segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Presente de Deus


O telefone tocou! Era minha tia pedindo para que eu não deixasse minha prima fazer a loucura de deixar o bebê que ela carregava no ventre no hospital.
Confesso que, de imediato, minha reação foi dizer não. Sem saber exatamente como dizer, pois eram anseios de afetividade, já que não experimentei, em minhas vísceras, a maternidade. Gostaria de salvá-lo da tragédia, de certa forma prevista, colocando-o dentro do meu ventre para protegê-lo, completar o que lhe faltava e depois devolvê-lo ao mundo com riscos menores e sentido maior para seus caminhos.

O bebê veio para minha vida sem planejamento. Eu não tive as responsabilidades durante a gestação dos nove meses. Ele era meu filho, não somente do desejo sem controle dos instintos, mas da busca da proteção que lhe faltou, já que Deus não me concedeu o dom de carregar em meu ventre um bebê, mas deu-me em carne viva.
Ser mãe está além da concepção, do útero materno, do parto, está na capacidade de embalar e educar para uma vida toda. Ser mãe é fidelidade, aconchego, limites, construção e reconstrução.
Escrevo sobre a experiência de ser mãe, mesmo que de coração. Foi meu filho que me escolheu. Ele me embala ainda em acontecimentos diversos, me ensinando, nesses 13 anos, a ultrapassar distâncias e a não temer o novo. Aos poucos, assumiu do seu jeito, os projetos que Deus colocou no sonhos dele para mim.
Essa é a história que Deus faz conosco, por razões que não compreendemos, mas que, sem dúvida, são para o nosso bem, pois pertence à sabedoria dele, e nada acontece por acaso. Deduzo que nenhuma pessoa é infecunda se abrir os ouvidos para o anúncio dos enviados de Deus.
Não foi possível ao meu menino um berço do próprio sangue, por isso o acalentei, por um desígnio amoroso do Pai, no côncavo de minha alma.

 


Claudia Fernandes - 4º semestre 2012/2  

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