quarta-feira, 6 de maio de 2015

CÍRCULO DE CULTURA E INVESTIGAÇÃO: A importância da Mediação da leitura


No dia 13 de abril, nos círculos de cultura e de investigação propostos pela professora Rosana Pontes, com o tema gerador “leitura”, foi problematizado o artigo “Mediação: estratégia facilitadora da compreensão LEITORA” (FREITAS, 2009).
Durante a realização do evento, todos estavam aparentemente calmos, mas, a princípio, poucos falaram ou participaram do diálogo. Houve muitos relatos de experiências que as alunas vivenciaram em seu contexto diário ou algumas de situações que viveram e, de certa forma, chamaram a sua atenção. A palavra foi respeitada, e cada indivíduo falou em sua vez, houve também um diálogo entre o círculo de cultura e a classe em geral e que foi muito importante para um maior entendimento do assunto, o diálogo se tornou rico e prazeroso e, assim, todo universo do professor que ali estava veio para acrescentar a discussão.
O conteúdo foi abordado de forma clara pelas alunas e professora que, naquele momento, era a mediadora nas explicações, o que facilitou muito o diálogo e a compreensão das perguntas e respostas que, além de boas eram para refletir a prática dentro da sala de aula, e procurar soluções para que essa prática seja valiosa. A leitura é uma prática que está presente no cotidiano das salas de aula, seja por meio de quadros, alfabetos expostos ou, principalmente, dos livros que todos os dias estão sob domínio do aluno.
A professora Rosana Pontes iniciou o círculo com a explicação do que é o círculo de cultura e um círculo de investigação, de acordo com Paulo Freire (1987). Logo após, ela continuou a explicação destacando que o diálogo, a que se refere Freire (1987), é também o diálogo com o conhecimento. Assim, iniciamos a dialogar em busca de construirmos coletivamente um novo conhecimento.
Durante o diálogo, cada um trouxe a sua leitura de mundo, por isso houve muitos relatos das alunas. Nesse processo, o diálogo crítico e libertador para a conquista da autonomia foi um dos princípios freireanos utilizados.
De acordo com Paulo Freire (1987, p. 68 )”Desta maneira, o educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que ao ser educado também educa”.
Aprender juntamente com o aluno é importante, bem como ter a certeza de que o aluno traz na sua história uma bagagem de mundo que somente com o tempo poderíamos entender e, com isso, planejar uma melhor forma de guiá-lo por esse longo caminho.
O artigo estudado (FREITAS, 2009) trata da importância da mediação pedagógica da leitura pelo professor, e identifica quais as dificuldades encontradas no caminho e qual foi o facilitador para o aprendizado da aluna selecionada para a pesquisa apresentada. É importante ressaltar que o aluno é um indivíduo que necessita de um olhar afetuoso e atento desde seu início na escolarização, já que seu mundo e cultura não são iguais aos de todos à sua volta.
A pesquisa foi longitudinal, pois foi feita por um longo tempo (8 meses), assim a pesquisadora coletou dados com convicção e propriedade de fatos para expor em seu relatório. 
É importante o olhar atento do professor para o maior desenvolvimento do aluno, o incentivo a leitura dentro de sala de aula e os avanços que o aluno conquista com todas as ferramentas que lhe são disponibilizadas.
A autora ressaltou os avanços da sociolinguística na perspectiva social. Segundo Freitas (2009), todo professor tem a responsabilidade de auxiliar o aluno a ter autonomia para ler, escrever e falar. Por meio do artigo, foi observada a matriz de referência da língua portuguesa da Prova Brasil e seus descritores: o procedimento de leitura, que é a leitura e compreensão; se a criança lê e compreende o que está lendo; o suporte dos gêneros textuais, se era jornal, revista, livro; a relação entre os textos, a intertextualidade, ou seja, o texto que dialoga com outro. São esses descritores que o professor precisa observar para traçar os objetivos a serem alcançados para o desenvolvimento das habilidades leitoras dos alunos.
Também foi discutido sobre as ações do Governo: a escola tem o dever de proporcionar um ambiente favorável para que o aluno tenha garantido seu direito de acessibilidade ao livro e, com a leitura, obtenha maior cidadania. Portanto, de acordo com essa diretriz, o aprendizado é um direito do aluno e tem que estar incluso nos documentos e planejamento. O aluno tem direito a aprender a ler e escrever em outras disciplinas também.
