terça-feira, 4 de outubro de 2016

Currículo e Didática: a construção de uma estrada segura para transitar



De acordo com o encontro de pesquisadores da área da educação, no programa "Salto para o Futuro", exibido pela TV Escola, em 2013, sobre o tema "Currículo Escolar: conhecimento e cultura", um currículo escolar precisa ser elaborado, atendendo aspectos que contemplem tanto a pluralidade cultural, quanto os conteúdos disciplinares construídos historicamente. 
Segundo o prof. Antonio Flávio Moreira, deve-se observar os desafios de como articular os campos múltiplos do saber com o cotidiano. Já a profa. Vera Candau se preocupa em como inserir as diferenças, o pluralismo e a forma de negociação das diferenças para integralizar a todos. E o prof. Luiz Antonio Cunha entende que o professor está isolado e que a ênfase no comum, no uniforme, indo de encontro com a diversidade cultural pode tender a uma fraude pedagógica entre o laico e o religioso; a ciência e o mito. 
Discute-se também a necessidade ou não do currículo conter disciplinas que abordem questões multi-interculturais, que tenham dimensão macro e tornem o aluno não só um depósito de conhecimentos pelo professor, mas também um cidadão pensante e consciente dentro da sociedade. 
Trazendo a discussão para o campo da Didática, o vídeo de abertura do XVIII ENDIPE – Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino, realizado em Cuiabá, em agosto de 2016, apresenta depoimentos de inúmeros didatas brasileiros renomados que relatam a trajetória da Didática desde o período militar. 
O período de domínio da Ditadura Militar é diferenciado por sofrer forte influência das ideologias antagônicas de então. Um governo que direcionava e fazia patrulhamento das ideias e ideais dos professores, massacrando e, às vezes, doutrinando o ensino de então para temas de alienação e nacionalismo exagerado.
Dava-se ênfase aos cursos profissionalizantes e à alfabetização a qualquer custo, via MOBRAL, causando uma super população nas escolas, utilizando o mesmo espaço com um rodízio de alunos, diminuindo a carga horária e a consequente perda de conteúdo, piorando a qualidade do ensino. Quando se nota essa perda de qualidade, a recuperação que se quer obter, além de tardia, não é alcançada, ainda apesar de muito esforço, o mínimo desejável. Há uma melhora desde então, mas longe dos índices comparativos internacionais (de IDH). 
Usando uma metáfora, o currículo é a estrada e a didática são os veículos que rodam nela. O currículo deve ter planejamento do conteúdo, os materiais, recursos e realizar os objetivos a se buscar. A didática é a estratégia que se vai utilizar para obter esses objetivos dando a melhor técnica aos recursos oferecidos. O processo pedagógico é mutante e deve se adequar às características regionais e articular campos múltiplos de saber com o cotidiano da escola.
Voltando à estrada, se é bem pavimentada e sinalizada, qualquer veículo em boas condições deve transitar por ela sem sustos. Vai depender da potência ou preparação desse motor para se chegar ao destino/objetivo. Ou seja, se o professor tiver uma boa formação, compreenderá o que é currículo e saberá conduzir suas aulas da melhor forma didática possível.

Débora Vezzali Rico - Letras 2º semestre 2016

Nenhum comentário:

Postar um comentário