segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

A bolsa amarela



A Bolsa Amarela, de Lygia Bojunga Nunes, editora Agir , Rio de Janeiro (1976). O Brasil vivia uma época de ditadura. Esse é o terceiro livro da escritora. Livro voltado para o público infanto-juvenil. A Bolsa Amarela recebeu o selo de ouro da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, dado anualmente ao livro considerado "O Melhor para a Criança", e o Certificado de Honra do IBBY (International Board on Books for Young People). Traduzido em vários idiomas, o livro foi encenado em teatros do Brasil, Bélgica e Suécia. 
Foi o primeiro livro que li, ainda criança, não tenho o exemplar, pois, na época, foi uma professora que me emprestou.
O livro conta a história de Raquel, uma menina que presta muita atenção a tudo que se passa a seu redor.
Raquel é a filha caçula da família, é a única criança. Seus irmãos, com uma diferença de dez anos, não lhe davam ouvidos, porque achavam que criança não sabe coisa alguma. Por se sentir muito solitária e incompreendida, ela começa a escrever para seus amigos. Amigos imaginários. Raquel, desde cedo, tinha três vontades enormes: vontade de crescer, vontade de ser garoto e vontade de ser escritora.
Um dia, ganhou uma bolsa amarela, que veio no pacote da tia Brunilda. A partir daí, a bolsa passou a ser o esconderijo ideal para suas invenções e vontades. Tudo cabia lá dentro. A bolsa amarela acaba sendo a casa de dois galos, um guarda-chuva-mulher, um alfinete de segurança e muitos pensamentos e histórias inventadas pela narradora. Conforme suas ansiedades e desejos, sua bolsa ficava gorda e pesada, quando via que seus desejos não eram tão importantes a bolsa ficava leve e magrinha.
Trecho do livro: 
“Cheguei em casa e arrumei tudo que eu queria na bolsa amarela. Peguei os nomes que eu vinha juntando e botei no bolso sanfona. O bolso comprido eu deixei vazio, esperando uma coisa bem magra para esconder lá dentro. (...) Abri um zíper; escondi fundo minha vontade de crescer; fechei. Abri outro zíper; escondi mais fundo minha vontade de escrever; fechei. No outro bolso de botão, espremi a vontade de ter nascido garoto (ela andava muito grande, foi um custo pro botão fechar). Pronto! A arrumação tinha ficado legal. Minhas vontades estavam presas na bolsa amarela”.É muito interessante, pois o livro A Bolsa Amarela é usado hoje no tratamento biblioterapêutico, que é a terapia por meio da leitura, mediante o qual pacientes com princípio de depressão e problemas cardíacos guardam os seus problemas e frustrações dentro de uma bolsa.

Indico esse livro, pois, apesar de ter sido escrito em 1976, quem o ler irá se identificar com os dias de hoje, quando todos nós temos desejos difíceis de realizar, medos e ansiedades muitas vezes guardado numa bolsa chamada Inconsciente.
Alessandra Pontes - 3º semestre 2013/1

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