sábado, 18 de abril de 2015

Um quebra-cabeça: a relação entre leitura e escrita

Não fui à primeira aula de Conteúdo e Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa II, em que a professora propôs a leitura do texto “carta em alemão”. Mas, no outro dia, soube que foram organizados grupos para discutir o assunto.
Confesso que quando peguei o texto fiquei apavorada, pois não tenho domínio de línguas estrangeiras. Me senti como um aluno quando entra para a escola pela primeira vez, sem saber o que fazer. Sentei em frente ao computador e comecei a olhar o texto melhor, pois, sem dúvida nenhuma, fazer sozinha é muito difícil, mas segui em frente, mandei uma mensagem para minha querida amiga Rosinha e ela me explicou como fizeram na sala. Aí percebi que era quase igual a um exercício que a professora Luana nos deu no semestre passado.
Com base na minha prática de professora, compreendo que leitura é muito importante, pois ela é o nosso principal instrumento entre o ensino e aprendizagem. No entanto, para que isso aconteça, é preciso que o aluno leia e dê um sentido ao texto. Paulo Freire, no texto “A importância do ato de ler”, nos explica que a alfabetização precisa acontecer a partir da leitura de mundo do aluno, ou seja, são as palavras já conhecidas oralmente pelas crianças que devem servir de base para as atividades de escrita e posterior leitura na escola, sempre com muito diálogo acompanhando o processo.
Por isso, para fazer a leitura de um texto escrito, é muito importante estabelecer uma relação com o nosso mundo, para que possamos entender o sentido utilizado no texto e para que possamos entender as idéias do autor.
Muitas vezes, nos deparamos com pessoas que leem quando acham uma figura interessante, ou seja, eles só leem quando há figuras, principalmente os jovens, acostumados com a cultura visual da internet, eles aprenderam a associar a figura com o texto com muita rapidez. Sobre a importância da construção do sentido a partir da palavra, Paulo Freire afirma que “o movimento do mundo à palavra e da palavra ao mundo está sempre presente”.
De alguma maneira, porém, podemos ir mais longe e dizer que a leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo, mas por uma certa forma de “escrevê-lo ou de reescrevê-lo” quer dizer, de transformá-lo através de nossa prática consciente.
Para a criança que está iniciando é muito difícil, pois ela não tem o domínio da leitura. Por isso, para a criança gostar de ler o texto, este deve ser próximo de seu conhecimento de mundo e que seja interessante e para que dê prazer, conforme relata Freire: “O ato de ler se veio dando na minha experiência existencial. Primeiro a ‘leitura’ do mundo, do pequeno mundo em que me movia; depois a leitura da palavra que nem sempre, ao longo de minha escolarização, foi a leitura da ‘palavramundo’” (FREIRE, 1989, p. 10, grifos do autor).
Por isso, a criança precisa ser incentivada todos os dias, antes mesmo de qualquer atividade, pois devemos ler com clareza para que ela possa compreender a atividade a ser desenvolvida.
No meu caso, quando precisei escrever sobre a atividade realizada (“a carta em alemão”), pedi ajuda às colegas de sala, pois, para mim, ainda é muito difícil fazer textos longos. Preciso pegar o texto e ler com calma, mas é difícil, pois o corre corre do dia a dia não nos deixa fazer uma leitura tranquila. Nesse sentido, Freire destaca: “Devemos aprender que as barreiras vêm, mas temos que enfrentá-las com coragem e ultrapassá-las, após esse gesto perceberemos o quanto somos capazes de atingir um conhecimento jamais imaginado por nós mesmos”. (FREIRE, 1989, p. 11)
Por isso, é que o professor não deve ficar na mesmice só seguir um livro, deve proporcionar aos seus alunos recortes de revistas, jornais, histórias em quadrinhos para que eles possam acompanhar as atualidades do mundo. Conforme Madelena Freire (1996) afirma: “É nesta busca de significado que o educador estrutura, organiza a consciência do seu viver pedagógico”.
Na terceira etapa desta atividade, a professora nos propôs a leitura de “Observação, registro, reflexão”, de Madalena Freire (1996). A autora nos fala sobre a importância do professor escrever de forma reflexiva, registrando suas atividades cotidianas. Sobre esse aspecto, compreendo que a função do educador é interagir com seus educandos para coordenar a troca na busca do conhecimento. “Aprendemos a refletir estruturando nossas hipóteses ao confronto com as hipóteses do outro [...]”, explica Madalena Freire.
Ainda, segundo Madalena Freire, “a reflexão trabalha o pensamento e o seu registro permite que se supere o mundo das lembranças. Para formar um educador, sob a inspiração deste marco teórico, faz-se necessário resgatar o que este educador sabe, pensa e reflete".
Diante das reflexões que teci, posso afirmar que a professora Rosana, ao propor esta atividade, teve a intencionalidade pedagógica de fazer com que parássemos para refletir e acreditássemos mais em nós mesmos, pois, até então, eu tinha a certeza de que não era capaz de produzir um texto.
Por fim, concluo, como diz o título que dei, resolvendo um quebra-cabeça, reconhecendo que isso é possível, quando se tem textos de Paulo Freire e Madalena Freire, bem como uma Professora que se empenha em nos ensinar e nunca deixar a “nossa peteca cair”, pois sempre tem uma palavra de carinho para com a gente.

Benedita de Fátima Florindo da Silva 
(7º semestre Pedagogia/PARFOR)

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