terça-feira, 15 de setembro de 2015

Intercâmbio Mercosul

Hoje, tivemos um momento maravilhoso que deu início aos trabalhos de intercâmbio educacional e cultural junto ao PASEM - Programa de Apoio ao Setor Educativo do Mercosul.
Participamos de uma videoconferência de preparação para nossa visita ao Paraguai, cidade de Pedro Juan Caballero, e tivemos o primeiro contato com o povo Pai Tavyterã que será nosso anfitrião.
Este intercâmbio é fruto do prêmio "Paulo Freire experiências inovadoras na formação de professores" com que este trabalho - "Crônicas Pedagógicas" - foi agraciado.
MUITO EMOCIONANTE!!!


Demais vencedores do prêmio na videoconferência




Assim se vestem os líderes religiosos

Tocando el Mimby



Rosana Pontes

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Entrevista com o cineasta João Jardim

Em 12/09/2015, tivemos a oportunidade de conversar, via skype, com o diretor de cinema João Jardim. 
João Jardim (Rio de Janeiro, 1964) é um cineasta brasileiro.
Formou-se em jornalismo pela Faculdade da Cidade e estudou cinema na Universidade de Nova York. Participou do núcleo do diretor Carlos Manga, na TV Globo, onde realizou a minissérie Engraçadinha e editou Memorial de Maria Moura e Agosto. Editou diferentes trabalhos de Walter Salles e Eduardo Escorel para a TV independente. Foi assistente de direção em longas-metragens de Murilo Salles (Faca de Dois Gumes) e Cacá Diegues (Dias Melhores Virão). Dirigiu comerciais para alguns dos principais anunciantes do Brasil.
Seu primeiro longa metragem, Janela da Alma, ganhou 11 prêmios nacionais e internacionais e levou mais de 140 mil pessoas aos cinemas em 2002. Pro Dia Nascer Feliz, seu segundo longa, é um documentário sobre as adversas situações que o adolescente brasileiro enfrenta dentro da escola.
Junto com a britânica Lucy Walker e a brasileira Karen Harley, João Jardim codirigiu o documentário "Lixo Extraordinário". O filme foi indicado ao Oscar de melhor documentário, em 2011, e ganhou prêmios no Festival de Berlim e no Festival de Sundance.
Filmografia:
2013 - Getúlio - Diretor
2011 - Amor? - Diretor
2010 - Lixo Extraordinário - Codiretor
2006 - Pro Dia Nascer Feliz - Diretor
2001 - Janela da Alma - Diretor
Nosso entrevistado respondeu com muita simpatia nossas questões sobre o documentário Pro Dia Nascer Feliz. Esta foi uma atividade de Diagnóstico da Realidade Escolar II e de Práticas do Ensino Fundamental e Médio.

Algumas frases que nos marcaram:

"Tudo na escola é relacionamento interpessoal".
"Lamento o desperdício humano que há na escola".
"As políticas educacionais não dão certo, porque quem faz as leis não conhece o chão da escola".
"Didática é ciência. Não dá mais para a escola manter cadeiras enfileiradas e as mesmas práticas superadas. O professor precisa dominar a Didática".
"Quero para meu filho uma escola que o ajude a ser uma pessoa melhor, autônoma, criativa".
 



Rosana Pontes 

domingo, 13 de setembro de 2015

Transformando o ato didático



O documentário “Paulo Freire Contemporâneo” deveria ser  referência básica na formação, não só dos profissionais das áreas educacionais, mas também na formação do ser humano como cidadão.
Cidadão esse (nós) que, por estar inserido e moldado na educação bancária, que é aquele tipo de educação em que o professor detém todo o conhecimento, passa conteúdo e o aluno recebe, não havendo uma troca mútua de ensinamentos e conhecimentos, acaba por não desenvolver o senso crítico, não acreditando então em seus saberes, e não reconhecendo e questionando seus direitos perante as camadas dominantes.
Todos os princípios pedagógicos de Paulo Freire mostrados no documentário são aplicáveis tanto em salas de aula do começo do século passado, quanto em salas de aula de uma escola do século 21, evidenciando que pouquíssimas coisas mudaram nesse considerável espaço de tempo. Cabe aos discentes, que em breve se tornarão docentes, mudarem essa realidade, de acordo com a ideologia freireana que agrega conceitos antropológicos, sociológicos e pedagógicos que vão além da sala de aula. 

Nesse documentário, é explicitamente apresentada a “pedagogia do oprimido”, em que uma classe menos favorecida (e que não é de interesse das camadas superiores que essa população saia dessa realidade) é inserida no “círculo de cultura”, que nada mais é do que  uma sala de aula que tem como principal objetivo alfabetizar jovens e adultos, quebrando o arquétipo da educação bancária.
Freire defende o diálogo entre educando e educador para que aconteça o ato didático, ou seja, a interação harmoniosa e mútua entre o aluno, o professor e o objeto (conhecimento). 
A fantástica metodologia utilizada foi a de palavras e temas geradores, trazendo o cotidiano dos discentes para o “círculo de cultura”, facilitando o aprendizado, a contextualização e internalização do conteúdo, já que essas palavras faziam parte da vida dos alunos, tornando o aprendizado mais significativo, problematizador e consciente.
 
Isabel dos Santos Ferreira - Ciências Biológicas 

(2º semestre 2015-2)

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Um novo método de ensino?


