Acredito que o esforço da professora ao planejar essa atividade foi contemplado, porque a atividade se desdobra em três partes, exigindo diferentes ações dos alunos: a leitura do texto com compreensão; discussão por meio do diálogo; e sintetização reflexiva sobre as avaliações de seu resultado. Conceituei como excelente tal estratégia.
Quanto à leitura do texto, observei que nem todos os envolvidos tinham a mesma propriedade na hora de discuti-lo, talvez por falta de compreensão, timidez, dificuldade de se expressar etc. Contudo, não avalio esse fato como negativo, considerando a diversidade da nossa sala e, ainda comparando à teoria de Paulo Freire (1987), a qual defende o conhecimento de cada um e seu direito de construí-lo e reconstruí-lo. Sendo assim, a aprendizagem aconteceu, senão pela boca, por meio dos ouvidos, porque dialogar não é só saber falar, mas sobretudo saber ouvir. E o mais importante, nesse contexto, é que todos tiveram a mesma oportunidade.
No tocante ao desenvolvimento da atividade, percebi que o tema gerador era e é de interesse de todos os presentes, já que a mediação do professor é considerada fundamental no âmbito educacional, incluindo aqui os processos e mecanismos de leitura que, em nossa realidade escolar, são pouco valorizados. Percebemos a importância da mediação da leitura pelo professor além das nossas vivências pessoais, por meio da discussão do texto que revela, na pesquisa realizada, o desempenho de uma aluna em leitura. Com isso, o grupo pôde analisar as dificuldades enfrentadas pelos estudantes quando o assunto é leitura compreensiva, evidenciando que tal habilidade exige muito mais do que saber ler e escrever. Necessita que se saiba compreender o que está sendo lido e inferir o que está nas entrelinhas, o leitor precisa de um repertório experimentado para se posicionar e associá-lo ao ensinamento que está sendo construído. Sendo assim, a tematização e a problematização a que Paulo Freire se reporta em sua teoria foi praticada pela classe, tendo em vista que o tema escolhido é do interesse de todos e as dificuldades para praticar a leitura, de igual modo, trazem à tona as defasagens no processo escolar.
No que tange aos princípios da teoria freireana, sua importância e viabilidade na educação básica, depende do posicionamento do professor em relação ao outro, por isso considero dois aspectos relevantes sobre este profissional: quando o professor acredita que faz parte do mundo e quando o professor acha que o mundo não pode existir sem ele.
A primeira visão leva o profissional a buscar o melhor resultado do aluno, mesmo que lhe exija maior empenho, porque ele é solidário e afetuoso, sabe que o aluno necessita daquela peça para completar o quebra-cabeça que é viver com autonomia em nossa sociedade; ele acredita que o aluno tem potencial para atingir o objetivo e medeia as ações para que ele se aproprie dos conhecimentos. Por isso, ele ouve, discute e soluciona os problemas.
Em contrapartida, o profissional “deus” ignora a importância de seu papel e finge não precisar atuar com seu aluno, descartando toda e qualquer possibilidade de promoção à educação com argumentos em que o foco principal de sua atuação nunca é no aluno, mas na gestão escolar de qual faz parte, no programa do governo que é sempre inviável, na falta de estrutura da escola, no baixo nível de estudo das famílias da comunidade etc.
Enfim, utilizar os princípios teorizados por Paulo Freire é dar significado para a existência do aluno e, em seguida, trazer sentido para a busca dos conhecimentos propostos pela escola, incentivando-o em todos os momentos de aprendizagem para a conquista de uma formação cidadã condizente com a nossa realidade social. Quanto a sua viabilidade, acredito que dependa do professor, porque as estratégias que dão melhores resultados requerem muito trabalho desse profissional. Ele precisará usar da reflexão desde o planejamento até a conclusão de seu fazer pedagógico. Acredito ser um ótimo desafio para os que veem sua profissão como transformadora e capaz de garantir a autonomia tão almejada.
Para finalizar, quero relatar minha opinião sobre o uso didático dos princípios freireanos. Acredito que podem ser adotados de forma bem sucedida em todas as esferas da educação, tomando como exemplo esta atividade, desde a sua escolha, percorrendo por seu planejamento, tomando corpo em sua execução, até sua avaliação. Vimos aqui que, por meio da mediação, todo ensinamento tornou-se conhecimento e o uso das estratégias de Paulo Freire trouxe qualidade para esta aprendizagem.
Referências bibliográficas:
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 17ª. ed. 1987.
FREITAS, Vera Aparecida de Lucas. Mediação: estratégia facilitadora da compreensão LEITORA. In: RODRIGUES, Caroline; SILVA, Cláudia Heloísa Schmeiske da; LOPES, Iveuta Abreu; BERTONI-RICARDO, Stella Maris; MACHADO, Veruska Ribeiro. Leitura e Mediação Pedagógica. v. 30. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. (Série Estratégias de Ensino).
Edina de Oliveira (7º semestre Pedagogia PARFOR)
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