sexta-feira, 20 de novembro de 2015

O que é currículo escolar?


O Currículo escolar é a organização do conhecimento escolar. 
Essa organização do currículo se tornou necessária porque, com o surgimento da escolarização em massa, precisou-se de uma padronização do conhecimento a ser ensinado, ou seja, que as exigências do conteúdo fossem as mesmas. 
No entanto, o currículo não diz respeito apenas a uma relação de conteúdos, mas envolve também: “questões de poder, tanto nas relações professor/aluno e administrador/professor, quanto em todas as relações que permeiam o cotidiano da escola e fora dela, ou seja, envolve relações de classes sociais (classe dominante/ classe dominada) e questões raciais, étnicas e de gênero, não se restringindo a uma questão de conteúdos”. (HORNBURG e SILVA, 2007, p.1)
Baseado no fragmento do texto acima e com base na entrevista dos curriculistas brasileiros Flávio Moreira e Vera Candau, no programa Salto para o Futuro, é possível verificar a complexidade que está por traz da elaboração e execução do Currículo escolar.
Quanto mais me aprofundo nas questões ligadas à Educação, mais me convenço de que o trabalho é titânico e de que para estar envolvido nesta tarefa gigante, uma generosa carga de loucura e amor deve ser empregada.
Não existe tarefa fácil. Diante de tanta diversidade, buscar uma igualdade cobra dos envolvidos muita sensibilidade e domínio do tema.
A impressão que me causou é que o professor tem pouca ou nenhuma participação na elaboração do currículo e que apenas segue um roteiro previamente estipulado e que muitas vezes não está em conformidade com a realidade vivenciada no contexto da escola em si. Neste sentido, é lamentável, pois o professor é o elemento de maior proximidade com o aluno, funcionando como termômetro que verifica a temperatura registrada nesta relação de construção do conhecimento, portanto sua colaboração é de grande relevância no processo.
Os conflitos, que estão presentes na sociedade, escalam os muros da escola e cobram medidas urgentes de adequação. Como estabilizar estes conflitos de ordens tão diversas? Religião, conflitos de gênero/opção sexual, étnicos e culturais, entre outros.
A discussão, no programa Salto para o Futuro, manifesta a importância da criação de espaços de reflexão, no âmbito escolar, para os professores debaterem a construção da ponte do conhecimento, através de uma abordagem interdisciplinar e multidisciplinar, cobrando dos professores uma colaboração na dinâmica de seus conteúdos, flexibilizando os currículos, uma vez que normalmente chegam engessados e carecem de negociação em várias etapas.
A tensão gerada pela multidisciplinaridade romperá a compartimentalização dos conteúdos, criando uma dinâmica mais abrangente, podendo tornar o conhecimento de mais fácil assimilação, por ser abordado em diversos ângulos. Fica evidente a necessidade da formação de uma nova geração de educadores, ajustados com esta realidade, que, com velocidade extrema, cobra atualização constante e dinâmica diante de fatos sociais cada vez mais complexos e com demandas urgentes.
Acredito, na medida em que o Currículo se propõem a refletir com honestidade as características sócio-culturais, de forma ampla e profunda, buscando tratar o diverso com igualdade, com a participação, discussão e reflexão de todos os sujeitos envolvidos neste cenário, o resultado será uma Educação de maior qualidade,
que visa à formação de um ser mais reflexivo e independente.
Hoje, consigo enxergar por outra lente os motivos pelos quais chegamos aos níveis atuais de abandono da educação, em nosso País. São vários os fatores, mas sofremos uma crise de identidade, que nos acompanha desde nossa formação enquanto Povo/Nação. Em minha humilde opinião, devemos ajustar este ponteiro sociológico, que está atrasado, para podermos acertar nosso passo na condição de uma Nação multifacetada e multicultural, onde a mistura seja assimilada e entendida como nossa maior riqueza. Aí sim, vamos perder este sentimento de inferioridade que muitas vezes permeia nossa identidade e obstaculiza o movimento que
precisa ser ensaiado.

Maurício Pereira Casasco - Filosofia (2º semeste)

Nenhum comentário:

Postar um comentário