quarta-feira, 25 de novembro de 2015

O que é Currículo escolar?


O currículo escolar é o conjunto dos ideais e ações pedagógicas a serem desenvolvidas no ambiente escolar. Currículo escolar, portanto, é um termo abrangente, fluido, sujeito a debates e transformações que expressam correlações de forças de atores
sociais. Abrange questões como “o que ensinar?”, “para quem ensinar”, “como ensinar?”, “com que finalidade ensinar?”, “o que fazer com o conhecimento?”. Até mesmo a arquitetura da escola faz parte do currículo escolar, pois reflete concepções e
objetivos educacionais e ideológicos. 

Mais do que isso: concepções atuais de currículo levam em consideração que os estabelecimentos formais de ensino não se prestam apenas à transmissão de conhecimentos acumulados, mas têm papel na humanização, na socialização, no desenvolvimento cultural.
A construção do currículo deve levar em consideração as transformações pelas quais o mundo passa em seus diversos setores (política, sociedade, economia, tecnologia, ecologia, ciência, etc.); contemplar a heterogeneidade e a diversidade da sociedade (no caso da sociedade brasileira, com sua disparidade econômico-social, sua diversidade étnica e regional, cultural, bem como a pluralidade de ideias, expectativas, objetivos, personalidades, talentos, gênero e orientação sexual, aptidões inerentes a cada
indivíduo, a questão dos deficientes, a questão das minorias, etc.); deve oferecer espaço para a ampliação e realização das potencialidades destes indivíduos; deve articular o conteúdo disciplinar com o mundo real e as grandes questões da vida em comunidade, levando em consideração os saberes já estabelecidos com a finalidade de transformação desta realidade. 
Um currículo escolar que se pretenda democrático deve ser construído pelo conjunto dos estudiosos, dos interessados e afetados por este currículo, e a ele deve servir. Os desafios para a elaboração de um currículo que atenda e concilie estas ideias, e que, ao mesmo tempo, seja funcional são, sem dúvida, imensas.
Da bela “carta de intenções” que é o currículo formal, determinado legalmente em diretrizes e planos, há o currículo real, que é o currículo na prática, o que de fato acontece na escola. Há ainda o chamado currículo oculto, que são os conteúdos implícitos que perpassam o dia a dia escolar e que não estão programados ou planejados no currículo formal.
A matriz curricular é uma parte do currículo, sendo o conjunto das disciplinas acadêmicas e de seus conteúdos distribuídos com carga horária determinada para que o curso tenha validade. 
Cabem, aqui, algumas reflexões. Observa-se, por um lado, que o ensino médio cada vez mais tem por finalidade não complementar o ensino básico, mas preparar para os vestibulares do ensino superior. Logo, não só as matrizes curriculares de muitas escolas (sobretudo as particulares) são pautadas pelos conteúdos cobrados nos grandes vestibulares, como o próprio currículo escolar passa a ter como objetivo principal simplesmente capacitar o estudante a ser aprovado no vestibular. Por outro lado, num mundo que muda com tanta velocidade e no qual a informação está cada vez mais facilmente disponível, a ênfase deveria ser dada em preparar o estudante para lidar com esta realidade: saber procurar, compreender, organizar e lidar com a informação de forma crítica e responsável.
A qualidade da educação é dependente de vários aspectos. Dentre os fatores responsáveis pelo fracasso escolar e pela qualidade da educação, o currículo escolar em sentido amplo (isto é, na sua forma formal, mas sobretudo nas formas real e oculto), com certeza tem grande relevância. A própria construção democrática do currículo é, em si, um ato de cidadania. Um currículo autoritário, dissociado dos interesses e da realidade de coordenadores, gestores, professores, alunos e sociedade, com certeza vai gerar frustração, baixa adesão e infelicidade em profissionais e educandos, afastando a escola do seu objetivo primordial de humanização.

Carlos Guilherme Teixeira Cury
Ciências Biológicas (2º semestre)

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