segunda-feira, 11 de maio de 2015

Um teoria pedagógica: valiosas contribuições de Paulo Freire


Registro reflexivo do Círculo de Cultura, realizado em 13 de abril de 2015, referente ao texto Mediação: estratégia facilitadora da compreensão leitora, de Vera Aparecida de Lucas Freitas (2009).
O círculo de cultura, com base em Freire (1987), foi composto pelos alunos da Pedagogia/Parfor, 7º semestre. Todos estavam tranquilos, respeitavam a palavra do colega, os alunos que participaram do diálogo pareciam ter compreendido o assunto abordado. 
Observei que não foram todos os alunos que participaram desse diálogo, poucas dúvidas foram levantadas, tanto que era para serem elaboradas cinco questões por aluno nesse momento e poucos fizeram perguntas ou tiraram dúvidas. No entanto, pode ser devido ao fato de terem compreendido o texto e não terem dúvidas a serem expostas ou até mesmo que as dúvidas dos colegas eram as mesmas que as suas. Com isso, não havia necessidade de expô-las e repetir os mesmos questionamentos. 
A aluna Andrea relatou no círculo que, em uma escola onde fez estágio, não havia biblioteca, e que livros riquíssimos de autores consagrados ficavam em uma sala de vídeo, em um armário, todos empoeirados e prestes a desabar. E os materiais que chegavam do governo com livros bons ficavam no chão dentro de sacos, sendo que os professores não tinham acesso, muito menos os alunos. Percebe-se com essa postura da escola que ocorre uma falha na gestão que não poderia privar os alunos e professores de terem o direito de usufruírem dos livros, e até mesmo uma falha da supervisão de ensino do município, que não toma nenhuma providência em relação ao descaso com os livros na escola. 
Em seguida, surgiram outros relatos sobre o descaso das escolas com os livros, que, muitas vezes, encontram-se jogados ou trancados em salas sem serem utilizados, sendo esquecida sua importância e o direito da criança de usufruir de boa leitura. A escola tem a obrigação de propiciar às crianças o acesso a leitura. 
A aluna Ângela teve uma dúvida em relação à criança que foi colaboradora no protocolo de investigação na pesquisa relatada no texto em discussão, pois a autora Freitas (2009) enfatizou que Carolina era filha de jardineiro e empregada doméstica, então perguntou: caso fosse filha de pessoas de outra classe social a técnica de investigação seria diferente? Foi respondido no círculo que a técnica poderia ser a mesma, porém as observações realizadas acabariam sendo outras, pois a visão de mundo das pessoas são diferentes. A professora Rosana explicou que esse procedimento é a caracterização dos sujeitos envolvidos (quem são, como são, sua cultura) e que deve aparecer em pesquisas de campos. É uma maneira de contextualizar as pessoas envolvidas na pesquisa.
Segundo Freitas (2009), a mediação do professor é importante para orientar a leitura dos alunos em seus anos iniciais de escolarização, ter a interação do aluno com o texto e com o professor, serem interlocutores na leitura, servindo como mediador para auxiliar a compreensão da leitura, ampliando assim sua visão de mundo. O professor é um apoio para o aluno subir um degrau acima e progredir em seu desenvolvimento de leitura.
Foi relatado no círculo de cultura um exemplo de professor como apoio, a professora Rosana exemplificou que serviu de apoio/andaime para os alunos da sala de Pedagogia subirem em degraus mais altos na produção escrita, e que, em um determinado momento, será retirado esse andaime e as pessoas devem estar preparadas para caminhar sozinhas sem seu auxílio.
No texto, Freitas (2009) cita Vygotsky, no que se refere ao conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal. Temos nessa concepção a compreensão da zona do desenvolvimento real, condição em que a pessoa consegue realizar sozinha uma tarefa; e o desenvolvimento potencial, em que a pessoa não consegue realizar a tarefa sem auxilio de outra. Com isso, pode-se observar que a criança precisa interagir com o outro e com o ambiente social para internalizar conceitos e adquirir o aprendizado em seu processo de leitura. E o professor, assim como um colega, pode ser o mediador para o aluno prosseguir em seu processo de desenvolvimento e aprendizado.
Para Paulo Freire (1989) a leitura do mundo precede a leitura da palavra. Ou seja, o aluno, ao ler um texto, recorre a sua vivência de mundo, aos seus conhecimentos prévios, para relacionar as informações que está lendo com o que conhece. Sendo que quanto mais tem informações do mundo, mais cria um repertório cultural que irá lhe auxiliar no momento da leitura e compreensão.
Freitas (2009) cita, ainda, as autoras Koch e Elias, ao destacar que, além do conhecimento de mundo para poder ler e compreender um texto, também é importante o conhecimento linguístico e o conhecimento interacional. Afinal, no momento da leitura, será importante ter um rico repertório de palavras e seu significado, para conseguir compreender o que está lendo.
Para Freitas (2009), a princípio, a decodificação faz parte da leitura da criança, é por meio dela que o aluno pode buscar seu significado e compreender sua leitura. A autora defende duas posições importantes para a leitura, primeiramente que é o vocabulário que leva a leitura, pois quanto maior o número de palavras conhecidas melhor a compreensão do texto lido; e que é a leitura que leva ao vocabulário, pois quanto mais tem acesso à leitura mais palavras aprendem e mais conhece o mundo.
Enfim, com os estudos a respeito dos princípios freirianos, pode-se dizer que eles são importantes para serem utilizados em todas as fases da educação do indivíduo em seu processo de ensino, porém destaco-os na Educação Infantil.
De acordo com o criador desses princípios, Paulo Freire, a leitura da criança vai além de saber ler e escrever, e sim saber realizar a leitura do mundo que a cerca, por meio de suas vivências e experiências, ter o conhecimento do mundo. Com isso, é fundamental oportunizar às crianças da Educação Infantil a troca de conhecimentos para ocorrer um enriquecimento de aprendizado, por meio da socialização e interação.
Portanto, esses princípios são utilizados de diferentes maneiras na Educação Infantil, por meio de círculos de cultura (que ocorrem com a nomenclatura de roda da conversa), diálogo, leitura de mundo (que eles fazem a todo o momento imitando e representando o mundo a sua volta), temas significativos, palavras geradoras (que são utilizadas, sendo uma das primeiras palavras o próprio nome da criança em atividades pedagógicas). 
Por fim, ressalto que Paulo Freire criou uma teoria pedagógica valiosa para o processo de aprendizado e desenvolvimento tanto do adulto quanto da criança.
Referências Bibliográficas:
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 17ª. ed. 1987.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1989.

FREITAS, Vera Aparecida de Lucas. Mediação: estratégia facilitadora da compreensão LEITORA. In: RODRIGUES, Caroline; SILVA, Cláudia Heloísa Schmeiske da; LOPES, Iveuta Abreu; BERTONI-RICARDO, Stella Maris; MACHADO, Veruska Ribeiro. Leitura e Mediação Pedagógica. v. 30. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. (Série Estratégias de Ensino).

Ariellen de Araujo Gois (7º semestre Pedagogia PARFOR)

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