sabemos, é interessante que vigore.
Resta, enfim, às mãos, o diagnóstico; e resta, junto deste, necessidades de mudança. Tal é o momento, neste último terço de século; tal é a realidade escolar com a qual nos deparamos.

Iury Cascaes Negrão Diniz - Filosofia (2º semestre 2015-1)

Utopias para humanos, realidade para sonhadores


Paulo Freire foi um educador, pedagogista e filósofo brasileiro. É patrono da educação brasileira.
Considerado mentor da educação para a consciência, Paulo Freire revolucionou o irrevolucionável, utilizando um método atípico de pedagogia que visava à educação como transformadora de mundo, a partir da relação professor/aluno/sociedade.
Abominador da chamada “educação bancária” - que visa à mera transmissão passiva de conteúdos do professor, assumido como aquele que supostamente tudo sabe, para o aluno, que era assumido como aquele que nada sabe -, Freire, o menino sonhador, acreditava que a educação poderia transformar a sociedade, mas não sozinha. Acreditava no envolvimento da sociedade na educação e no abolimento de práticas conteudistas descartáveis.
“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.”
Certa vez, brincando em meu “playground tecnológico”, no RECANTO DAS LETRAS, encontrei um poema - escrito por Diego Figbar - que representa muito quem foi Paulo Freire e seu pensamento. Acabou-me de vir a memória uma estrofe que se encaixa bem à ocasião:
“Mais um dia qualquer
Que nada de novo se aspira
O dia passa como brisa de mar
Sentimos que dele nada vai mudar
Revolução é utopia do inocente aprendiz.”
Acho que este era Freire. Sonhador de utopias; revolucionador de realidades. E, acima de tudo, um inocente aprendiz.
Mas que educação é essa?
Educação é um dos grandes pilares da sociedade humana, e, a cada ano, vendo sendo empurrada com a barriga para fora de cena. Mas não é APENAS culpa do governo. É nossa culpa. Culpa de quem acha que a escola é um ambiente cercado de muros. Culpa de quem troca a escola pela prisão, como se o Brasil fosse um enorme tapete com absurdas montanhas de poeira, vítimas do negligenciar de uma sociedade.
Que educação é essa?! É a nossa educação. Educação que precisa de menos críticas e mais ação. Menos protestos e mais diálogos. Educação que está longe de ser uma utopia para aqueles que acreditam e sonham em um país melhor. Mas lembrem-se: A educação sozinha não transforma a sociedade, mas a sociedade não pode ser transformada sem ela. Não é só governo. Não é só Murillo. Não é só professor. Não é só aluno. É um movimento de todos. É a sociedade e a educação, em conjunto, que transformam o mundo.
Sejamos todos sonhadores de utopias, assim como um dia foi Paulo Freire.

Murillo Barros Nunes - Letras (2º semestre 2015-2)

Paulo Freire e a educação bancária


Paulo Freire é um educador, pedagogista e filósofo brasileiro, com atuação e reconhecimento internacionais. 
Conhecido principalmente por seu método de alfabetização de adultos, Paulo Freire propôs um espaço educativo diferenciado da educação tradicional, denominada por ele de "educação bancária", com seus círculos de cultura, onde acontece a educação popular, com discussões de temas propostos pelos próprios alunos e direcionados pelo professor. 
Um dos princípios propostos pelo educador é a utilização de "palavras geradoras", a partir da investigação do universo vocabular dos alunos. Palavras essas que servem de base para as lições de alfabetização.
Na segunda etapa do método freireano, quando os alunos já conseguem ler e escrever textos simples, as palavras tornam-se temas geradores que podem alcançar uma abrangência maior e alimentar o diálogo, que é o princípio mais importante da pedagogia freireana. Os temas geradores estão, então, relacionados com a vida dos educandos para que haja uma proximidade crítica entre o mundo e a sala de aula.
Para Paulo Freire, o homem não nasce homem, ele se forma homem pela educação. Por isso, educação é formação; e, ainda, aprender não é acumular conhecimentos.
Por exemplo, aprendemos História, não para acumular conhecimentos, datas, informações, mas para saber como os seres humanos fizeram a História e para continuarmos a fazer História.
Atualmente, no Brasil, a educação é fundamentalmente bancária, apesar de alguns educadores, além de Paulo Freire, tentarem mudar essa situação. Basicamente, os estudantes são condicionados a memorizar conteúdos com a finalidade de  passar em exames e vestibulares, e para que  tenham acesso à universidade pública, por meio de provas que cobram esses conteúdos, que nem sempre servem para a vida.
Os jovens são treinados desde cedo para decorar a matéria transmitida, que, na maioria das vezes, não é inserida em um contexto de mundo. Ou seja, os conteúdos são apresentados ao aluno sem que haja uma contextualização. Alguns profissionais da educação, por sua vez, acomodaram-se à "educação bancária" por ser mais fácil, por não exigir muito do professor e não exigir uma grande preparação da aula, uma vez que a aula não se adapta aos alunos, mas os alunos, sim, são forçados a se adaptarem à aula, e aquele que não se adapta é considerado “fraco”.
Segundo Freire, isso não é educação. A educação deve gerar interesse na busca de mais conhecimento. O estudante deve se sentir provocado pelo conteúdo, para que ele, por conta própria, busque mais conhecimentos sobre o tema.

