terça-feira, 12 de maio de 2015

Círculo de Cultura: Ler é se libertar e viver


Este registro reflexivo refere-se à atividade didática denominada “Círculo de Cultura” (FREIRE, 1987), realizada em 30/03/2015, na aula da disciplina Conteúdo e Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa.
A atividade proposta pela professora Rosana Pontes era que, antecipadamente, fizéssemos a leitura do texto “A mediação da leitura na Educação Infantil: onde a leitura de mundo precede a das palavras” (SOUZA; SERAFIM, 2009), e elaborássemos cinco questões, as quais seriam apresentadas no “círculo de cultura”. A classe foi organizada com um grupo no núcleo do círculo, responsável pela problematização do texto proposto; e outro grupo em volta (círculo de investigação) que ficou responsável pela observação e registro da atividade, destacando as falas dos alunos.
Nessa aula, fiz parte do núcleo, o círculo de cultura. Não sabíamos como começar, pois a aula estava sendo filmada. Começamos a falar dos pontos que achávamos importantes no texto e, enfim, as demais alunas fora do círculo faziam suas anotações. Isso me fez lembrar Madalena Freire (1996), que nos fala dos registros diários da nossa prática.
Algumas alunas fizeram relatos de suas trajetórias que, ao longo desta jornada na UNISANTOS, vêm se modificando, graças aos conhecimentos adquiridos. 
Um desses conhecimentos foi quando lemos um texto de Paulo Freire (1989) “A importância do ato de ler”, nele o autor fala da leitura de mundo, do conhecimento prévio que o aluno traz como bagagem e que pouco é usado na escola. 
O que pude notar durante a realização do círculo de cultura foi que, por mais que possamos ler para nossos alunos, nunca é ou será o suficiente, se nós, enquanto professores em formação, não tivermos o hábito leitor. Eu mesma sou uma pessoa que só leio quando necessário, para uma avaliação ou um trabalho. Não que eu não queira, mas não tenho tempo e, até mesmo para esses momentos, acabo lendo no ônibus ou nos 15 minutos de intervalo, portanto, fica muito difícil desenvolver o hábito de ler.
Durante a conversa no círculo, pude ver que não sou só nessa batalha com a leitura, mas outra coisa me chamou a atenção. Foi o relato de abandono dos livros em algumas escolas ou a falta de uma biblioteca nas escolas e aquelas que têm, os alunos não usam, por falta de um profissional responsável pela mesma.
Sabemos que o governo manda livros para as escolas e quando os procuramos, não encontramos nem a metade, e se encontramos, não estão à disposição dos alunos para que eles possam manuseá-los.
Durante as nossas conversas e indagações sobre a leitura, fiz um breve comentário sobre uma turma de 3º ano que estou auxiliando em sala de aula na leitura. Comecei pegando um por vez para saber quais as dificuldades de cada um, pude notar que, para que alguns desses alunos aprendessem a ler, eu teria que voltar e começar a resgatar o que deixaram lá trás. Mas a professora da turma me chamou e disse que só queria que eu dessa leitura em nível de 3º ano para a turma, mas alguns estavam em nível de primeiro. Segundo as autoras do texto discutido, Souza e Serafim (2009), devemos levar em conta a bagagem de conhecimento da criança, ou seja, o papel do conhecimento enciclopédico ou conhecimento do mundo da criança. Suas experiências nesse mundo letrado, sua compreensão do texto.
Quando verifiquei que os alunos do 3º ano que mencionei mal conseguiam ler os textos propostos, compreendo que teria que começar, vendo o que cada um tinha dificuldade e quais seus conhecimentos prévios. Assim, poderia, aos pouco, ir resgatando as fases de aprendizado que passaram despercebidas. Refletir sobre como chegaram ao 3ºano mal sabendo ler e interpretar um texto e de que forma poderia ajudá-los. 
No texto discutido no círculo de cultura, vimos que o Ministério da Educação ( MEC) se preocupa com o tipo de leitura a ser oferecida às crianças das redes públicas de todo o país. Entretanto, nem tudo que se lê para a criança ela pode entender, por isso é importante a mediação da leitura feita pela professora, conforme sugerem Souza e Serafim (2009). Comecei com uma leitura simples e, a cada parágrafo, eu perguntava ao aluno o que ele havia entendido e, quando não sabia, procurava explicar e, mais uma vez, e com ajuda da coordenadora, aos poucos, espero conseguir ajudar os alunos.
Pude perceber, durante esses momentos de diálogo, no círculo de cultura, que todas nós, futuras pedagogas, temos muito que fazer para ajudar os alunos. Adquirindo um hábito leitor, não de uma forma obrigatória, mas sim de prazer em ler, de ampliar novos horizontes.
Durante o círculo de cultura, algumas companheiras mostraram que já estão fazendo a diferença nas escolas, com leituras diárias e estimuladoras. Despertar o hábito de ler enquanto pequenos, de modo que a leitura seja discutida antes e depois do ato de ler.
Segundo Paulo Freire, “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”.

Referências bibliográficas:

FREIRE, Madalena. Observação, registro e reflexão: Instrumentos Metodológicos I. 2ª ed. São Paulo: Espaço Pedagógico, 1996.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1989.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 17ª. ed. 1987.

SOUZA, Helen Danyane Soares Caetano de Souza; SERAFIM, Mônica de Souza. A mediação da LEITURA na educação infantil: onde a leitura de mundo precede a das palavras. In: RODRIGUES, Caroline; SILVA, Cláudia Heloísa Schmeiske da; LOPES, Iveuta Abreu; BERTONI-RICARDO, Stella Maris; MACHADO, Veruska Ribeiro. Leitura e Mediação Pedagógica. v. 30. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. (Série Estratégias de Ensino).

Rosa Maria de Deus (7º semestre Pedagogia PARFOR)

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