terça-feira, 1 de setembro de 2015

Educação que transforma



Não. Definitivamente, tratar sobre a Educação no Brasil não é tarefa fácil. Nunca foi. Acredito que nunca será. Assim sendo, escrever um texto, a partir da questão “Que Educação é essa?”, poderia render páginas e páginas de discursos e citações dos mais diversos acadêmicos e estudiosos da área, com suas experiências bem ou malsucedidas, balões de ensaio, críticas ou simples palpites.
Fato é, porém, que o assunto, historicamente, jamais foi o foco principal dos interesses e da atenção dos dirigentes do país e, fundamentalmente por esse motivo, a educação tornou-se cada vez mais decadente, com consequências sociais dramáticas para a população.
O documentário “Paulo Freire Contemporâneo” aponta, no entanto,
como o resgate da Educação é capaz de modificar e transformar a
realidade de um povo. Mais que isso, porque mostra que educar não
significa apenas ensinar as técnicas de cálculo e linguagem, mas a valorizar a reflexão e o diálogo humanos, por meio do conhecimento. Algo, com certeza, assustador demais para ditadores e controladores de massas que pretendem se perpetuar no poder.
Enfim, Paulo Freire foi um educador brasileiro, nascido no Nordeste, conheceu a fome, lutou para estudar, teve contato com a ignorância do povo, formou-se no meio dele. E talvez, por isso, pôde conhecer bem a diferença entre o conhecimento das letras e o conhecimento de mundo, entre a ignorância escolar e a da vida. Por isso, para ele, antropologicamente, o homem é um ser curioso, inacabado e conectivo. Além disso, Freire ressaltava sempre a importância de se aprender os “porquês” de tudo, problematizando o conhecimento. Afinal, as pessoas não devem servir como depósito da educação, apenas recebendo informações sem saber o motivo e para quê.
Com esta filosofia e uma prática baseada nas palavras geradoras e nos círculos da cultura, nos quais os oprimidos têm o direito de expor sua palavra e aprender a cultura de seu próprio mundo, o educador revolucionou o conceito de Educação, não só no Brasil, mas mundialmente.
Como “recompensa”, passou um tempo exilado, fora do país, retornando anos depois, com o fim da ditadura política.
Talvez, um estrangeiro, que venha a conhecer a história desse
homem, possa pensar que os brasileiros, apesar das crises econômicas, políticas e sociais, que de tempos em tempos assolam o país, vivem seguros e tranquilos acerca dos muros escolares. Melhor não mostrarmos a eles os nossos indicadores nessa área... ou realmente eles não conseguirão entender a obra de Paulo Freire.

Adriana Conde - Letras (2º semestre 2015-2)

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