Em nossa aula de Práticas de Ensino Fundamental e Médio, em 15/08/2015, assistimos a um documentário que nos mostrou a história de Paulo Freire, na área da educação e na vida pessoal.
O educador trouxe para a sociedade brasileira um método de alfabetização de adultos, ou melhor, a "pedagogia do oprimido", utilizando fundamentos antropológicos, científicos e educacionais.

Dentre os princípios dessa pedagogia, estão os "círculos de cultura", ou seja, uma forma de organizar os grupos de educandos, de modo que não haja hierarquização entre professor e aluno e o conhecimento de mundo seja compartilhado, por meio do diálogo. Essa sistematização ajudava na alfabetização de adultos, utilizando palavras e temas geradores que faziam parte do contexto de vida dessas pessoas. 
Paulo Freire questionou as formas de ensinar e aprender, e buscou libertar os oprimidos dos opressores. Também lutou pelo fim da "educação bancária", em que criticou a relação entre o educador (que, supostamente, tudo sabe) e o educando (que precisa aprender e, logo, nada sabe). Desta forma, o aluno é simplesmente um
ouvinte desinteressado. Freire analisou esse processo, incentivando sempre o contato entre os indivíduos, por meio do conhecimento, que é algo a ser construído num conjunto, e não sozinho. 
De modo idealista e racional, construiu uma obra em meados do século passado, mas que se destaca no contexto pós-moderno atual, prezando o sujeito, inovando no aumento de oportunidades, na capacitação progressiva de desenvolvimento, no longo acúmulo cultural, na necessidade de aprendizagem e ensino que existe em cada ser humano. Portanto, para Freire, o conhecimento é um processo transformador.

Jhenifer Souza - Ciências Biológicas (2º semestre 2015-2)

terça-feira, 8 de setembro de 2015

A liberdade é a educação


"Paulo Freire Contemporâneo" é uma afirmação formidável. Nunca em nosso país se falou tanto em Paulo Freire, nem tampouco fora tanto disseminada sua pedagogia para o ensino no Brasil e inclusive no mundo. 
Mais e mais escolas e universidades reconhecem seus princípios pedagógicos que revolucionaram a alfabetização de adultos, na década de 1960. Atualmente, a educação tem redescoberto a pedagogia freireana, o que favorece os profissionais da educação, principalmente professores, e os leva a refletir que a educação, na verdade, é uma via de mão dupla, tanto professores quanto alunos contribuem para o ensino-aprendizagem em sala de aula. Portanto, aí encontra-se um cenário mais igualitário no ambiente escolar.
Segundo o documentário citado, Paulo Freire, com sua audaciosa proposta intitulada “Pedagogia do Oprimido”, prometia alfabetizar adultos em 40 horas, com uma didática acessível, contextualizada e
dirigida a quem se educa, utilizando “Palavras Geradoras”. Esse conceito está compreendido na pedagogia de Freire como palavras- chave que são identificadas, a partir do cotidiano do educando. As palavras geradoras propiciam “Temas Geradores”, quando os educandos mais avançados, aqueles que já aprenderam a escrever, podem discutir sobre o assunto que aquele tema oferece.
Tudo isso era feito nos Círculos de Cultura. Esse formato de sala de aula tem o intuito de superar a hierarquização da educação, a chamada educação tradicional, que Freire chamava em sua pedagogia de “Educação Bancária”, em que há um professor que sabe e passa o conteúdo e uma classe que não sabe nada e está na sala somente para aprender. Ideia proposta com a vinda da modernidade, quando o homem é considerado uma “Tábua Rasa”, em que se pode preencher com o conhecimento. 
Já na nova proposta de Paulo Freire, a sala era organizada em círculo, com o professor também integrado ao círculo. Assim, consegue-se aliviar a hierarquização, embora ela ainda esteja presente, pois quem alfabetizava, na verdade, eram os professores, os alunos também tinham sua parcela no aprendizado, já que os debates dos temas geradores eram de domínio dos educandos, sendo assim, os educadores também aprendiam com eles. 
Nesse contexto, vê-se que tanto aluno quanto professor podem ambos aprender e ensinar, mas ainda assim o educador não deve perder sua principal tarefa, a de ensinar.
O que Freire propõe é uma educação mais acessível, que chegue aos oprimidos das realidades urbanas e rurais, em suma, é a educação a protagonista da Pedagogia do Oprimido, pois é ela
que será a heroína do pobre. Pela educação, pela leitura, o oprimido não precisa mais de ninguém para se informar, adquirir conhecimento e se comunicar pela escrita, o que o torna mais livre e autônomo do seu aprendizado. 
Algo muito parecido com o que o Filósofo Estóico Epicteto diz “Só a educação liberta”.

Wilson Ribeiro Junior - Filosofia (2º semestre 2015-2)

