sexta-feira, 20 de novembro de 2015

"Pro dia nascer feliz": há esperança?


O documentário “Pro dia nascer feliz”, de 2006, do diretor João Jardim, retrata diversas realidades escolares Brasil a fora, ao longe de um ano. 
É muito interessante observar como os diferentes contextos sociais impactam a vida dos alunos. Enquanto nas regiões mais carentes alguns alunos veem a escola como tábua de salvação para uma vida sofrida e pesada, ou descontam nela suas frustrações e violência, nas regiões mais abastadas, vemos alunos enfrentando depressões por conta da pressão de tirar boas notas.
Dentre as muitas realidades ali mostradas, algumas provocam mais indignação ou comoção, por exporem uma realidade com a qual não estamos acostumados a lidar. Um exemplo disso é a jovem Ciça, que tinha uma rotina extenuante e questiona “E se eu não
quiser mais fazer isso? E se eu quiser parar um pouco de estudar? ”. Ela diz que se sente uma máquina produzindo os desejos dos pais. Em outro momento diz saber que vive em uma bolha social, mas não encontra meios de sair dali. De segunda à sexta a menina tem atividades complementares à escola, e apesar de saber da carência e necessidade de muitos ao seu redor, não sabe o que fazer. Ela também afirma, para espanto de muitas pessoas, que o ato de
‘ajudar’ alguém não é muito interessante, pois te coloca numa posição de superioridade. Isso demonstra claramente o pensamento que está desenvolvendo-se na cabeça da jovem de classe média-alta.
Enquanto isso temos Rita, uma aluna do interior que precisou mudar-se de escola por conta de um desentendimento com outra estudante. Nas escolas mais carentes, é muito acentuado o maior teor de violência. Existe, no final do documentário, o relato de uma aluna que matou outra a facadas, por esta ter-lhe barrado a entrada em um baile. Ela acredita que a ação foi justificada e não tem receio da prisão. A vida humana foi, por ela, levada a um nível incrivelmente baixo, e, mesmo após seu ato, a agressora não demonstra remorso e nem mudança de atitudes. Porém, as escolas do interior não são só tragédias, pelo contrário! O documentário relata duas histórias incríveis de alunas que escrevem com uma maravilhosa qualidade e eloquência, mesmo enfrentando muitas dificuldades para frequentar a escola.
Com isso, concluo que o documentário é muito eficiente ao demonstrar o que seu nome diz “Pro dia nascer feliz”. Existe esperança. Mesmo que os professores estejam cansados e estressados, ainda existe um sentimento de mudança e de luta, e ainda existem muitos estudantes com vontade de aprender e fazer a diferença no mundo.

Natália Pereira Santos Ribeiro - Letras (2º semestre)

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