Uma das perguntas feitas no círculo foi: a técnica usada na pesquisa seria a mesma para a filha do jardineiro e para a filha do médico? A resposta veio de imediato por uma aluna, com a ajuda da professora, que complementou. Sim, a pesquisa e técnica seriam as mesmas, porém a observação desse aluno seria diferente pela visão de mundo que ele carrega em si.
Outra pergunta feita foi: Que conceito a autora usa nessa mediação? A resposta foi o “apoio”, a autora usa também a palavra “andaime”, ou seja, o professor é um apoio ou um andaime para o aluno subir de nível.
A mediação do professor é essencial, a leitura mediada abre portas para outros universos que o aluno ainda não conhece, e, dessa forma, descortina o que até então era desconhecido.
De acordo com Vygotsky (2010, p.24), “a relação do homem com o mundo não é relação direta, mas uma relação mediada, sendo o sistema simbólico os elementos intermediários entre o sujeito e o mundo”. Logo após, entramos na teoria de Vygotsky sobre a Zona de Desenvolvimento Proximal, que é a mediação do professor, aproximando a criança do outro, auxiliando-a a descobrir o desconhecido.
Discutimos, então, o conceito de leitura e a autora afirma: ler é atribuir sentido ao texto, decodificando a palavra. Decodificar a palavra é o primeiro momento, é a etapa inicial para a compreensão da leitura, faz parte do início da leitura. É preciso dar o devido valor à decodificação para que o aluno prossiga da decodificação à leitura da palavra. A princípio, a leitura é que leva o vocabulário e, no decorrer do tempo, o vocabulário leva à leitura. Essa etapa precisa ser respeitada e entendida, não somos seres iguais e com isso alguns aprendem com mais facilidade, e outros com dificuldades, assim é em toda a etapa da escolarização até no ensino superior.
Segundo Freitas (2009), o uso do dicionário, muitas vezes, é bom, mas nem sempre a leitura pode ser auxiliada pelo dicionário, porém existem algumas palavras que, no contexto da explicação, se tornam mais complexas, o que confunde o aluno. A mediação precisa estar presente e atenta a essas dificuldades, o aluno precisa de auxílio em todo o período da escolarização.
De acordo com a autora, com o tempo e com o incentivo do educador mediador, o aluno já estará lendo com mais fluência e rapidez, terá o conhecimento de outros gêneros textuais. O importante é que o mediador esteja sempre disposto a auxiliar os alunos nas suas dificuldades, seja na demora da codificação ou na apresentação do texto ao aluno. É imprescindível o trabalho com gêneros textuais, desde o início da escolarização e alfabetização.
A autora remete-se a Paulo Freire, ao defender que conhecer o mundo do aluno também é importante, já que ele aprende com mais facilidade quando seu universo envolve o contexto leitor, como foi citado. Enfim, a observação é a melhor forma de ajudar o aluno a desenvolver seu lado leitor.
Segundo Paulo Freire (1987, p.24): “O medo da liberdade, de que necessariamente não tem consciência o seu portador, o faz ver o que não existe”. E a criança ou adulto tem medo do novo, das apresentações que lhe são expostas no dia a dia da escola, mas cabe ao professor mediador apresentar-lhe, de forma prazerosa, esse mundo que o trará a uma realidade totalmente inversa daquela que ele teria se não a conhecesse.
De acordo com Paulo Freire (1996, p.27), “A leitura verdadeira me compromete de imediato com o texto que a mim se dá e que me dou e de cuja compreensão fundamental me vou tornando também sujeito”. Dessa forma, o círculo de cultura que vivenciamos foi uma integração com o mundo que vivemos todos os dias em sala de aula.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:



FREITAS, Vera Aparecida de Lucas. Mediação: estratégia facilitadora da compreensão leitora. In: RODRIGUES, Caroline; SILVA, Cláudia Heloísa Schmeiske da; LOPES, Iveuta Abreu; BORTONI-RICARDO, Stella Maris; MACHADO, Veruska Ribeiro. Leitura e Mediação Pedagógica. v. 30. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. (Série Estratégias de Ensino).

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 29 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996

KOLL, Marta de Oliveira. Vygotsky: Aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio histórico. São Paulo: Scipione, 2010.

Fernanda Dal’Mas Sales da Silva 
(7º semestre Pedagogia PARFOR)

Nenhum comentário:

Postar um comentário