sexta-feira, 27 de março de 2015

Uma atividade didática de investigação sobre a leitura e a escrita

Na nossa primeira aula de Conteúdo e Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa II, a professora nos surpreendeu com uma atividade bem inusitada, porém divertida, pois foi algo totalmente diferente. Uma leitura em uma língua estrangeira.
Logo de cara, quando recebi o texto, imaginava que era inglês, mas, ao ler as primeiras linhas, percebi que se tratava de um texto em alemão devido aos tremas e ao sotaque interessante que adquiri ao ler. Foi algo bem engraçado eu e minhas colegas de classe rimos bastante.
Dificuldades foram muitas, mas, com bastante calma, trabalhando em grupo, ao tentar interpretar o texto, fomos percebendo que se tratava de uma carta escrita por uma pessoa do sexo masculino. No decorrer da leitura, percebemos também que havia o envolvimento de uma empresa.
Assim, podemos dizer que ler um texto como esse foi um ato de decodificação e interpretação, juntar partes mais compreensíveis com aquelas praticamente não compreendidas. Usei todas as minhas habilidades de interpretação, como a minha competência leitora, com a qual comparei, analisei, relacionei e levantei hipóteses, para justificar e tentar contextualizar o texto.
De acordo com o texto “A importância do ato de ler”, de Paulo Freire, “a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra”. No caso do texto em alemão, usei também a minha habilidade da leitura de mundo, como reconhecer um currículo ou uma carta de recomendação. Se sempre praticarmos o hábito de ler, aumentaremos muito a nossa experiência existencial. Na verdade, aquela leitura foi algo novo pra mim, algo que nunca tinha visto, muito menos tentado ler, como um mundo novo apresentado a mim, como um mundo da minha primeira leitura.
Para Freire, a leitura do nosso mundo sempre será fundamental para a compreensão da importância do ato de ler, de escrever ou de reescrever o texto, e transformá-lo através de uma prática consciente. O ato de ler implica a percepção crítica, interpretação e “reescrita” do lido.
Acredito que a intencionalidade pedagógica da professora, ao aplicar tal atividade, foi valorizar uma atividade investigativa, um exercício reflexivo, que nos levasse a pensar e a elaborar hipóteses para, assim, adquirirmos novos conhecimentos sobre a prática pedagógica, usando uma metodologia que nos levasse a interagir com um texto, com outro texto e também com nossa vivência na prática da leitura e escrita. De acordo com o texto de Madalena Freire, "Observação, registro, reflexão", é enquanto reflito sobre o que vi que a ação de estudar extrapola o patamar anterior. Neste movimento podemos nos dar conta do que ainda não sabemos, pois iremos nos defrontar com nossas hipóteses adequadas e inadequadas e construir um planejamento do que falta observar, compreender, estudar.
As teorias que podem embasar esta atividade são: 1. O sociointeracionismo, porque nossa professora foi uma mediadora e estimuladora da nossa aprendizagem, incentivando nossa curiosidade e nossa vontade de aprender algo diferente e inusitado. 2. A teoria dos gêneros textuais, porque utilizou, incialmente, uma carta, que seria um gênero de fácil reconhecimento para nós, a fim de nos ajudar na “leitura”, mas depois pediu a escrita de uma síntese reflexiva, ou seja, um gênero textual mais desafiador, que nos forçou a dialogar com outros textos reflexivos, de Paulo Freire e de Madalena Freire. Assim, pudemos desenvolver uma atividade investigativa complexa.
A contribuição principal desta tarefa foi despertar em nós, alunos, uma percepção reflexiva e permitir-nos compreender o processo do conhecimento para investigar a prática e vice-versa. De fazer leitura de autores consagrados como Paulo Freire e Madalena Freire e pensarmos como nos portarmos melhor como educadores que somos.
Esse processo que vivenciamos nos leva a ter um olhar de amor para com os nossos alunos e também refletir sobre o significado e a importância de se construir uma postura investigativa e de dialogar com os saberes construídos no cotidiano das práticas pedagógicas.

Samantha Mendes Adão Aguiar
(7º semestre Pedagogia PARFOR)

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