segunda-feira, 20 de abril de 2015

Por que ler, escrever e refletir são atos tão importantes?

Na nossa primeira aula de Conteúdo e Metodologia de Ensino de Língua Portuguesa ll, a professora nos surpreendeu com uma atividade inusitada, e que, no primeiro momento, me deixou confusa.
Ao me deparar com a atividade que o professora Rosana deu em aula, eu pensei: “como vou fazê-la?”. Tratava-se de um texto escrito em Alemão, fiquei um pouco assustada, pois pensei comigo: “Será que ela vai querer que eu o traduza?”. No entanto, ao me reunir com minhas colegas, minha visão se abriu um pouco, procurei por palavras que me fossem de fácil reconhecimento durante o exercício da leitura. Fui juntando uma palavra com a outra, contando também com ajuda da sala. Esse processo coletivo nos ajudou a compreender muitas coisas: como identificar o idioma, o gênero textual carta e muitas palavras parecidas com o português, portanto, no final, consegui fazer a leitura muito superficial, mas foi uma leitura.
Após a leitura de “A importância do ato de ler”, de Paulo Freire, pude compreender que ler é entender o que está escrito, e interpretar o texto. O que faltou para mim foi o conhecimento da língua. Por ser língua estrangeira, as habilidades usadas foram poucas. 
Para Paulo Freire, “a leitura do mundo precede a leitura da palavra”, e que todos trazem consigo sua experiência de vida para compor essa leitura. A criança tem suas imagens textuais sobre suas vivências afetivas, que vão ajudá-la na composição da “leitura de mundo”. Paulo Freire nos explica que ler é muito mais do que decodificar palavras, é entender significados e construir sentidos, por isso, a leitura precisa ser significativa, para ser entendida por nós leitores. E, hoje, depois desta atividade reflexiva compreendo um pouco mais.
A leitura do texto de Freire me fez relembrar minha iniciação no mundo da leitura e da escrita, e, com isso, avaliei que tive o meu primeiro contato real com a leitura, por meio de romances comprados em bancas de jornal, perto de casa. Juntava dinheiro para poder ter em mãos um pedacinho das histórias que me levavam a lugares que nunca poderia ir. Posso comparar esta experiência com a experiência que Freire relata em seu texto, porque o autor enfoca a antecipação do conhecimento de mundo, a bagagem cultural que o indivíduo adquiriu durante sua vida.
Passei de uma fase que eu abandonei o hábito da leitura por prazer, para outra em que a leitura se tornou obrigação. Talvez, por isso, o meu interpretar seja tão vago, e diante de uma atividade em que fui desafiada a refletir sobre o ato de ler, me senti limitada. Acho que se talvez eu tivesse tido outro passado, e tivesse dado continuidade ao hábito de ler, desde que eu era tão pequena que mal alcançava a carteira da escola, a leitura teria influenciado mais a minha vida. Compreendi isso ao ler Paulo Freire que nos ensina que esse “ato de ler” não se constitui mecanicamente, mas dinamicamente com a construção de todos os saberes existentes dentro deste mundo.
Perco-me em memórias em que nada envolvia a leitura e sim trabalho, como se fosse uma fase que perdi. Freire me ajuda a compreender esta lacuna, quando explica que o desenvolvimento da leitura implica o hábito de ler e de interpretar o que lemos, para, depois, escrever, contar, aumentar os conhecimentos que já temos e de conhecer o que ainda não conhecemos, para melhor interpretar o que acontece na nossa realidade, compreender o sentido das mensagens orais e escritas.
Hoje, me esforço e tento introduzir novamente o prazer de ler, não somente palavras, mas o mundo que conheci através de todas as experiências que vivi.
Para Paulo Freire, de alguma maneira, podemos ir mais longe, e dizer que a leitura da palavra não é precedida apenas pela leitura do mundo, mas por certa forma de escrevê-lo ou de reescrevê-lo, quer dizer de transformá-lo através de nossa prática consciente. 
Segundo Madalena Freire, posso compreender que a professora Rosana nos proporcionou momentos de criar, e buscar “observação, registro e reflexão”. Assim, a professora apoiou-se na teoria do sociointeracionismo, que, segundo Vygotsky, o homem é um ser social que se desenvolve pela interação com seu meio social e seus semelhantes. Na mesma direção pensa Paulo Freire: “o homem é um ser curioso, inacabado e conectivo”, isto é, em constante conexão com o outro e o mundo. Nesta atividade, então, aliamos o nosso pensamento com o dos outros: nossos colegas de classe, durante o exercício com a carta em alemão, feita em sala de aula; bem como os autores lidos para a elaboração desta síntese reflexiva.
Até a professora orientar esta atividade, não tinha me conscientizado da importância de registrar momentos com meus pequenos, talvez por não me dar conta que as crianças estão sempre formulando ideias fantásticas sobre o mundo. De acordo com Madalena Freire, o registro reflexivo elaborado pelo professor será sempre um importante instrumento metodológico de observação da prática docente e de autoformação.
Espero que eu possa usar esta dinâmica com os meus alunos, sempre incentivando-os, e mostrando para eles o prazer da leitura e da escrita, com carinho, e paciência, esquecendo-me, para sempre, da minha pobre trajetória com a leitura e a escrita.

Maria Rosimeire de Almeida Ribeiro 
(7º semestre Pedagogia PARFOR)

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