A regressão de um pilar


Desde o começo do século vinte, com o Modernismo e todas as teorias pedagógicas nascentes, o povo brasileiro buscava sua identidade. A educação foi parte fundamental disso e muitos outros acontecimentos históricos no país, como participações na semana da arte moderna de 1922 ou nas Diretas Já, na década de 1980, pedindo a retirada dos militares do poder. A educação foi uma parte crucial de quase todos os acontecimentos históricos.
Hoje, neste mesmo país, uma coisa - por falta de termo melhor - que foi tão importante em tantos momentos políticos e culturais, a educação, está caindo rapidamente.
As pessoas perderam a visão de quão importante e necessária é a educação, por meio do aprendizado constante, tanto pessoal quanto sobre assuntos diversos. Não há nenhum tipo de incentivo por parte do governo e, até mesmo, por parte de alunos e alguns professores.
A educação que temos hoje é apenas um sombra do que ela poderia ser, se todos seus aspectos fossem valorizadas. Os poucos que realmente se importam são deixados à margem e seus esforços desvalorizados. Paulo Freire, Jean Piaget, Vygotsky e outros educadores são bons exemplos de cientistas que se preocuparam e não chegam, hoje, nem a ser estudados em escolas, perdendo o prestígio que lhes é devido.
O grande professor Paulo Freire disse uma vez: "Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda". O país precisa de uma reformulação em seus pilares de crescimento. Sem a educação, a escola e os professores, não haveria profissionais e cidadãos suficientes para manter o título de Federação e País em Desenvolvimento.
Pode-se notar que é necessária uma reestruturação. É necessário que a educação não seja mais deixada de lado e tenha a devida importância, não só do governo, mas de todas as pessoas do quinto maior país do mundo.
"Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção". (Paulo Freire)

Maria Gabriela de Souza Leitão - Letras (2º semestre 2015-2)

Pode haver ensino sem aprendizagem?


Diante do cenário desvelado por inúmeros pesquisadores da área de formação de professores, a questão posta apresenta-se quase como um silogismo, ou seja, duas premissas demonstram interdependência, apontando para uma dedução irrefutável. A premissa maior seria: Ensinar deve resultar em aprendizagem. A segunda premissa: A aprendizagem deve resultar do ensino. Logo, não existe ensino sem aprendizagem. Considerando esta hipótese, podemos examinar o ato didático sob inúmeras perspectivas.
Nóvoa (1999) expõe com clareza algumas dessas perspectivas que influenciaram e influenciam o ato didático (contexto Portugal-Brasil). No ato didático, representado tradicionalmente pela tríade professor-aluno-saber (Jean Houssaye), o aluno foi, por muito tempo, considerado como um elemento passivo, receptor de conhecimento, e o professor era o transmissor desse conhecimento. Ou seja, a “educação bancária” que foi enfaticamente repudiada por Paulo Freire. Atualmente, é possível também constatar que o professor pode ocupar um lugar passivo, diante de correntes que defendem a tecnologização do ensino. Frente a tais concepções, inferimos que existe a pretensão de ensinar, mas não há garantias de aprendizagem.
Nóvoa (1999, p. 8) explica esse triângulo também na perspectiva política “professores-Estado-pais/comunidades”. Até início da Idade Moderna, as práticas educativas institucionalizadas resultavam da transação direta entre professores e pais/comunidades. A partir do século XVIII, o Estado assumiu a responsabilidade pela educação, concedeu aos professores uma posição privilegiada e afastou os pais/comunidades das esferas de decisões sobre a educação. As reformas educacionais dos anos 1980 voltaram a reconhecer a importância dos pais/comunidades nas decisões educativas. No entanto, a onda neoliberal de privatização do ensino, a partir dos anos 1990, e fortemente presente hoje, trouxe a concepção de educação ao “serviço de clientes” (NÓVOA, 1999, p. 9); a política de responsabilização dos professores pelo fracasso escolar, dos testes para avaliação dos resultados do ensino/aprendizagem, da meritocracia (com bônus aos melhores professores), da privatização, por meio de bolsas de estudos concedidas pelo Estado, beneficiando escolas/universidades particulares (FREITAS, 2012; ZEICHNER, 2013); impactos negativos das orientações do Banco Mundial, em programas de redução da pobreza por meio da educação, sobre os currículos escolares e, consequentemente, na qualidade do ensino (LIBÂNEO, 2013). Todas essas influências condicionam o ato didático e nos levam a reconhecer que a importância da participação dos pais/comunidades na educação é inquestionável, no entanto, é inaceitável a gestão do ensino sob a ótica empresarial. Questionamos, então, se, nessas circunstâncias, os professores ainda têm papel relevante, a fim de que o ensino resulte em aprendizagem verdadeira.
