sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Currículo escolar: conhecimento e cultura


O objetivo do currículo escolar é a construção social do conhecimento, que pressupõe uma sistematização dos meios para que esta construção se efetive.
Alguns meios que podem ser concebidos são: a elaboração dos conteúdos a serem ensinados e aprendidos, as experiências de aprendizagem escolares a serem vividas pelos alunos, os planos pedagógicos elaborados por professores, escolas e sistemas educacionais, os objetivos a serem alcançados por meio do processo de ensino e os processos de avaliação que terminam por
influir nos conteúdos e nos procedimentos selecionados nos diferentes graus da escolarização.
Podemos definir currículo também como um conjunto de esforços pedagógicos desenvolvidos com intenções educativas. Deve-se ressaltar que o currículo escolar não é somente um conjunto de
objetivos sistematizados no papel. O currículo escolar é constituído também por atitudes e valores transmitidos, subliminarmente, pelas relações sociais e pelas rotinas do cotidiano escolar. Esses aspectos, denominamos currículo oculto.
Segundo os doutores em educação Antonio Flavio Barbosa Moreira e Vera Maria Candau, fazem parte do currículo oculto: rituais e práticas, relações hierárquicas, regras e procedimentos, modos de organizar o espaço e o tempo na escola, modos de distribuir os alunos por grupamentos e turmas, mensagens implícitas nas falas dos(as) professores(as) e nos livros didáticos. Como, por exemplo: o modo como a escola incentiva os alunos a chamarem a professora, a maneira como arrumamos a sala de aula, as visões de família que ainda se encontram em certos livros didáticos (restritas ou não à família tradicional de classe média).
Nós, profissionais da educação, temos de participar crítica e criativamente na elaboração de currículos mais democráticos e atraentes, de modo que eles não ofendam nenhum tipo de cultura, a grosso modo. Para a realização de tal, podemos recorrer à Lei de Diretrizes e Bases, às Diretrizes Curriculares Nacionais e às Propostas Curriculares Estaduais e Municipais.
Muitos estudiosos do assunto têm tratado do tema “cultura”, relacionando-o diretamente com o currículo escolar, em congressos e seminários a respeito do currículo. Por que atribuir tal importância a este tema?
É nítida a presença da pluralidade cultural que temos hoje em dia e, quando não se respeita esta, podem-se acarretar diversos conflitos dentro da escola, tornando mais difícil o desempenho do papel do educador.
É necessário, então, que essa pluralidade cultural seja respeitada. Penso que, a escola deve promover ocasiões que favoreçam a conscientização de docentes e gestores a respeito da construção da identidade cultural. No entanto, temos pouca consciência de que há um grande cruzamento de culturas no cotidiano escolar e continuamos com uma visão homogeneizadora e estereotipada dos alunos e de nós mesmos. Deve-se ter a consciência de que, em uma sala de 40 alunos, cada um deles terá uma maneira de aprender, de ver o mundo, de socializar. No entanto, há quem finja que todos possuem uma mesma visão, a mesma vivência. Deve-se ter a consciência de que estes 40 alunos são diferentes e que não devemos julgá-los por isso, condenando-os e excluindo-os por pensarem/agirem de maneira diferente e não termos uma visão estereotipada, como, por exemplo: um aluno que escuta funk é burro e não tem futuro. O pré-julgamento é o ponto de partida para o fracasso.
Por isso, é fundamental que tenhamos uma visão dinâmica, contextualizada e plural das identidades culturais e também nos tornemos conscientes de nossos enraizamentos culturais e capazes de reconhecê-los, nomeá-los e trabalhá-los.
Pode-se revelar uma experiência profundamente significativa a socialização de educadores em pequenos grupos sobre suas próprias identidades culturais, sobre como vêm sendo criadas nossas identidades de gênero, raça, sexualidade, classe social, idade, profissão, etc.
Desta forma, trabalhando no melhoramento da visão dos educadores, teremos a construção de um melhor currículo e melhores resultados atingidos.

Raphaela Mouco Fernandes - Letras (2º semestre)

Nenhum comentário:

Postar um comentário