sexta-feira, 26 de abril de 2013

Ser professora na Educação Infantil é estar aberta para a formação contínua



Formei-me no magistério em 2005 e lembro-me que quando iniciei o estágio sentia muito medo.
O curso de magistério foi bom para abrir caminho, foi uma preparação para algo que era desconhecido para mim. Como foi um curso de curta duração, não me deu todo suporte que a área da educação exige, por isso o medo em relação ao estágio que infelizmente não foi totalmente proveitoso.
As professoras responsáveis pela sala, na maioria das vezes, incubiam-me de fazer outras funções ou até mesmo me deixavam sozinha com os alunos. Eu que não tinha nenhum preparo me sentia insegura e com medo de não dar conta. Logo depois, fui dar aula em uma escola particular de educação infantil.
A sala onde ficava com 20 crianças era muito pequena, o livro era desses que vêm com as atividades prontas, era só destacar e passar para as crianças. Não tinha experiência, fui totalmente crua, o estágio que tinha feito anteriormente não havia me preparado suficientemente...
Trabalhei por nove meses com essas crianças e o que pude perceber é que tinha escolhido a profissão certa, era exatamente isso que gostaria de fazer. Não sabia muito bem como seria a melhor forma de ajudar as crianças a aprender, mas já sentia em mim um grande amor e um grande prazer em estar com os pequenos.
Um tempo depois, comecei a trabalhar nas creches do município de Cubatão. Ainda me lembro do primeiro dia. Como foi diferente! Senti um prazer imenso por estar ali, uma sensação de que aquele lugar me pertencia... Com um pouco mais de maturidade, mas faltando conhecimentos, agindo mais por instinto, tentei ser professora desses pequenos de apenas um ano de idade. Ne
sse início, predominou mais a afetividade.
Sempre tive muita facilidade para entender crianças e suas necessidades. Minha empatia com elas sempre foi grande, a criança comunica-se de várias formas, não só com a fala. O olhar diferenciado daquele que presta atenção, que é minucioso, consegue verdadeiramente entrar nesse universo que é o mundo infantil.
Na sala de aula, com meus aluninhos, trabalho muito com movimentos. Imitamos animais e seus gestos, andamos descalços para sentir as várias texturas do chão, se é liso ou áspero, corremos e andamos devagar, rolamos no chão, brincamos com lençol, fazemos cabanas, brincamos de subir no lençol e este vira carro de passeio, dançamos vários ritmos de músicas, cantamos, lemos muitas histórias, pintamos com tintas guache e giz de cera, construímos brinquedos de sucata, brincamos com brinquedos tradicionais.
Sinto grande tristeza quando presencio bebês que passam grande parte do dia presos em carrinhos, como choram e ficam irritados! Infelizmente, a grande maioria de educadoras das creches não consegue ter esse olhar diferenciado. Com o pensamento de que a criança presa dá menos trabalho, não percebem o quanto são responsáveis pelo não desenvolvimento dessas crianças e o quanto elas ficam irritadas e chorosas. Para essas crianças, estar nesse ambiente escolar passa a ser punição e não aprendizado com prazer.
Independente da idade do aluno a interação entre profesor/aluno é imprescindível. "O meu respeito de professor à pessoa do educando, à sua curiosidade, à sua timidez, que não devo agravar com procedimentos inibidores, exige de mim o cultivo da humildade e da tolerância. Como posso respeitar a curiosidade do educando se, carente de humildade da real compreensão do papel da ignorância na busca do saber, temo revelar meu desconhecimento? Como ser educador sobre tudo numa perspectiva progressista, sem aprender com maior ou menor esforço, a conviver com os diferentes? Como ser educador se não desenvolvo em mim a indispensável amorosidade aos educandos com que me comprometo e ao próprio processo formador de que sou parte? Não posso desgostar do que faço sob pena de não fazê-lo bem. Desrespeitado como gente no desprezo a que é relegada a prática pedagógica não tenho porque desamá-la e aos educandos. Não tenho porque exercê-la mal." ( Paulo Freire, Pedagogia da Autonomia, 2005)
Essas experiências foram trazendo certezas de que precisava me aprimorar. Comecei a cursar Pedagogia e a obter conhecimentos imprescindíveis para minha prática. Todos esses conhecimentos condizem diretamente com tudo o que vivencio dentro de sala de aula. Citando Wallon e sua teoria: "(...) a pessoa está continuamente em processo. Falar em processo significa afirmar que há um movimento contínuo de mudanças, de transformações desde o início da vida até seu término. (...) É de uma rede de relações entre conjuntos – motor, afetivo, cognitivo – e entre eles e seus fatores determinantes – orgânicos e sociais – que emerge a pessoa. Impossível entendê-la fora dessa rede de relações (...) É contra a natureza tratar a criança de forma fragmentária. Em cada idade constitui um conjunto indissociável e original. Na sucessão de suas idades é um único e mesmo ser em contínua metamorfose". (Wallon, Psicologia e educação da infância, 1981).

Com base na minha experiência profissional e no que os autores citados defendem, posso afirmar que ser professora na Educação Infantil é estar aberta para a formação contínua.

Edna Cirqueira - 3º semestre 2013/1

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