Nóvoa (1999, p. 9) avalia ainda esse triângulo na perspectiva do conhecimento: saber da experiência (professores); saber da pedagogia (especialistas em ciências da educação); saber das disciplinas (especialistas dos diferentes domínios do conhecimento). Identifica que, dependendo dos períodos educacionais mais ou menos inovadores, esses vértices assumem relevâncias diferentes. Ora valoriza-se a ligação dos professores aos especialistas pedagógicos; ora busca-se juntar o saber da experiência ao saber das disciplinas e, atualmente, o saber científico tende a ser valorizado em detrimento do saber dos professores. Sobre os saberes docentes, Pimenta (2012) defende que, na formação de professores, os saberes pedagógicos sejam reinventados a partir da prática social de ensinar. Argumenta a autora que: “Esse entendimento aponta para uma superação da tradicional fragmentação dos saberes da docência (saberes da experiência, saberes científicos, saberes pedagógicos) apontada por Houssaye (1995, p. 81)”. Propõe, então, que a formação inicial considere como referência a experiência dos formandos, de modo que o futuro profissional possa ressignifiar essa experiência por meio da reflexão. Considera que a “tendência reflexiva pode se configurar como uma política de valorização do desenvolvimento pessoal-profissional dos professores e das instituições escolares” (PIMENTA, 2012, p. 89). Nessa perspectiva, reconhece a importância do saber ensinar, bem como a muldimensionalidade do ato didático (PIMENTA; FUSARI; FRANCO, 2014).
Retomando a questão proposta para este texto, acredito que Freire (1987, 1997, 2005) muito contribui para a ressignificação do ato didático, à medida que incorpora elementos transformadores da relação ensino-aprendizagem, tais como conscientização, cultura, a elevação do educando à condição de sujeito de seu aprendizado. Daí a máxima: "Ninguém educa ninguém, ninguém se educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo" (FREIRE, 1987, p. 79).
Para Freire (1987, 1997, 2005), o homem é, em sua essência, um ser epistemologicamente curioso, conscientemente inacabado e necessariamente conectivo. E, para o pleno desenvolvimento humano, a educação precisa realizar sua verdadeira missão: a humanização do homem. A educação constitui-se, portanto, em um processo de conscientização, no sentido de criticização das relações consciência-mundo, em que educadores e educandos têm papéis importantes a cumprir:
"Dessa forma, a educação se constitui como verdadeiro quefazer humano. Educadores-educandos e educandos-educadores, mediatizados pelo mundo, exercem sobre ele uma reflexão cada vez mais crítica, inseparável de uma ação também cada vez mais crítica. Identificados nessa reflexão-ação e nessa ação-reflexão sobre o mundo mediatizador, tornam-se ambos – autenticamente – seres da praxis". (FREIRE, 1997, p. 17)
A concepção humanista freireana de educação rejeita qualquer possibilidade de manipulação do educando, afasta-se totalmente da “educação bancária”. Na superação dos obstáculos à humanização, a educação se faz conectiva, comunicativa, dialógica: “E, se é diálogo, as relações entre seus pólos já não podem ser as de contrários antagônicos, mas de pólos que conciliam” (FREIRE, 1997, p. 15).
Mediante essa concepção humanista e libertadora de educação, o homem, assumindo-se como um ser histórico, ao tomar consciência de seu inacabamento, reconhece que é “o ser da praxis ou um ser que é praxis” (FREIRE, 1997, p. 15), com o poder de emancipar-se e transformar o mundo. Assim, a educação permite que o homem se conecte com o mundo e com o outro, estimula sua criatividade, sua inquietude epistemológica, respeita sua vocação ontológica de ser mais, “reconhece que o homem se faz homem na medida em que, no processo de sua hominização até sua humanização, é capaz de admirar o mundo. É capaz de, desprendendo-se dele, conservar-se nele e com ele; e, objetivando-o, transformá-lo” (FREIRE, 1997, p. 15). 
Nesse sentido, o papel didático do professor foi sempre ressaltado por Freire. Ainda hoje, trabalhar nessa concepção freireana, implica que o professor esteja disposto a correr riscos, tais como aprender a descentralizar suas ações, a ouvir, a dar voz ao educando, a libertar-se do autoritarismo, a deixar que os temas geradores do diálogo surjam do grupo, e, assim, esteja preparado para criar e recriar contextos para que o diálogo aconteça. Trata-se de um aprendizado permanente, no processo de ação-reflexão-ação que tal postura exige. Para Freire (2005), o professor também é um aprendiz e precisa aprender que ensinar exige criar condições para uma convivência afetuosa e respeitosa com os educandos, a adotar uma postura aberta e curiosa, diante da consciência de que não sabe tudo e há sempre um universo a ser descoberto. 
O professor que exercita a pedagogia da autonomia (FREIRE, 2005) precisa aprender a provocar os estudantes a se assumirem como sujeitos na construção de conhecimento. Para tanto, o professor não deve abrir mão de sua competência técnica e científica, tampouco do rigor em seu trabalho, porque esses aspectos não são incompatíveis com a amorosidade necessária à pedagogia, mas precisa aprender que não é educativa uma relação em que o educando sente medo do professor. Assim, é preciso exercitar uma vigilância constante contra as práticas de desumanização nas relações educativas, superando concepções que defendem que decorar é melhor do que compreender, adaptar-se é melhor do que questionar, calar-se é melhor do que dialogar.
Tomando por base a concepção de educação-práxis freireana, e em conformidade com os autores estudados, podemos afirmar com segurança que não existe ensino sem aprendizagem, o contrário não é educação, mas pura hipocrisia. Por fim, todas as tentativas de transformar a educação em produto de consumo serão frustradas e só contribuirão para a desumanização da educação.

