segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A capa de chuva


O dia 13 de Junho, além de ser especial para muitos, por ser a data em que se comemora o Dia de Santo Antonio,esse, que caiu numa Segunda feira, foi recheado de coisas boas e novidades.
Na televisão, a programação era toda voltada aos fiéis, as graças alcançadas, aos pedidos, simpatias e promessas ao Santo.
Foi uma Segunda feira quente. Apesar de estarmos em Junho, o veranico nos brindou com um calor digno de Janeiro e um sol maravilhoso.
Aproveitando meus últimos momentos de férias, resolvi passar o dia na praia, com direito a bronzeador, cadeirinha e tudo mais. Ao passar pela Igreja Santo Antonio do Embaré, perto de onde moro, percebi de longe a movimentação dos fiéis que se mobilizavam para ouvir a missa e receberem o famoso pãozinho benzido, o qual pode ser comido, guardado ou redistribuído para quem precise.
Eu, que estava de passagem, fui brindada com uma sacolinha que continha alguns pães. Agradeci e fui comendo pelo caminho, pensando com os meus botões: tomara que meus desejos se realizem e que eu tenha saúde para continuar batalhando para ter uma vida melhor, ao lado de alguém especial, de bom coração e que me queira bem! Acredito e agradeço toda a ajuda vinda de anjos, espíritos, santos e Dele, que a todos provê.
Foi uma manhã agradável, encontrei amigos e mais que amigos, me bronzeei, relaxei e, ao sair da praia com meus apetrechos e a sacolinha de pães, deparei com um senhor humilde que vendia biscoitos e que me pareceu bem cansado, debaixo daquele sol.
Trocamos algumas palavras e eu lhe ofereci um dos pães, explicando que era de Santo Antonio,  que ele poderia comê-lo e fazer um pedido. Ele, muito contente, perguntou: posso mesmo fazer um pedido? Respondi que sim e ele completou: pera aí, arranjei uma namorada e vou pedir para ela ficar comigo para sempre. Vou comer ele agora mesmo com Coca-Cola e é pra já. Saiu sorrindo e agradecendo.
Fui para a casa e ainda passando pela Igreja, resolvi comprar um pedaço do bolo de Santo Antonio, assim ajudaria a comunidade e reforçaria meus pedidos.
O dia continuava muito quente, mas à tarde tive que comparecer a um compromisso e lá fui eu de ônibus, ao meu destino. Sentei ao lado de uma senhora simpática, que aparentava seus oitenta anos, bem lúcida e falante. Falamos do calor e logo percebi que ela carregava algumas sacolinhas contendo os famosos pães e logo perguntei se ela estivera na Igreja. Sorridente, ela disse que sim e que levava para os sobrinhos, netos e todos que precisassem de emprego, de sucesso nos negócios e achar coisas perdidas.
Admirada, disse-lhe que acreditava ser Santo Antonio, um Santo casamenteiro somente, ao que ela, toda entendida, pôs-se a falar das habilidades dele e me contou uma história pessoal e muito interessante.
Me contou, que quando era bem mocinha, o ano não se lembrava, mas que já tinha conseguido seu primeiro emprego, onde morava, em São Vicente, e logo que recebeu seu primeiro salário, comprou dentre outras coisas, uma linda capa de chuva. Pois bem, aconteceu que, nos feriados de Carnaval, ela não trabalhou e, toda contente, resolveu ir ao baile, vestida com fantasia e tudo. Porém, naquela noite, chovia muito e para sair de casa sem se molhar, teve que apelar para a capa de chuva que havia comprado e foi.
Ao chegar ao salão, não reparou uma porta com tinta fresca e encostou sem querer a capa, que ficou um pouco manchada. Chateada, pendurou a capa, foi dançar e se divertir. No final do baile, cansada, percebeu que a chuva havia parado e para a surpresa dela a capa não estava mais lá.. Depois de procurar e perguntar muito, resolveu voltar para a casa e contou a todos o que tinha acontecido e lembrou de pedir a Santo Antonio que lhe trouxesse a capa de volta.
Passado algum tempo desse episódio, o pai dela precisou ir a Prefeitura da cidade, se deparou com a capa da filha, pendurada num cabide. Reconheceu logo, por causa da mancha de tinta.
Surpreso e indignado, mandou chamar o prefeito e todos que pudessem explicar como a capa de chuva da filha tinha ido parar ali.
Explicações daqui, perguntas dali e logo localizaram a moça que disse tê-la encontrado, caída na rua. Embora a história não tivesse convencido ninguém, o pai todo orgulhoso, levou a capa de volta para a filha, que agradeceu a ele e ao Santo Antonio que lhe havia atendido o pedido.
A senhora, sentada ao meu lado, disse toda contente: Viu como esse Santo não é só casamenteiro. Ele me trouxe de volta minha capa e também ajuda a todos que precisam achar alguma coisa. Só que, hoje em dia, é tanta gente pedindo, que logo, logo, ele vai precisar de um ajudante, pois sozinho ele não vai dar conta.
Nós duas rimos e nos despedimos depois dessa história cheia de boas lembranças, demonstração de fé e devoção. E viva Santo Antonio!
                                                                               
Lídia Ventura Régis - 2º semestre 2012/2

                                                                   

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