domingo, 31 de março de 2013

A Fada do Sertão


Em uma cidade afastada, do mais afastado sertão do nosso Brasil, havia uma família. No entanto, essa família não era comum, e nem todos eram felizes.
Na casa, morava uma viúva que tinha duas filhas tão diferentes como rapadura e melado. 
A mais velha era muito parecida com a mãe, amarga, azeda e cascuda como a folha do xique-xique. Já a mais nova era doce como mel e linda como uma flor de mandacaru. 
A mãe gostava mais da filha mais velha, por ser tão desagradável e orgulhosa. Como diz o velho ditado: Cada qual com o seu igual!! 
Logo, todo serviço da casa era destinado à pobre filha de bom coração. Como na casinha em que moravam não havia água encanada, todos os dias, de manhã e de tarde, a garotinha tinha que ir até um poço muito longe a procura de água. Desgraça pouca é bobagem! 
Esse caminho era longo e feito de baixo de um forte sol, mesmo assim, a menina ia sem reclamar! 
Ao chegar ao poço, o esforço era maior ainda... Colocava seu balde em uma corda e o jogava lá dentro. Quando a garota sentia que ele estava bem cheio, ela, com os seus bracinhos finos, fazia muita força e suava bastante para conseguir a água. 
Um dia, quando a garotinha tinha acabado de pegar água, apareceu uma velha. Dessas que aparecem sem se notar. E foi logo pedindo para que a garota desse um pouco de sua água para ela. Prontamente, a garota, que era muito prestativa, ofereceu-se para encher um balde d’água para a pobre velhinha. Quem dá aos pobres empresta a Deus! 
Nessa mesma hora, a pobre velhinha se revelou uma fada. E, como forma de agradecimento, deu um dom para a garota. A cada palavra que de sua boca saísse, sairia junto flores e pedras preciosas. 
Ao voltar para a casa, sua amarga mãe foi logo gritando com a pobrezinha que, ao pedir desculpas, ofereceu junto as mais belas flores e as mais ricas pedras preciosas! 
Sua mãe, na mesma hora, a tratou com delicadeza, colocando a garota sentada e lhe dando um belo pedaço de bolo de aipim. A irmã, com muita raiva e inveja do bom tratamento, quis saber o que havia acontecido para ela ganhar aquele dom. 
A garota, então, explicou que havia visto uma senhora precisando de ajuda no caminho do poço e, como a ajudou, foi presenteada com o dom de espalhar pelo mundo, junto com suas boas palavras, pedras preciosas e flores. 
A mãe, que tinha a ganância em seus olhos, logo ordenou que a sua filha mais velha fosse até o poço buscar água e ajudar a velha com a intenção de ganhar o mesmo dom que a irmã. 
E lá foi ela. Chegando ao poço, pegou pouca água, tamanho era a sua má vontade. Ficou esperando a velha aparecer. Esperou, esperou, até que desistiu e resolveu voltar, porque sua paciência era curta, mas o caminho de volta era longo. 
No meio do caminho, encontrou uma velha senhora. Ficou observando-a, mas não falou nada. Foi passando bem de pressa. 
Quando passava do seu lado, a velha pegou em seu braço e pediu com a voz fraca: - Me dê um pouco de água, tenho sede... 
Entretanto, a garota de mau coração deu um empurrão na velha e respondeu: - Peguei pouca água no poço, meu caminho ainda é longo, vou ter sede mais tarde. Quer água? Pegue a senhora mesmo!! 
E continuou seu caminho. 
A velha, assustada com a falta de amor da garota,  mostrou-se a fada que era e, ao invés de um dom, rogou uma praga... - Cada vez que você abrir a sua boca para maltratar as pessoas com suas palavras, sairão cobras e lagartos junto com elas. 
Moral da história: Quem faz o bem, colhe o bem!

Autoras: Daniela Taborda, Maria Regina Farias, Priscilla Gonçalves - 3º semestre 2013/1

Proposta:Reconto de As fadas, de Charles Perrault, adaptando a narrativa aos nossos tempos.
Aspectos mais positivos do trabalho: O ponto alto da transposição do conto para nossa realidade foi situar a narrativa no espaço/cenário do nordeste brasileiro, trazendo a cultura nordestina para o contexto. Muito original citar três ditados populares ao longo da história. Isso abriu a perspectiva de três morais diferentes para a história. A estrutura original do conto foi preservada (confiram lendo o texto de Perrault). Destaque para a apresentação em slides feita só com xilogravuras. Desse modo, conforme explica Luis Camargo, em Ilustrações do Livro Infantil (São Paulo: Lê, 1995), a ilustração assume a função "narrativa", ou seja, é possível usar apenas as ilustrações para narrar a história, pois as ações são contadas por meio da sequência de textos visuais, dentro de um universo cultural específico: o nordestino. Logo, o ideal é ouvir a narrativa, enquanto assistimos aos slides. O resultado foi um cordel em prosa. Parabéns ao grupo!
Público alvo: leitores iniciantes (a partir de 5 anos de idade) em diante.
Trilha sonora: instrumental da novela Cordel Encantado, exibida em 2011, pela TV Globo.

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