domingo, 25 de março de 2012

O Medo

Desde o primeiro dia em que entrei na faculdade esse sentimento faz parte do meu dia-a-dia. Medo... medo do que encontrar, o que fazer, o que falar e como falar, se o meu maior medo já era de falar, falar em público.
O primeiro semestre até que estava tranquilo sem muitos trabalhos para apresentar e os professores ainda estavam nos conhecendo. Até que certo dia um professor incomodou-se com o meu silêncio e resolveu fazer um debate em sala sobre um determinado tema. Foi jogando perguntas e todos iam respondendo, interagindo e eu nada, só ali na minha, quieta, morrendo de medo que ele direcionasse uma pergunta para mim. Foi só pensar e aconteceu, lá estava ele fazendo a bendita pergunta. Enquanto ele falava eu sentia meu rosto queimar, meu estômago doer, eu pensei que ia ter um treco, fiquei paralisada, não consegui nem escutar a pergunta e como responder? Travei por uns segundos acho e depois comecei a falar nem sei o que, o que responder se nem escutei a pergunta? Eu queria era um buraco para me esconder.
E o segundo semestre que os professores começaram a pedir pequenos seminários. Ah! O que fazer agora? Estudar e entender o assunto não bastava, o medo era de se expor diante de uma sala de aula cheia de alunos. Cheia não nossa sala só tinha uns dez alunos. Mas não sei qual é o problema, o que me deixava assim, acho que eram os professores. Esse medo ia passando no decorrer do semestre, mas quando surgia o terceiro semestre olha ele lá novamente “o medo”. Não consigo entender o porquê, afinal a classe agora só tinha seis alunos e os professores eram os mesmos aos quais já havia uma integração.
Aqui estamos no quarto semestre e o medo é uma constante em minha vida, é uma tensão, será culpa do desconhecido? E o que fazer para superá-lo se o desconhecido faz parte do nosso dia-a-dia? Será que esse medo só vai me deixar quando eu me formar?
Acho que sim, pois a única coisa em que penso é que o terrível TCC está se aproximando e eu terei que falar para um público maior e ainda por cima para especialistas no assunto. Se eu conseguir superar esse dia, não terei mais problemas com o medo, medo de falar em público, afinal nem poderei não é? Pedagogas trabalham com o público, mesmo que seja público infantil.

Maria Fátima Menezes de Lima - 4º semestre



Peças do destino


Lembro como se fosse hoje de quando terminei o ensino fundamental, até então chamado de primeiro grau e tive que fazer a escolha entre o segundo grau normal (ensino médio) ou técnico... Minha irmã fazia o magistério, todos tentaram me influenciar, mas eu optei pelo normal. Por que não ouvimos a voz da experiência? Talvez tivesse me realizado profissionalmente mais cedo e dado menos “cabeçadas” na vida, mas nada acontece nesta vida por acaso, talvez este período seja um aprendizado para hoje valorizar a profissão que tenho. Nunca pensei em ser professora, mas como a vida nunca é como nós pensamos...  Segui o meu caminho, trabalhando um pouco lá, um pouco cá e nunca satisfeita...  Foi quando fiz um concurso da prefeitura de Praia Grande, sem ler o edital, e nem saber o que me esperava, fiz... Passei, para minha surpresa e comecei a trabalhar com crianças de várias idades, passado o susto inicial, que confesso durou meses, passei a sentir necessidade de mais conhecimentos, de mais esclarecimento sobre educação... Foi quando a prefeitura ofereceu o curso de magistério... Era muito irônico, eu que não queria nem ouvir falar em ser professora estar ali cursando, e incrivelmente adorando, realmente me encontrando como professora. Pois é, o destino prega muitas peças na gente e essa foi a melhor em minha vida... Segui fazendo o curso e aprendendo a ensinar... Passado anos, me inscrevi na Plataforma Freire, e concorri às vagas para o curso de Pedagogia, passei e olhar o destino novamente pregando uma peça... Eu, fazendo faculdade de Pedagogia e mais uma vez assustada, porque estou adorando... Me realizo em cada matéria, em cada aprendizado...  Mas como tudo na minha vida sempre segue um caminho que não foi planejado eu estou aqui escrevendo sobre mim, me descrevendo, como uma pessoa que o destino fez seguir o seu caminho, sem a minha permissão... Nunca escrevi nada, sempre fui péssima em escrever até um cartão de natal... Me vejo como uma iniciante na arte de encantar as letras, de contar as minhas façanhas de uma maneira doce e irônica, mas muito verdadeira...  Foi assim sem querer que me tornei a mais feliz das professoras, com tudo  que a vida possa me mostrar que a profissão é sofrida, desvalorizada, mas muito amada por mim...

Renata Karolina Toledano - 4º semestre