domingo, 28 de abril de 2013

Ser professora na Educação Infantil é derramar amor sobre a vida de uma pessoa


 

Enquanto organizava algumas fotos da escola que, com carinho auxilio através de meu trabalho, parei um instante frente a tantas crianças e, como que sem explicação, duas lágrimas rolaram por minha face. 
Contive-me, voltei a separá-las, escolhê-las e olhando as crianças, a sala de aula junto a equipe de professores, parei com o coração apertadinho, mas com um sorriso no rosto, pensei: - Não nos fazemos professoras na Educação Infantil, somente através de um curso, seja de Magistério ou Pedagogia. Nascemos professoras!
Se não por quais motivos nos veríamos inseridas no processo educacional de seres tão complexos que não raramente nos ofendem, tiram-nos a paciência, fazem-nos chorar escondidas?
Que ser é esse que também nos faz sorrir, abraça-nos e sente um prazer indescritível em nos auxiliar por algumas horas?
Bem, eu não sei explicar, mas sinto essa necessidade de estar em sala de aula para fazer parte mais de perto do contato humano, do calor que é transmitido por nossos alunos. 

Como são observadores, encantadores e como nos irritam e nos provocam! E não é que, muitas vezes, comportamo-nos de modo mais infantil do que eles! Pegamo-nos em uma queda de braços com uma criança de 7 ou 8 anos de idade... Como somos crianças em nossa essência!
Esta semana, enquanto organizava a cozinha, falava com uma de minhas filhas sobre uma colega de classe que tive.
Ela seria uma professora maravilhosa, nasceu para isso, tem o dom de encantar as crianças de fazê-las ouvir, de ensiná-las... Entretanto, nunca conseguiu formar-se. Na verdade, perdeu o último ano, já com estágio feito e, por fim, desistiu. É cabeleireira, mas com alma de professora vai fazendo e ensinando. Ela não é professora, mas nasceu para ensinar e faz isso com desenvoltura, c
omo fazia com as crianças. No entanto, os " profissionais" nunca enxergaram uma professora dentro daquela jovem com uma certa dificuldade de aprendizagem. 
Eu sempre me enxerguei professora! É triste saber que pessoas sem amor algum pela profissão a exercem pelo dinheiro e fazem isso de forma "profissional", enquanto verdadeiros profissionais, nascidos professores, são impedidos de realizar o trabalho que tanto amam. 
O professor é mais que um profissional da educação. Ele é gente, ele é criança, ele tem a alma na infância e esse é seu diferencial. Existe o profissional e o profissional amoroso. É bem aquilo que Paulo Freire disse: "ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria (...) Não se pode falar de educação sem amor". Outro dia, enquanto via um documentário sobre a vida de um educador que tinha uma paixão tão imensa que se podia perceber que seu coração queimava, pensava: Ah, meus momentos em sala de aula! 
E, às vezes, eu choro, porque não me é dado o direito de exercer aquilo que, em amor, foi gerado em mim, desde que nasci, mas são apenas momentos, pois, se aqui estou, há algum propósito e alguma utilidade e avante vou, na certeza de que muitos que se encontram no recinto escolar e que nasceram professores podem auxiliar e direcionar os que se fizeram profissionais. 
Que, neste percurso da nossa formação em Pedagogia, possamos ser iluminadas com a lembrança do sorriso de cada aluno, do auxílio de cada colega. Confesso a admiração que tenho por cada um de vocês que tiraram o foco de seus salários e conseguiram enxergar que o lugar que ocupam é importante demais e que nem mesmo um milhão de reais pagaria um dia de amor derramado sobre a vida de uma pessoa. 

Dora Ferreira de Moura - 3º semestre 2013/1

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