quinta-feira, 4 de outubro de 2012

E era assim...

No tempo em que eu era criança, por ruas de areia corria, brincava e sonhava... Subia e descia de árvores altas, sentia o vento soprar e as frutas doces que eu gostava de experimentar... A goiaba era a preferida!
Minhas amigas eram doces companheiras, inseparáveis, trocávamos segredos, confidências e até pactos de amizade eterna fizemos... Que pura inocência! Tempos bons, quando não havia malícia! Somente sonhos, em que casaríamos no mesmo dia, cada uma com seu respectivo príncipe e quando nascessem nossos filhos, um seria afilhado da outra.
Não havia preocupação de nossos pais, ficávamos até tarde na rua. As pessoas ficavam sentadas no portão em seus banquinhos de madeira a trocar ideias, a planejar o futuro dos filhos. Os muros das casas eram baixos, onde as vizinhas trocavam uma xícara de pó de café, quando este acabava. Tomava o lanche da tarde na casa da minha amiga e depois mais brincadeiras, boneca, carrinho de lata, cabaninha, pega-pega, esconde-esconde, e por aí a fora. Ah! Não poderia me esquecer da brincadeira de escolinha... Que delícia!
Lembro-me das tardes de domingo que fazíamos passeios de barco lá na maré, de nossas pescarias na lagoa e a água cristalina das nascentes ao pé do morro do Ilhéus, que água! Parecia-nos que o brilho, a alegria daquela vida saudável e simples nunca iria passar, mas tudo passa ... tudo passa...
Um belo dia, aquelas ruas de areia, pelas quais corríamos tanto, começaram a ser modificadas. Grandes máquinas trabalharam a tirar o excesso de areia, vieram pedras e, por fim, a camada negra de asfalto, os passeios de barco findaram-se, pois muitas casas foram construídas à beira da maré... Foram-se nossos espaços! A selva de pedra tomou conta! Crescemos! E cada uma... tomou seu caminho, em busca de novos horizontes. Hoje, o esplendor de nossa infância, aquele doce lugar permeia apenas... nossa memória...

Marilene Aparecida Santana - 4º semestre 2012/2

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