sábado, 1 de outubro de 2016

A interdependência entre Currículo e Didática


Conforme o Programa Salto para o Futuro, da TV Escola, produzido em 2013, sobre o tema “Currículo Escolar: conhecimento e cultura”, no mundo contemporâneo, a área do currículo possui várias incertezas, que geram discussões.
Essas discussões, envolvendo a área do currículo, podem, de acordo com os professores Alfredo Veiga Neto, da UFRS, e Maura Corsine, da UNISINOS, serem divididas em dois eixos: a heterogeneidade cultural das escolas, e como relacionar as disciplinas básicas (Matemática, Português, História...) com o cotidiano da escola.
Elma Sã, professora da USP, acredita que a construção do currículo escolar possui uma relação estreita com a melhoria da qualidade de ensino e deveria, ao invés de se concentrar em testes de resultados e eficiência, focar nas áreas de conhecimento em que o aluno pode desenvolver suas capacidades. 
De acordo com Alda Junqueira, professora da PUC, o currículo deveria ser abordado nas escolas e nos cursos de formação de professor. Existe também a questão da dificuldade de igualdade dos professores perante a negociação curricular, de acordo com as professoras Nereide Saviani, da UNISANTOS, e Jane Felipe, da UFRS, assim também como incluir no currículo suas capacidades e competências.
No Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino de 2016, XVIII ENDIPE, em Cuiabá/MT, foram repensados valores oprimidos na época da ditadura militar brasileira, que foi um período que prejudicou a Didática.
Conforme os professores entrevistados, como Maria Isabel de Almeida, da USP, nessa época, os professores eram muito censurados e pressionados, logo não conseguiam exercer suas funções de educadores com autonomia e liberdade. 
De acordo com Maria Isabel da Cunha, professora da UNISINOS, em 1979, existiam poucos programas de pós-graduação e quase nenhum de doutorado no Brasil; só existiam os cursos de mestrado. Era uma época em que todos esses cursos não possuíam valor. Como acontecia a reabertura política, houve a revisão dos métodos de ensino, por parte dos educadores. 
Em 1977, segundo Eduardo Adolfo Terrazan, professor da UFSM, aconteceram greves nas escolas estaduais, período histórico, em que Paulo Maluf era governador. Foi um tempo de decadência do ensino público em São Paulo; a greve falhou e os salários decaíram.
Somente em 1996, foi aprovada a atual lei de Diretrizes de Bases n. 9.394. Houve, então, a criação de cursos de pós-graduação que promoveram reflexões sobre a realidade, de acordo com Selma Garrido, professora da USP e UNISANTOS.
Muitos educadores, como o professor José Carlos Libâneo, da PUC-GO, foram forçados a se afastar das escolas, por serem caçados pela Ditadura, em virtude de fazerem parte de movimentos políticos e estudantis. Foram 25 anos de limitações, de acordo com a professora Maria Amélia do Rosário Santoro Franco, da UniSantos, um período em que existia o tecnicismo adentrando o ensino, ou seja, uma educação que privilegiava a técnica pela técnica, a cópia, a repetição, a memorização, em detrimento do pensar. Existia a limitação política; o que se deve falar, o que fazer, e o que pensar; e a limitação educacional, em que não se podia mais fazer reflexões, era só que os professores ensinassem os alunos técnicas pré-programadas, a crítica e a reflexão foram “banidas” das práticas de ensino.
Todos os educadores dos dois vídeos concordaram que o currículo deveria ser uma das áreas abordadas nas escolas. O currículo em si, como construir o documento, e para que serve o mesmo, deveria ser assunto discutido nas escolas e na formação dos professores. É possível compreender, a partir das discussões apresentadas, que existe uma interdependência entre Currículo e Didática. Um não existe sem o outro, pois é na sala de aula que o professor desenvolve os conteúdos curriculares, por meio da didática. Por isso, "ensinar a ensinar" deve ser um elemento central nos cursos de formação de professores.

Gustavo Lara - Ciência Biológicas 2º semestre/2016

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