quarta-feira, 29 de abril de 2015

Círculo de Cultura/Círculo de Investigação: Dialogar para Evoluir


No dia 13/04/2015, na Universidade Católica de Santos, campus Dom Davi Picão, às 19h30min., iniciou-se um “círculo de cultura” (FREIRE, 1987) na aula da professora Rosana Pontes, em que o tema gerador do diálogo foi a "leitura", por meio da problematização do texto: A Mediação da LEITURA na Educação Infantil:onde a leitura de mundo precede a das palavras (SOUZA; SERAFIM, 2009).
O clima da sala era favorável, a maioria das alunas estava calma e centrada. A atividade iniciou-se com algumas dúvidas sobre o Plano de Desenvolvimento da Educação PDE, em relação ao aprendizado em leitura, que passou a ser reconhecido como um direito, e a escola tem como obrigação promover o exercício da cidadania, referente ao ensino da Língua Portuguesa. Direito esse que, muitas vezes, não vemos sendo cumprido em nossas vivências diárias.
No nosso "círculo de cultura", na maior parte do tempo, foi respeitada a vez do outro falar, mas houve também algumas vezes em que se falou por cima do outro. Quem estava no “círculo de investigação” também não conseguiu só observar, teve sua vez no diálogo do “círculo de cultura”.
O que mais me intrigou foi o número de relatos vividos nos locais de trabalho das participantes, como as dificuldades e barreiras encontradas para um melhor desenvolvimento da prática da leitura com os alunos. E, ao ouvir esses relatos, percebemos que a educação brasileira, ainda, deixa muito a desejar.
Aprendi sobre o “Protocolo de leitura”, proposto pelas autoras do texto problematizado (SOUZA; SERAFIM, 2009), que trabalhar a leitura por etapas, com questões colaboradoras para o aprendizado da criança é extremamente importante no âmbito da alfabetização. Para Freire (1987), o alfabetizando antes de entrar no universo da leitura e da escrita já tem uma Leitura de Mundo. E essa leitura precede a leitura da palavra. Alfabetizar para Freire (1987) é problematizar a realidade em que os educandos estão inseridos para, a partir daí, transformá-la, desvelando as desigualdades de classe, conscientizando e engajando alfabetizadores e alfabetizandos na arena da politização. A linguagem, enquanto ideologia, é utilizada para indagar acerca do mundo em que vivemos.
Houve bastante participação da maioria das participantes que formava o círculo de cultura, com muitos relatos de suas vivências. O objetivo de um “Círculo de Cultura”, de acordo com Paulo Freire (1987), é a troca de experiência coletiva, de diálogo, para que haja transformação social.
Algumas questões discutidas foram: O material didático é fundamental no auxilio ao professor? E por que o contexto social influencia tanto quando falamos de letramento? Há exceções?
Descobri que um bom professor necessita de seus conhecimentos e de sua criatividade, que o material de ensino muitas vezes pode ser um auxilio nada construtivo, e que, apesar do contexto social influenciar no letramento, vai de cada um buscar mais e mais conhecimento. O professor, segundo Souza e Serafim (2009), precisa ser um agente de letramento e um ser participativo para o melhor desempenho do seu aluno.
Falou-se também da importância da criança ter um bom conhecimento enciclopédico. Conhecimento enciclopédico é o que Freire (1987) chama de conhecimento de mundo. A criança aprende conforme o que ela vive. Por isso, a contribuição freireana se justifica pela concepção que esse teórico nos trouxe sobre o papel do educando no processo educativo, pautado na ideia de que a “leitura do mundo precede a leitura da palavra” (FREIRE, 1987, p.11).
"[...] no processo de aprendizagem, só aprende verdadeiramente aquele que se apropria do aprendido, transformando-o em apreendido, [...] Aquele que é “enchido” por outro de conteúdo cuja inteligência não percebe; de conteúdos que contradizem a forma própria de estar em seu mundo, sem que seja desafiado, não aprende". (FREIRE, 1987, p. 28)
Algo significativo para a construção da roda ou círculo de cultura é acreditar que se faz indispensável que o professor tenha internalizado que “a educação é uma forma de intervenção no mundo”. (FREIRE, 1987, p. 98)
Concluí, que a roda ou círculo de cultura é uma rica troca de experiências vividas e relatos do nosso cotidiano, em que podemos aprender uns com os outros e faço minhas palavras, as palavras de Freire (1987, p. 81):
"Como educador preciso ir 'lendo' cada vez melhor a leitura do mundo que os grupos populares com quem trabalho fazem de seu contexto imediato e do maior de que o seu é parte. O que quero dizer é o seguinte: não posso de maneira alguma, nas minhas relações político-pedagógicas com os grupos populares, desconsiderar seu saber de experiência feito".
Entendi que a explicação do mundo de que faz parte é a compreensão de sua própria presença no mundo. E isso sugere o que é a “leitura do mundo” o que precede sempre a “leitura da palavra”.
Freire afirma ainda: “ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo”. (1987, p. 39)
Isso é um fato!
Referências bibliográficas:

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 17ª. ed. 1987.

SOUZA, Helen Danyane Soares Caetano de Souza; SERAFIM, Mônica de Souza. A mediação da LEITURA na educação infantil: onde a leitura de mundo precede a das palavras. In: RODRIGUES, Caroline; SILVA, Cláudia Heloísa Schmeiske da; LOPES, Iveuta Abreu; BERTONI-RICARDO, Stella Maris; MACHADO, Veruska Ribeiro. Leitura e Mediação Pedagógica. v. 30. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. (Série Estratégias de Ensino).

Samantha Mendes Adão Aguiar 
(7º semestre Pedagogia PARFOR)

Nenhum comentário:

Postar um comentário