Referências bibliográficas:

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

_______. Papel da educação na humanização. Revista da FAEEBA, Salvador, n. 7, p. 9-17, jan./jun., 1997.
_______. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à pratica educativa. 31. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2005.

FREITAS, L. C.. Os reformadores empresariais da educação: da desmoralização do magistério à destruição do sistema público de educação. In Educ. Soc., Campinas, v. 33, n. 119, p. 379-404, abr.-jun.2012 http://www.cedes.unicamp.br

LIBÂNEO, J.C. Internacionalização das políticas educacionais e repercussões no funcionamento curricular e pedagógico das escolas. In. Libâneo, Suanno & Limonta. Qualidade da Escola Pública – políticas educacionais, didática e formação de professores. Cap. 2. Goiânia. CEPED Publ. 2013. p. 47 – 72.

NÓVOA, António. Apresentação da obra. In: NÓVOA, António (org.). Profissão professor. 2. ed. v. 3. Portugal: Porto Editora, 1999.

PIMENTA, S. G. Formação de professores: identidade e saberes da docência. In: Pimenta (org.) Saberes pedagógicos e atividade docente. S.P. 2012, 8ª. Ed. p. 15 – 38.

PIMENTA, Selma Garrido; FUSARI, José Cerchi; FRANCO, Maria Amélia Santoro. Por uma Didática Multidimensional em diálogo com as Didáticas das Disciplinas: tensões e possibilidades. XVII ENDIPE, Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino. Fortaleza, 2014.

ZEICHNER, K. Políticas de formação de professores nos Estados Unidos - Como e por que elas afetam vários países no mundo. Belo Horizonte. Ed. Autêntica. 2013. cap. 2. “A influência do setor privado sobre as políticas públicas de formação de professores nos Estados Unidos”. P. 51 a 98.

Rosana Pontes

A influência mercadológica na educação

Inicio esta reflexão, comparando a Educação com o comandante de uma embarcação de dimensões gigantescas, que deve levar com maestria sua nau por mares conturbados da existência, e que, diante dos desafios de ondas revoltosas, nos convide ao enfrentamento e à superação.
Esta Educação deve ser iniciada no âmbito da família, mediante a atuação dos pais, na rotina diária com seus filhos, emprestando exemplos valorosos e acolhendo com amor e responsabilidade este embrião de vida, que tal como semente deve ser lançado em terreno apropriado e cuidado com dedicação e empenho.
Aqui, já temos o primeiro problema a ser tratado: Terceirização da Educação Familiar. Em face de uma vida cada vez mais atribulada e cobradora de medidas urgentes de sobrevivência, os pais de hoje, em sua grande maioria, encontram-se afastados desta responsabilidade e julgam ser suficiente, e até mesmo natural, terceirizá-la ao sistema de Educação vigente, no âmbito escolar. Mera ilusão, pois esta lacuna não pode ser preenchida pelos educadores. Esta tarefa tão delicada e primordial é exclusiva da engenharia da vida familiar e a ela está subordinada de forma irremediável, pois constitui ensinamentos não somente aos filhos, mas, principalmente, aos pais, no grande projeto que consiste a experiência doméstica.
Neste sentido, me cativa a ideia de entender o Estado, como o ente que, diante da necessidade urgente de conter esta onda de desamparados e aturdidos, possa acolher e encaminhar a sociedade para o sentido libertário da Educação, e aqui reforço: Sentido libertário da Educação, atuando como uma espécie de alma coletiva, atendendo ao chamamento de uma sociedade que carece de sentido, municiando-nos de bússola e mapa.
Neste ponto, surge um novo problema: Terceirização da Educação Pública para o Setor Privado Empresarial . É natural que não podemos cerrar os olhos ao fato de que nossa vida está mergulhada em um sistema apoiado na economia de mercado e, nesse sentido, o resultado desta operação de natureza comercial coloca em destaque o produto, que somado a uma engenharia financeira, auxiliada por uma publicidade cada vez mais atuante, nos induz a práticas de consumo cada vez mais absurdas e predatórias, tornando nossas vidas uma sombra caótica de nossas reais potencialidades.
O Estado tem todo o direito de buscar alternativas para solucionar o entrave da Educação, seja na sociedade civil, seja no meio Empresarial, tudo é valido quando se trata de tentar entender a amplitude deste problema, que assume desde sempre dimensões Titânicas.
Acredito que existam fórmulas adotadas pelo setor corporativo que possam ser aplicadas ao setor público, inclusive apoio este direcionamento, no que tange particularmente à gestão: controles, planejamento, etc... As Empresas poderiam fazer doações ao MEC, que tenham como contrapartida incentivos de natureza fiscal e tributária, enfim uma discussão em torno de um tema que busque apoio, sem a interferência direta na condução do Projeto Educacional de Natureza Pública, Universal e custeado pelo Tesouro Nacional. Me pergunto: Será que o pacote completo da Educação interessa ao setor privado? Ou, como de hábito, somente o filé mignon está na pauta desta discussão.
A Educação deve orientar o despertar do homem, para o questionamento do mundo que lhe cerca, tornando-o um ser reflexivo, capaz de se autodescobrir e vencer suas limitações. Esse projeto não deve estar subordinado a leis de mercado, que, via de regra, despertam em nós um sentido de TER que sobrepuja o de SER. Liberdade para pensar, questionar e escolher sua própria jornada, que atenda suas expectativas, diante da visão de mundo que ele próprio foi capaz de construir, mediante potências e talentos despertados em um ambiente que acolhe e motiva - a sala de aula, usina de ideias -, que envolve e abraça, onde não existem mestres e alunos, mas, sim, alunos em graus diversos, com boa vontade, humildade e generosidade.
Utopia, inocência, ilusão, sonho? Não importa, não acredito na mudança simples e prática, automática e instantânea, mas acredito na Mudança!! Sei da capacidade humana de Destruir e Construir, uma me assombra a outra me encanta, prefiro acreditar e empenhar minhas convicções e todas as minhas fichas na parte humana capaz de construir.
A História nos revela como são lentos os passos da humanidade. É que, para humanizar o humano, não existe roteiro de facilidades, tudo é empenho, exercício demorado de evolução que se encadeia, afinal, a natureza não admite saltos.
Em qual prateleira deste imenso supermercado estará disponível: O Belo, O Bom, A Ética, A Justiça, A Estética, A Política...? Existirá este produto? Ou por falta de demanda, ele será sucateado, interrompida sua produção e se tornará produto fora de estoque!!! Mas se os olhos da humanidade não puderem contemplar essa prateleira, com esses produtos expostos, terá valido a pena ir às compras??
É possível medir a humanidade! Estatísticas, gráficos, mapas de desempenho, equações, etc... mas, será possível mediar almas??
Educar é libertar almas. Esta ação generosa extrapola o olhar corporativo de resultados. Será que todo humano conquistará o Sucesso? Mas o que é mesmo o Sucesso??? Quem sabe, na próxima reflexão...
Segue abaixo o link de uma canção interpretada por Mercedes Sosa e o Grupo Calle 13. Gosto de escutá-la, pois me faz agradecer a vida abençoada que tenho e me convida a compartilhar o drama dos excluídos.

https://www.youtube.com/watch?v=1xVrHcN7zSA

TRADUÇÃO ( A PARTE CANTADA PELO GRUPO CALLE 13 NÃO ESTÁ NA TRADUÇÃO)

Canción para un niño en la calle

Canção para uma criança na rua
Neste momento exatamente
Há uma criança na rua
Há uma criança na rua!