Laura Catharina de Araújo – Letras (2º Semestre - 2015-2)

terça-feira, 18 de agosto de 2015

A revolução de Paulo Freire


Ao assistir o documentário  "Paulo Freire Contemporâneo", na aula de Prática de Ensino Fundamental e Médio, no dia 15/08/15, ficou nítido que Freire veio revolucionar a educação. Ele praticamente trouxe uma nova técnica para alfabetização em quarenta horas, coisa que até hoje nossas escolas (em sua maioria) não têm a mínima vontade de fazer.
É evidente que a escola não trabalha para construir cultura e estimular o aluno a ser o que ele sonha ser. Esta instituição apenas “empurra” todo conteúdo para a criança/jovem sem sequer questionar o que de fato aquilo vale. Os professores que deveriam ser os incentivadores de sonhos desses alunos, apenas estão olhando para si mesmos, sem nem sequer notar que essas crianças precisam do encorajamento deles.
Vivemos uma pedagogia opressora, em que se estuda só o necessário para assim se dominar as classes mais baixas e menos conscientizadas.
Paulo Freire trouxe essa esperança aos dominados. Ele quebrou barreiras. Usou justamente aquilo que era mais próximo da realidade dos oprimidos: a realidade de vida de cada um. E se apegava a isso para ensiná-los não só a ler e escrever, mas também a serem cidadãos conscientizados.
Seria interessante se nossa escola saísse dessa clausura escolar em que vive, em que o aluno só ouve e não questiona o professor em nada, e é aí que entra a importância do diálogo dentro da pedagogia de Freire: o professor precisa saber falar, mas também precisa ouvir o seu aluno e assim poder dialogar com o conhecimento, para que ambos possam caminhar juntos.


Referência:
PAULO FREIRE Contemporâneo. Direção de Toni Venturi. Brasília: Olhar Imaginário, Realização SEED/MEC, 2007. (53 min), son., color., educacional.

Bruna Ferreira de Aguiar - Letras (2º semestre 2015-2)

domingo, 16 de agosto de 2015

Somos reservatórios de mistérios...

Somos reservatórios de mistérios, cada ser que existe é uma usina processando conhecimentos e sentimentos. Esta mistura, centrifugada em nosso caldeirão de dilemas, gera em nós uma visão de mundo particular, ela pode nos libertar ou aprisionar.
Após assistir ao documentário "Paulo Freire Contemporâneo", que por acaso já conhecia, como não verificar em Paulo Freire a figura do indivíduo preocupado com a formação de um ser capaz de refletir sobre as questões de seu Mundo, criando uma consciência mais participativa, para avançar trilhando um caminho de progresso intelectual e moral.
Acredito nesse movimento que imprime no Educador o interesse em mergulhar no universo particular do Educando, produzindo, a partir deste gesto de generosidade e humildade, um olhar capaz de enxergar o outro, como parte de si e de sua proposta de vida. Observo a profusão de um movimento que fere o verniz e encontra por trás deste a alma agitada, porém oprimida do outro.
Ainda não estudei essa pedagogia e o documentário, naturalmente, é apenas o fragmento de algo que deve assumir proporções muito mais vultosas, mas suponho que o autor tenta percorrer o caminho de encontro com o outro dentro de seu ambiente de convivência, assumindo a cultura local como a pedra de toque a ser empregada no desenvolvimento, tanto das palavras geradoras como dos temas a serem abordados. Esta percepção sensível do autor, por si só, já exprime o gesto que, para mim, é de suma importância, pois revela um movimento horizontal de acesso ao educando, compreendendo que tanto Educador quanto Educando podem se auxiliar mutuamente e aprender uns com os outros, portanto, o desenvolvimento percorre uma estrada de duas mãos.
Não basta ao Educador conhecer de forma primorosa o conteúdo que resolveu replicar, é necessária uma abordagem mais humana, que possa de fato afetar o indivíduo que está diante dele. Naturalmente, é mais fácil essa ação quando a realidade abordada faz parte do contexto vivenciado pelo educando, pois ele se encontra como personagem atuante, cabendo ao Educador adaptar o roteiro e mediar o conhecimento a ser aplicado.
Pode parecer simples ao primeiro contato, mas quando falamos de relações interpessoais, as tensões criadas são sempre um balaio de gato, em que muitas vezes o imprevisível surge, rogando a todos boa vontade. Por este motivo, sempre que abordo este tipo de assunto, ressalto a generosidade como elemento central desta relação, pois permite um passo atrás para nova reflexão e adaptação, visando sempre a uma correção na rota, dado que a Educação é tão dinâmica quanto a própria vida.
Por trás da tarefa de alfabetizar o indivíduo, encontra-se um projeto muito mais ousado e amplo. Ao descortinar palavras e construir frases, o indivíduo vai adquirindo segurança e, ao sentir-se mais confortável, encontra forças para ensaiar novos passos e, consequentemente, ampliar seus horizontes, formando uma nova dimensão para agir, não somente transformando suas possibilidades, como impactando o espaço ao seu redor.
O documentário me fez refletir sobre o que está ocorrendo atualmente com os movimentos migratórios, predominantemente vindos das regiões da Ásia e da África, para o Continente Europeu. É possível que as Nações Europeias mais atingidas com a nova onda tenham de adequar seus modelos educacionais, visando à inclusão dessa multidão de oprimidos, fugidos de guerras e processos de intolerância, e com culturas tão diversas.
Eis a vida apresentando ao Homem nova proposta de entendimento e adequação. O que se apresenta de início como uma tragédia pode ser a mola propulsora de uma nova conjuntura de aproximação entre realidades tão diferentes, para que os agentes, que estão mais adiantados no processo, possam estender suas mãos aos da retaguarda.
Essa dinâmica me fascina e gera em mim um desejo de entender melhor essas tensões. Exercito nova musculatura, forte para arcar com o peso dessa gigante tarefa, que tem assaltado minha mente, como a me convidar para esse generoso banquete, em que o alimento servido alimenta almas.
No educandário Terra, somos todos alunos, uns mais adiantados que outros, porém irremediavelmente alunos.


