domingo, 26 de abril de 2015

Círculo de Cultura 1: construção de conhecimento


O presente relatório descreve o "Círculo de Cultura" que foi realizado no dia 30 de março de 2015, na Universidade Católica de Santos, no Campus D. Davi Picão, Rua: Comendador Martins, nº 119, às 19:30, com os alunos do 7º semestre do Curso de Pedagogia Parfor, do período vespertino e noturno, e mediação da professora Rosana Pontes. O Círculo ficou aos cuidados dos alunos, com o objetivo de conhecermos uma metodologia de trabalho pedagógico (FREIRE, 1987), bem como de discutirmos aspectos relacionados ao desenvolvimento da leitura e escrita.
Para a realização da atividade, a sala foi dividida em dois círculos: um para observação (círculo da investigação), e outro para as interações culturais, por meio do diálogo (círculo da cultura). Tudo registrado e filmado, ao encargo do André, aluno da sala.
Em relação à atividade da qual participei, no círculo de investigação, exercitando, conforme Madalena Freire, o “olhar da observação” em sala de aula, tudo começou em clima positivo, os alunos estavam tranquilos e demonstravam autonomia ao problematizarem o texto: A Mediação da LEITURA na Educação Infantil: onde a leitura de mundo precede a leitura das palavras (SOUZA; SERAFIM, 2009). Foram surgindo comentários sobre como os educadores devem lidar, em uma cultura letrada, com o conhecimento de mundo do leitor na Educação Infantil, em processo de alfabetização e letramento.
A socialização da leitura do texto citado, no Círculo de Cultura, ocorreu com perguntas ligadas a ações ao Plano de Desenvolvimento da Educação PDE sobre o aprendizado em leitura, que passou a ser reconhecido como um direito, e a escola com a obrigação de promover o exercício da cidadania, com referência ao ensino da Língua Portuguesa. Essas concepções são complementas pelo Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, documento que orienta o currículo da Educação Infantil.
O grupo socializou respostas a pergunta sobre estratégias de leitura, de como deverá ser trabalhada a alfabetização em escolas beneficiadas por acervo de livros didáticos e infantis e também registros de escolas municipais que não são beneficiadas por materiais que estão disponíveis no site do MEC. Segundo a Profa. Rosana Pontes, na escola municipal onde trabalhou como Diretora, há vasto acervo de livros didáticos variados e de qualidade para as professoras trabalharem com projetos voltados ao domínio da leitura e escrita. Acervo este que também deve ser de livros, jornais, revistas para um repertório intertextual.
De acordo com Soares (2003), os vários tipos e níveis de letramento variam de acordo com o contexto social do indivíduo e sua cultura. Alguns autores propõem a reflexão acerca do uso do termo letramento, no plural.
É interessante reiterar com o texto (SOUZA; SERAFIM, 2009) que o educador atua como mediador para o aluno, interagindo e ajudando-o nas atividades diversificadas de leitura. Nesse processo de mediação, ampliam-se as possibilidades de aprendizagem da linguagem escrita, por meio de um trabalho que propicia situações significativas. Por meio da palavra, a criança amplia seu conhecimento do mundo e aprende a ter a consciência de si própria. E isso significa, para a criança, organizar o mundo e passar a ver, conhecer, a cultura humana e a natureza.
A atividade no “círculo de cultura” nos mostrou que, na Educação Infantil, a prática coletiva de ler na “roda de leitura” é muito importante para os professores e alunos interagirem com livros, revistas, jornais etc., buscando o poder da palavra, de modo que a palavra transforme a realidade da criança. E isso pode acontecer através de um diálogo verdadeiro para a formação de um leitor. 
Do mesmo modo, a importância da relação familiar contribui para que as crianças criem processos de leitura e escrita, em que o professor identifica conhecimentos prévios e os relaciona a novas aprendizagens. Discutir a relação entre professor/aluno sugere reflexões sobre os conteúdos de muitas propostas curriculares contemporâneas, no exercício pedagógico de mudar essa visão do método tradicional, em que o professor depositava conteúdos na reprodução de “práticas bancárias” (FREIRE, 1987) e mudar a pedagogia de hoje para a valorização da criatividade de novas práticas para a alfabetização.
Cito uma reflexão de Madalena Freire (1996) que destaca que o registro escrito é tarefa básica do professor, porque assim poderá dar forma, comunicar o que pensa, para poder refletir, rever, aprofundar, construir o que ainda não conhece, enfim, o que necessita aprender. A grande descoberta, a grande elaboração: dar voz ao aluno, no sentido da sua leitura de mundo, da sua brincadeira, do seu desenho, da sua comunicação em sua própria linguagem, ao modo de contar o que a criança entendeu e desenvolvê-lo em um reconto.
Segundo Paulo Freire (1987), que criticava o sistema tradicional, o qual utilizava a cartilha como ferramenta central da didática para o ensino da leitura e da escrita, está na hora de acordarmos e percebermos que, ao melhorar, é preciso que os educadores se envolvam na realidade do mundo dos educandos, investigando constantemente seu universo.
A atividade com o “Círculo de Cultura” fortaleceu para nós a relação entre prática/teoria e a compreensão de que ambas precisam andar juntas. Por meio do estudo, pude aprimorar meus conhecimentos, compreender as fases do desenvolvimento da criança, observando o desenvolvimento infantil em idades diferentes.
O resultado principal desta atividade foi abrir um espaço de reflexão e permitir a compreensão por todos os envolvidos de que só haverá uma mudança de postura na ação, para promovermos nosso próprio desenvolvimento profissional e as inovações curriculares necessárias na escola, se pudermos construir conhecimentos coletivamente, exercitando o diálogo e a problematização, conforme nos ensina Freire (1987).

Referências Bibliográficas

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 9. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra: 1987.

SOARES, Magda. As muitas facetas da alfabetização. In: Alfabetização e letramento. São Paulo: Contextos, 2003.

SOUZA, Helen Danyane Soares Caetano; SERAFIM, Mônica de Souza. A mediação da LEITURA na educação infantil: onde a leitura de mundo precede a leitura da palavra. In: RODRIGUES, Caroline; SILVA, Cláudia Heloísa Schmeiske da; LOPES, Iveuta Abreu; BERTONI-RICARDO, Stella Maris; MACHADO, Veruska Ribeiro. Leitura e Mediação Pedagógica. v. 30. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. (Série Estratégias de Ensino).

WEFFORT, Madalena Freire. Observação, registro, reflexão. São Paulo: Espaço Pedagógico, 1996. p. 41-43

Maria das Dores Ferreira de Moura 
(7º semestre Pedagogia PARFOR)

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