domingo, 29 de abril de 2012

TURISMO NA PRAIA

Sentada na sacada do apartamento, fiquei observando meus vizinhos ocasionais (conhecidos como turistas) saindo para a praia (e nem sol tinha).
Não sou incherida, só estava fazendo o que estudamos nas semanas passadas nas aulas de Educação e Linguagem: uma leitura da cidade (no caso, dos vizinhos).
Como sabem, praia é sinônimo de pouca roupa, pouca cintura e muita gordura, muita micose. Milho cozido na água da torneira, é coco verde  que custa o olho da cara, mas turista paga, mas tudo bem, porque o principal ponto do turismo é a... PRAIA!
Que beleza! Que maravilha, é a praia! Os cachorros fazem coco e as crianças pisam ou pegam achando ser conchinhas. Os jovens e mal educados jogam frescobol e acertam a bolinha na cabeça das crianças e velhinhas de família que conhecem palavras não tão educadas.
Os jovens (ou não tão jovens) surfistas miram a prancha na direção da areia, pra abrir a cabeça dos banhistas.
O melhor programa pra quem vai à praia é chegar bem cedo, pra pegar um bom lugar perto da água e dos carrinhos de “guloseimas" (afinal é gente demais), aproveitando que o sol ainda está fraco e as famílias estão chegando.
Interessante ver aquelas pessoas carregando pilhas de cadeiras, várias geladeiras de isopor, mais de um guarda-sol (o importante é a proteção), raquete, toalha, bola, balde, chapéu, prancha, talvez até o frango e a farofa; vi também levarem uma churrasqueira, que absurdo!
Depois de quase uma hora, todos já estão instalados, devidamente besuntados e prontos para aproveitarem o dia na praia.
As crianças, que gracinhas, são o centro das atenções. Os pequenos chorando sem parar, as maiores brigando por um brinquedo, os adolescentes ouvindo músicas em alto volume achando que o resto do mundo é surdo.
As mães, coitadas, aproveitam como podem (ou sabem), buscam um filho que está se afogando, ou tentam encontrar o outro pé do chinelo, estão sempre atentas ao redor. Já furar a areia pra fincar o cabo do guarda-sol é obrigação dos homens, que depois de tanto esforço, sentam-se confortavelmente em uma cadeira, e já atacam a geladeira de isopor.
Mas o que é isto tudo diante da alegria, da felicidade, da maravilhosa sensação que é entrar no mar, com sua água tão cristalina, que dá pra ver os cardumes de sujeiras como latinhas, copos plásticos, etc., boiando ao seu lado?
E depois de um belo banho de mar, é só tomar um pouco de sol para bronzear. Afinal estamos na praia! É só abrir a velha esteira, botar o chapéu, os óculos escuros e ficar à milanesa até o sol ir embora.
E quando sol vai embora, todo mundo volta pra casa tostado e vermelho como pimentão, toma banho, e claro, deixando o sabonete  e o banheiro cheio de areia pro próximo. E as toalhas? Casa de praia sempre tem aquele cheirinho de mofo, e tudo dentro também, desde as toalhas até os talheres.
Depois de uma refeição rápida, como uma macarronada, porque ninguém vai querer ficar trabalhando, uma cochilada na rede pra ralar as costas queimadas.
Geralmente o dia termina com uma boa rodada de tranca, um passeio no calçadão para tomar um sorvete, ou todo mundo vai dormir bêbado e emburrado, babando na fronha e torcendo, pra que, na manhã seguinte, faça aquele sol e todo mundo possa aproveitar o feriadão.
Isto é fazer uma leitura do cotidiano maravilhoso dos vizinhos ocasionais que sabem aproveitar muito bem um feriadão.


Rosemary Franceloso - 4º semestre

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