É digno dos homens proteger o que cresce
Cuidar para que a infância não morra nas ruas
Evitar que naufrague seu coração andarilho
Sua incrível aventura de pão e chocolate

Colocar uma estrela no lugar da fome
De outro modo é inútil, de outro modo é absurdo
Ensaiar na terra a alegria e o canto
Pois de nada vale, se há uma criança na rua

Não deve andar o mundo com o amor descalço
Tecendo um diário como uma asa na mão
Sustando os trens, sonegando o riso
Golpeando-nos o peito com uma asa cansada

Não deve andar a vida, recém-nascida, sem valor
A meninice riscada sob a estreita ganância
Então as mãos são inúteis fardos
E o coração apenas uma má palavra

Pobre o que esqueceu que há um menino na rua
Que há milhões de crianças que vivem na rua
E uma multidão de crianças que crescem na rua
E agora vejo apertados seus corações pequenos

Todas nos tomam com fábulas nos olhos
Um relâmpago truncado atravessa a tomada
Ninguém protege essa vida que cresce
E o amor está se perdendo, como uma criança na rua

Maurício Pereira Casasco - Filosofia (2º semestre 2015-2)

Referência Bibliográfica:

FREITAS, L. C.. Os reformadores empresariais da educação: da desmoralização do magistério à destruição do sistema público de educação. In Educ. Soc., Campinas, v. 33, n. 119, p. 379-404, abr.-jun.2012 http://www.cedes.unicamp.br 

Que educação é essa?


Indago a mim mesma a importância de um mundo melhor. Penso que ora reclama-se da vida, ora não se esforça para fazê-la melhor. E o que fazer para termos um bom mundo? Ora, temos que ter bons cidadãos vivendo nele.
O conhecimento precede um bom cidadão, que precede um mundo melhor. Atrevo-me a dizer que, em nosso país, temos que saber trabalhar, ao alcance das possibilidades existentes, a educação básica que, por sua vez, é obrigatória - e todos sabem disso. Até agora nenhuma novidade. 

Em contrapartida, há também alguns outros lados da moeda. Temos o governo – que por obrigação estabelece diretrizes curriculares para as escolas, e, temos também alunos e professores. Cada qual com sua respectiva função. No Brasil, há uma certa impressão, sob meu ponto de vista, de que o governo acha divertido apropriar-se de verbas sociais para seu próprio benefício. Economizando, assim, as verbas de alguns setores como, por exemplo, da educação. E, por quê? Eu respondo: propositalmente. 
A grosso modo, faz-se questão de construir barreiras para a construção, obtenção e compartilhamento de conhecimentos. O governo, por sua vez, decidiu que a remuneração de um professor deve ser equivalente a de um simples operário.
Por outro lado, os professores estão cada vez mais escassos no
mercado e desvalorizados. Há, ainda em alguns deles, a esperança de uma educação melhor, de condições melhores, de um mundo melhor.
Há também os alunos. Aqueles que serão, futuramente, os adultos
responsáveis pelo mundo. Alguns com muita vontade de aprender, outros nem tanto, e outros tantos que frequentam a escola somente por obrigação.
Independentemente da posição em que se encaixa cada aluno, todos têm o direito de aprender. Todos têm o direito de ter um bom professor, devidamente remunerado e valorizado para exercer tamanha difícil função.
Paulo Freire ressalta a importância de uma boa educação. Em sua longa carreira de educador, ele priorizou a conscientização das camadas populares sobre quão importante é um cidadão devidamente alfabetizado, ser pensante, crítico e ativo. Freire recusa-se a valorizar o método de "educação bancária", em que professores depositam o conhecimento no aluno, tratando-o como passivo e ser não-pensante e não-crítico, sem conhecimento algum. O conhecimento deve ser compartilhado. Conforme Freire, alunos e professores constroem o conhecimento mediados pelo mundo.
É árdua e difícil a função do educador. Portanto, deve-se voltar a atenção, principalmente, para a educação do nosso país. Que cidadãos estamos formando? Que mundo queremos para os nossos filhos e netos? Como fica a situação do Brasil perante os outros países desenvolvidos?
Cidadãos desta nação, vocês devem valorizar as escolas e os professores dos seus filhos, devem cobrar o governo para terem seus direitos.
A educação merece a atenção de todos, os professores merecem ser
valorizados, porque são os poucos que se preocupam com o desenvolvimento intelectual do povo como um todo.
“Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo.”
Paulo Freire


Raphaela Mouco Fernandes - Letras (2º semestre 2015-2)

