sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Currículo e Didática: a parceria entre professor e aluno




Há muitos estudos na área do Currículo que identificam preocupações e aflições de como o Currículo deve ser elaborado e implementado corretamente nas instituições educacionais atuais, mesmo este sendo definido pelas Diretrizes Curriculares Nacionais. Em muitos casos, a indagação principal é entender o que é o currículo.
A discussão sobre currículo escolar fomentada pelos pedagogos, dentre eles o professor da UFRGS, Alfredo Veiga Neto, aponta que o grande problema do currículo atual é ajustá-lo para que acompanhe as rápidas transformações e desenvolvimento correntes no mundo contemporâneo, cujas informações são atualizadas frequentemente e exigem cada vez mais conhecimento dos alunos.
Outra questão não menos importante e de âmbito nacional, debatida no "Programa Salto para o Futuro", exibido pela TV Escola, sobre o tema “Currículo: conhecimento e cultura”, é a dúvida de como se deve planejar um currículo em um país cujas dimensões são continentais e que possui uma ampla variedade étnica-cultural. Segundo os professores Alfredo Veiga Neto e Jane Felipe, da UFRGS, o impasse deste caso é ocasionado pelas instituições não saberem lidar com a forma de integrar estas disparidades culturais. Uma das questões levantadas pelos convidados é que se deve focar mais na região em que se está inserido ou se todas as regiões devem abranger um caráter único? A única certeza é que é necessário problematizar todas as questões que envolvam as características específicas dos alunos em seu espaço social.
Como dito pela professora Nereide Saviani, UniSantos, o desafio maior é garantir uma igualdade de condições de negociação na base curricular, de forma que seja estabelecido um entendimento entre as características de cada sala de aula, que saiba integrar também os diversos campos disciplinares com o cotidiano escolar e que eles se relacionem entre si, criando uma multi-interdisciplinaridade. É importante ressaltar, ainda, que essas instituições potencializem a produção intelectual dos alunos, de acordo com seus graus de inteligência, possibilitando o desenvolvimento de suas individualidades em uma ampla e ativa participação na sociedade, como proposto por Howard Gardner.
Estendendo a discussão para a área da Didática, com base nos depoimentos dos pesquisadores que participaram do XVIII Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino, em Cuiabá, em agosto de 2016, é possível compreender que esse campo de estudo tem como significado a arte de construir conhecimentos ou a técnica de ensinar. É um ramo da Pedagogia que orienta a atividade educativa, de modo a torná-la mais eficaz. Considerando, portanto, que é na sala de aula que o currículo é posto em prática, a Didática assume grande relevância.
Como dito por importantes didatas brasileiros que participaram do ENDIPE, durante a ditadura militar, o ensino era muito rígido, com inúmeras imposições de autoritarismo e centralização na sala de aula. Havia a desmotivação, tanto por parte dos alunos quanto por parte dos professores, devido à falta de articulação em que a educação se encontrava.
Professores de Didática e práticas de ensino das mais variadas áreas, a partir de 1979, começaram a entrar no plano educacional para pensar e superar os limites impostos pela educação no período ditatorial. Poucos eram aqueles que possuíam pós-graduação devido à falta de valor atribuída a ela e, com este advento, uma nova condição profissionalizante se tornou possível.
Ainda que os professores do período citado anteriormente possuíssem dúvidas geradas por falta de clareza sobre as Diretrizes Curriculares, iniciou-se um processo de reflexão sobre os problemas da realidade educacional.
A consolidação de um espaço político educacional reconhecido fez com que professores e estudantes articulassem ideias e posicionamentos. O campo educativo passou de uma imposição de conteúdo para o início de uma discussão de múltiplas dimensões do fazer e do ensinar, superando uma concepção tecnicista de professor transmissor de conhecimento e aluno passivo receptor de conhecimento, em prol de uma articulação entre ensino e aprendizagem mais humanizada, em que professor e aluno tornam-se parceiros durante o ato didático.
Vinculando os fundamentos propostos nos dois documentários, é possível compreender que o currículo é um documento que tem por objetivo organizar as propostas pedagógicas das instituições de ensino. Serve para fomentar o desenvolvimento de competências e habilidades, organizar os componentes curriculares que serão lecionados e é configurado localmente pelo Projeto Político Pedagógico de cada instituição de ensino.
A Didática, por sua vez, estuda os diferentes processos de ensino e aprendizagem nos complexos educacionais. Ela possui como objetivo ensinar técnicas e métodos que possibilitem a aprendizagem do aluno, por parte de um intermediário, o professor. Em seu sentido literal, significa técnica ou arte de ensinar.
Portanto, a relação estabelecida entre o currículo e o plano de ensino proposto pelo professor, assim como a maneira como os conteúdos disciplinares são trabalhados, torna-se uma construção do conhecimento entre professor e aluno, é a forma como o ensino e a aprendizagem são aplicados, seguindo as condições preestabelecidas do currículo, juntamente com uma boa didática. É possível, então, concluir que o ato de ensinar é o modo de como o professor coloca o currículo em ação.

Referências bibliográficas:

PROGRAMA SALTO PARA O FUTURO, Tema “Currículo: Conhecimento e cultura”.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=elqdmXCGVAw&feature=youtu.be>. Acesso em: 21/09/2016.

ENDIPE 2016 – XVIII ENDIPE – Cuiabá-MT.
Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=6IWS15WpYQQ&feature=youtu.be>. Acesso em: 21/09/2016.

Arthur Pérez Aguiar - Ciências Biológicas 2º semestre/2016

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