domingo, 17 de maio de 2015

Círculo de cultura: tematizando a leitura


No dia 13/04/2015, na Universidade Católica de Santos, iniciou-se um "círculo de cultura", na aula de Conteúdo e Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa II, com a professora Rosana Pontes, em que o tema gerador do diálogo foi a "leitura", por meio da problematização do texto: "Mediação: estratégia facilitadora da compreensão LEITORA", de autoria de Vera Aparecida de Lucas Freitas (2009).
A professora coordenou o círculo de cultura (FREIRE, 1987), explicando passo a passo o porquê e para quê a realização desta atividade. Preparou um momento de acolhimento e, dando continuidade, fez o papel de mediadora, de modo a conduzir os alunos a uma etapa de discussão e reflexão, em que questionaram uns aos outros e a si mesmos, na busca de desenvolver as atividades propostas, a partir do tema gerador.
Observei que a maior dificuldade foi fazer com que os alunos participassem da discussão. Esta situação resolveu-se a partir da conversa da professora, que explicou e incentivou a participação dos discentes, dando ênfase sobre a grande importância do envolvimento de todos, principalmente, colocando-se na posição de quem ensina, aprende e quem aprende, também ensina (FREIRE, 1987), o que provocou uma interação entre os presentes.
Após a resistência inicial, foi feita a problematização da leitura do texto, em que os que estavam dentro do círculo de cultura debateriam a leitura e os que estavam fora do círculo fariam a observação (círculo de investigação) do que foi discutido no círculo de cultura. Entendo que fazer os alunos expressarem o que pensam não é tarefa fácil, pelo simples fato de estarem habituados à escola tradicional, onde a relação estabelecida entre educandos e educadores ocorre de forma vertical.
Na metodologia freiriana, a relação ocorre na horizontalidade, em que todos se expressam e têm a possibilidade de participar efetivamente das ações, por isso, essa dificuldade em falar, pois não é algo que está presente na escola. Mesmo quando o educador se utiliza do diálogo, leva tempo para o educando entender que pode e deve sim fazer parte das aulas, não como alguém que está em segundo plano, mas alguém que faz parte do processo.
Percebi que todas estavam calmas e que a discussão não ficou apenas dentro do círculo, tendo participação também do círculo de investigação. Todos procuraram participar, levantando questões, ou dando depoimentos do dia a dia da sala de aula (leitura do mundo). Pude perceber a importância da relação entre temas geradores e círculo de cultura, é que ambos, ao meu ver, buscam aproximar a realidade dos alunos às suas práticas educativas, é falar, ler e escrever o que faz sentido para todos e para cada um.
Muitas perguntas surgiram sobre o texto problematizado sobre a pesquisa com uma aluna de 5º ano que foi observada em seu desenvolvimento da leitura. Aprendemos o que é mediação pedagógica da leitura, protocolo de leitura, sobre o porquê da não acessibilidade aos livros para os alunos. Houve uma grande troca de informações sobre esse assunto, pois muitas relataram a ocorrência desse fato no seu cotidiano.
Durante o círculo de cultura, percebemos que os alunos participaram dando suas opiniões, e quando apresentavam dificuldades, indagavam a professora que estava como mediadora e, desta forma, o tema gerador fluiu nas respostas para cada questão. E, de acordo com a proposta de Paulo Freire (1987), o diálogo não pode faltar e é algo de extrema importância, no que tange ao trabalho desenvolvido em sala de aula.
Este nosso círculo foi registrado em fotos e filmagens feitas pela aluna Priscilla, registro este pedido pela professora Rosana. O círculo de cultura foi bastante gratificante e significativo. Vejo que este aprendizado veio contribuir e fortalecer nossa prática pedagógica, pois hoje consigo compreender o que é um círculo de cultura, assim como o tema gerador
Mediante as observações, percebi que esse tipo de atividade é de um valor enorme. Proporciona o diálogo e fortalece a troca de conhecimentos entre educador e educando, e, assim, o processo de ensino aprendizagem começa a adquirir o perfil de escola cidadã.
“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. Paulo Freire.

Referências bibliográficas:

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 17ª. ed. 1987.

FREITAS, Vera Aparecida de Lucas. Mediação: estratégia facilitadora da compreensão LEITORA. In: RODRIGUES, Caroline; SILVA, Cláudia Heloísa Schmeiske da; LOPES, Iveuta Abreu; BERTONI-RICARDO, Stella Maris; MACHADO, Veruska Ribeiro. Leitura e Mediação Pedagógica. v. 30. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. (Série Estratégias de Ensino).

Maria Regina Farias (7º semestre Pedagogia PARFOR)

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