Paradoxo da raça humana


Um homem, com uma “ideia gulosa de fazer uma crítica à educação do país”, juntou-se com mais uma dúzia de pessoas para desenvolver um programa de alfabetização de adultos, em “Círculos de Cultura".
Assim, esses idealistas conseguiram mudar uma região, não geograficamente falando, mas no sentido da concepção de ser pensante, para os moradores que, na grande maioria, eram analfabetos. Tendo resultados imediatos bastante significativos, só não ultrapassaram todos limites, por causa de opressores que, com essa benfeitoria, sentiram-se ameaçados.
Mesmo sob a opressão da ditadura militar, esse homem deu parte de si para o mundo e esse era Paulo Freire. No entanto, por mais que ele tenha deixado um vasto legado para nós (educadores e futuros educadores), o passado se repete em nossa atualidade. A “massa modificadora” não consegue fazer cair os princípios dos gigantes chamados Política e Políticos, que por vezes, mais uma vez, entretanto, nunca definitivamente irreversível, conseguiram fazer com que os educandos deixassem de ser estimulados política e pedagogicamente e, com isso, passaram essa falta de estímulo para suas proles (nossos atuais jovens e crianças).
Educar é uma via de mão dupla que quando uma delas está em falta, nada do que deveria ser proposto acontece, pois os educandos, ao entrarem nas inúmeras celas que é a escola, todo o seu conhecimento de mundo e energia têm que ficar do lado
de fora, e os educadores têm agora a função de carcereiros, desconstruindo, assim, todo um sentido sobre o que é Educar e Educar para Transformar o Futuro de todos.
Ou seja, os seus são os meus, porém os meus têm que estar diferenciados 
em todos os sentidos dos chamados nossos.

Willian da Silva Lima - Letras (2º semestre 2015-2)

Ser amoroso


Este poema exala transformação...
Li que, numa entrevista, a respeito da relação entre educação e a arte, Freire argumentou: “Eu penso que, no momento em que você entra na sala de aula, no momento que você diz aos estudantes, 'Oi! Como vão vocês?',você inicia uma relação estética. Nós fazemos arte e política, quando ajudamos na formação dos estudantes, sabendo disso ou não. Conhecer o que de fato
fazemos, nos ajudará a sermos melhores.”

Entendi que Freire afirma que o processo da educação é, necessariamente, um processo artístico. O professor é um
artista, quando cria e recria o conhecimento, compartilhado
com os alunos. Então, a educação é, por natureza, um exercício estético.
Mais Freire...
Outro ponto que faz da educação um momento artístico é, exatamente, quando ela é, também, um ato de conhecimento. Conhecer, para mim, é algo de belo! Na medida em que conhecer é desvendar um objeto, o desvendamento dá 'vida' ao objeto, chama-o para a 'vida', e até mesmo lhe confere uma nova 'vida'. Isto é uma tarefa artística, porque nosso conhecimento tem qualidade de dar vida, criando e animando os objetos enquanto estudamos.”
A arte, em suas diversas atividades, desperta nos alunos novos valores, desenvolvendo o sentido de apreciação estética do mundo, recorrendo a referências e conhecimentos básicos no domínio das expressões artísticas, exprimindo sentimentos, emoções suscitados
pelos textos, sensibilizando e estabelecendo interações através de diferentes linguagens.
Isso me alenta...
Terminando com ele mesmo...e quem mais, com tanto AMOR???!!!...
Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso. Amo as gentes e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo, que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade”.

Maria Izabel Tornatore de Freitas Portela
Filosofia (2º semestre 2015-2)

Utopia da Educação

A sociedade humana parece ter perdido a noção do real sentido de educação. 
Deixou-se de lado o desenvolvimento pessoal, o aperfeiçoamento das habilidades e virtudes e a contribuição para o bem comum; privilegiou-se o mercado de trabalho e o conteúdo por si mesmo. Novos métodos educacionais surgiram com o passar dos anos e
a iniciativa de Paulo Freire destacou-se tanto no Brasil, quanto no mundo.
Para combater o que o pernambucano nomeou “educação bancária”, o modelo tradicional, no qual o professor transmite o conhecimento e o aluno apenas o recebe, a sala é disposta em forma de círculo. Isso permite maior interação e diálogo nas aulas. A cultura e a experiência de vida que cada um traz consigo são reconhecidas e compartilhadas. Assim, a escola não se prenderia ao conteúdo presente nos livros didáticos ou apostilas.
A equipe que trabalhava com Freire realizava uma pesquisa participante e, dessa forma, os estudantes eram alfabetizados, a partir das palavras associadas ao seu cotidiano. Além do
abecedário, ensinava-se o aprofundamento nas questões sociais e a crítica das estruturas econômicas.
Essa pedagogia reflete os conceitos antropológicos de Freire: somos seres curiosos, inacabados, questionadores por natureza e não vivemos sozinhos, precisamos do outro. Nas relações humanas,
construímos o aprendizado.
Segundo o patrono da educação brasileira, ensinar é criar possibilidades para a produção ou construção de conhecimento. Que a escola possa adotar uma visão humanista, a compreensão do ser em sua totalidade, e incorporá-la em sua missão.

