Operários - Quadro de Tarcila do Amaral
No entanto, seu método não era singular apenas devido à abordagem inovadora de sua metodologia para alfabetização (como, por exemplo, o uso das “palavras geradoras” para o estudo das sílabas), mas também, e sobretudo, pela sua concepção do significado da educação.
Educação deve ser vista como a capacitação da massa para executar funções exigidas pelo mercado (como aparentemente é concebida e implementada hoje)?
Ou deve ser instrumento de autonomia, autoconhecimento e reflexão sobre a realidade para a busca da felicidade, da transformação pessoal e do mundo?
Paulo Freire concebia a educação não como mera transmissão de dados para uma massa uniforme, mas como instrumento de protagonismo, conhecimento e transformação da realidade dos educandos. A “leitura do mundo” precede a leitura das palavras, por isso não se deve ignorar a leitura de mundo dos educandos.
Seu método de alfabetização parte da seleção de palavras que fazem parte da realidade dos alunos, passa pelo estudo dos seus significados e culmina com a problematização, que é a reflexão sobre esta realidade, para que possa ser transformada.
Organizados em “círculos de cultura”, educadores e educandos trocam e constroem o conhecimento em oposição à sala de aula habitual, na qual há uma hierarquia clara entre aquele que ensina, detentor de um conhecimento que deve ser transmitido e os alunos, que devem assimilar o conhecimento ainda que este não faça parte de sua realidade, nada signifique para eles, ou que simplesmente ignore suas aspirações.
Por ser calcado numa visão marxista, que reconhece que existem excluídos, que reconhece que existem sistemas de dominação, que reconhece a influência do meio sobre o homem e a influência transformadora do homem sobre o meio, que visa à libertação por meio da reflexão durante a apreensão do conhecimento, o método de Paulo Freire angaria não apenas simpatizantes no Brasil e em inúmeros países do globo, mas também opositores ferrenhos. Durante a ditadura militar, houve franco combate ao método e o desmantelamento dos núcleos de cultura, em favor de métodos supostamente “neutros” politicamente. Na prática, os excluídos, os historicamente abandonados, os alienados, assim permaneceram, e a escola ainda é vista como um ambiente triste, desinteressante pela maioria dos alunos.
Organizados em “círculos de cultura”, educadores e educandos trocam e constroem o conhecimento em oposição à sala de aula habitual, na qual há uma hierarquia clara entre aquele que ensina, detentor de um conhecimento que deve ser transmitido e os alunos, que devem assimilar o conhecimento ainda que este não faça parte de sua realidade, nada signifique para eles, ou que simplesmente ignore suas aspirações.
Por ser calcado numa visão marxista, que reconhece que existem excluídos, que reconhece que existem sistemas de dominação, que reconhece a influência do meio sobre o homem e a influência transformadora do homem sobre o meio, que visa à libertação por meio da reflexão durante a apreensão do conhecimento, o método de Paulo Freire angaria não apenas simpatizantes no Brasil e em inúmeros países do globo, mas também opositores ferrenhos. Durante a ditadura militar, houve franco combate ao método e o desmantelamento dos núcleos de cultura, em favor de métodos supostamente “neutros” politicamente. Na prática, os excluídos, os historicamente abandonados, os alienados, assim permaneceram, e a escola ainda é vista como um ambiente triste, desinteressante pela maioria dos alunos.
Não se trata, portanto, de mera discussão sobre a eficácia ou não de um método de alfabetização de adultos, mas de reflexão sobre que tipo de educação queremos e como implementá-la, que tipo de sociedade queremos, que tipo de cidadãos queremos, e qual o papel da escola, da família e da sociedade neste processo.
Carlos Guilherme Teixeira Curi - Ciências Biológicas
Carlos Guilherme Teixeira Curi - Ciências Biológicas
(2º semestre 2015-2)
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