Referência:

PAULO FREIRE Contemporâneo. Direção de Toni Venturi. Brasília: Olhar Imaginário, Realização SEED/MEC, 2007. (53 min), son., color., educacional.

Mauricio Casasco - Curso de Filosofia (2º semestre 2015-2)

Que Educação é essa?

O documentário a que assistimos, em nossa aula de Prática de Ensino Fundamental e Médio, sábado 15/08/2015, registra a história de Paulo Freire na área da educação e
na vida pessoal. 
A enorme contribuição que o teórico trouxe para a
comunidade acadêmica brasileira por meio de uma pedagogia própria, a pedagogia social, a pedagogia do oprimido. Povo oprimido pela classe dominante e que necessita da alfabetização como instrumento de libertação. 
É nítida a presença de elementos marxistas na base teórica de Paulo Freire. Marxismo como ciência da realidade e como pensamento para ação em prol de mudanças. Marxismo como forma de entender a relação homem e mundo. É nítido o discurso político na obra do educador pernambucano.
Utilizando ferramentas antropológicas e educacionais como os círculos de cultura que auxiliavam na alfabetização de adultos, palavras e temas geradores que iam ao encontro daquilo que essas pessoas conheciam, do dia-a-dia delas; a curiosidade humana, interação entre os seres, ética, política, leitura do mundo e problematização; Paulo Freire renovou os conceitos de
ensinar e aprender, e buscou libertar os oprimidos dos opressores. Lutou pelos menos favorecidos, pelos marginalizados pela sociedade. Demonstrou a importância de saber ler, um direito de todos, um dever constitucional muitas vezes deixado de lado pelo poder público.
Mais do que uma pedagogia, um sistema fechado de conceitos acabados, Paulo Freire desenvolveu uma vertente educacional inovadora e que está em constante transformação, acreditando na presença da educação nos conceitos partidários políticos e defendendo a ética social. Paulo Freire dignificou e clarificou o processo de ensino e aprendizagem, proporcionando uma relação de troca existente entre professor e aluno. Esta troca permite ao professor um conhecimento mais próximo de quem é o aluno e por que ele precisa aprender. O estudante, por sua vez, aprende e adota uma postura crítica diante do mundo, só permitida por meio da educação e do conhecimento. Adquire um raciocínio crítico para assim, e somente assim, poder analisar e modificar o mundo em que vive. Paulo Freire lutou pelo fim da "educação bancária", aquela na qual o professor deposita o conhecimento e o aluno recebe, aquela que se caracteriza pela relação entre o educador (que, supostamente, tudo sabe) e o educando (que precisa aprender e, logo, nada sabe). Desta forma, o aluno é simplesmente um
ouvinte passivo. Freire criticou este processo. Ele buscou sempre uma interação entre estes sujeitos por meio do conhecimento. Para ele, os educadores precisam saber escutar os alunos, dar-lhes o direito de falar e de serem ouvidos. É preciso dar ao aluno a possibilidade de se desenvolver como ser humano e, assim, se integrar ao mundo do conhecimento e aplicar na prática aquilo que realmente aprende. 
O conhecimento é algo a ser construído na coletividade, não é uma via de mão única, e sim de mão dupla. O educador Paulo Freire não se prendeu aos modelos pré-existentes. De modo visionário e consciente, construiu uma obra no período moderno, mas que, sem dúvida, também se destaca no contexto pós-moderno, valorizando o indivíduo, atuando na proliferação de possibilidades, na capacitação constante de evolução, no infinito acúmulo cultural, na necessidade de aprendizagem e ensino que existe em cada ser humano. Para Freire, o conhecimento é um processo que transforma.

Referência:

PAULO FREIRE Contemporâneo. Direção de Toni Venturi. Brasília: Olhar Imaginário, Realização SEED/MEC, 2007. (53 min), son., color., educacional.

Fabricio Tinêo dos Santos - Letras (2º semestre/2015-2)