Mariana Medeiros Prates Maia - Letras (2° semestre 2015-2)

Freire mais que um educador


Paulo Freire era um educador e pedagogo que, por não aceitar as
práticas de ensino de sua época, denominadas por ele como "educação bancária", ou seja, o ensino que priorizava apenas a transmissão de conteúdos do professor para o aluno, criou uma pedagogia a partir do ponto de vista do povo. Por isso, chama-se Pedagogia do Oprimido, porque nasce do conhecimento de mundo que o povo oprimido traz consigo.
Freire sempre teve uma forma humanizada de educar, visando não
só à escolarização, mas também à construção de um indivíduo com consciência política. Um dos princípios que Freire usou para colocar em prática sua incrível forma de ensinar foram os “círculos
de cultura” que buscavam alfabetizar e conscientizar adultos em 40 horas. Programa que conheci e admirei por meio do documentário “Paulo Freire Contemporâneo”.
O documentário fez com que minha admiração pelo educador aumentasse muito, pois pude ver as pessoas que os “círculos de
cultura” formaram e como realmente essa experiência os tornou seres mais conscientes. 
A única tristeza que tudo isso me trouxe foi perceber que se o projeto não tivesse sido cancelado, durante o golpe militar de 1964, a educação no país poderia ter tomado um rumo muito diferente. Um rumo que teria formado adultos e escolas mais conscientes e, consequentemente, uma melhor prática de ensinar as crianças.

Beatriz Nunes Campello – Letras ( 2 semestre 2015-2)

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Conhecendo Paulo Freire


Confesso que, antes de iniciar o curso de Letras, não conhecia Paulo Freire. Ao começar o curso, passei a escutar muito o seu nome. Bateu a curiosidade, e então resolvi pesquisar a seu respeito. Achei muito interessante a sua história de vida e, especialmente, a sua luta pela educação no Brasil. 
O documentário "Paulo Freire Contemporâneo" é uma prova de que ele se preocupava muito em educar o povo brasileiro, os mais pobres e os que moram em lugares sem nenhum acesso ao conhecimento. Ele foi capaz de levar a educação a lugares onde muitos brasileiros jamais imaginariam.
Muitos não imaginavam que um dia iam ter a oportunidade de frequentar uma sala de aula, mesmo que improvisada, e que teriam a oportunidade de aprender a ler e escrever, inclusive escrever o próprio nome. Por meio desse filme, eram nítidas, no rosto de cada um dos participantes, a alegria e a emoção de poder estudar, principalmente, aqueles com idade já avançada e os que “ralam” em empregos humildes como os catadores de lixo. 
Além da educação formal, as escolas, que utilizam o método educacional de Paulo Freire, fornecem outras formas de aprendizado, como o plantio e a música, exemplificados no documentário. 
Chamou-me a atenção a parte em que um homem consegue pela primeira vez escrever uma poesia. Para mim, ver
sua felicidade foi sensacional, pois percebi que a luta foi árdua e, no final, ele foi recompensado com uma obra de sua autoria. 
Outra coisa muito interessante que achei, ao assistir esse documentário, foi ver o orgulho e a emoção estampados nos rostos dos professores, tanto dos que ensinavam para escolas em lugares de difícil acesso, quanto dos que ensinavam para alunos de baixíssima renda. Para eles, ficou evidente que a educação não tem fronteiras, que ela pode ir a qualquer lugar, graças a Paulo Freire, que, com certeza, tinha o mesmo pensamento.
Sobre a pergunta “que educação é essa?”, para mim, como dito antes, é uma educação que não se limita a apenas um lugar, ela vai a qualquer país, estado, rua, planeta, etc. A educação está em todo lugar, porque, na minha concepção, há vários professores querendo mudar o povo brasileiro, mudar para melhor é claro. Investindo
em conhecimento, cultura e fazendo com que as pessoas se interessem em aprender, em ir à escola. 
Sabemos que não há idade, cor, raça, religião e, principalmente, classe social para a educação, ela é para todos. É bom saber que ainda há no mundo pessoas com vontade de ensinar, de manter o legado de Paulo Freire vivo e de que não há fronteiras para educar. Educando, podemos sonhar com um futuro melhor para o país. E é bom saber também que muitos se interessam em aprender, e que, independente de vários fatores, a esperança de aprender ainda está viva.

José Cláudio Lopes - Letras (2º semestre 2015-2)

A utopia essencial de Freire para os educadores


Por meio dessas palavras de Paulo Freire, conseguimos entender o princípio de seu pensamento. É possível mudarmos o mundo.
Paulo Freire, nascido em 1921, em Recife, Pernambuco, é conhecido por suas críticas à educação da década de 1950/60, e em seus trabalhos ressalta generosidade e bondade como pessoa humana. 
Freire insere o oprimido na escola, condição que era inviabilizada pela cultura dominante. Com isto, Paulo Freire recebeu a nomenclatura de revolucionário. Para o autor, o ser humano está em constante evolução, ou seja, é um ser inacabado. Essa concepção o faz ir de encontro ao sistema de "educação bancária", em que o professor deposita conhecimentos nos alunos, para depois, ao final de um ano letivo, cobrar esses conhecimentos. 
Um ensino freireano precisa ir contra este ensino “bancário” e ir rumo à libertação e humanização dos alunos, pois, dentro da escola, o professor pode aprender a ensinar e o aluno aprender a aprender.
No documentário "Paulo Freire Contemporâneo", é possível ver diversas experiências freireanas que mostram como essa pedagogia pode ser eficaz e humanizadora, desde exemplos simples, em que os professores mudam a forma de acolher os alunos, ao se relacionarem como pessoas, além da hierarquia professor-aluno. 
Há ainda exemplos mais complexos, como escolas rurais que trabalham a importância da agricultura, assim a escola funciona como espaço sociocultural, integrando a vivência do aluno e o ensino de conteúdos tradicionais.

João Victor Concer Corrêa - Letras (2º semestre 2015-2)